E no dia em que a Petrobras divulgou o mais desastroso balanço de sua
história nos últimos 50 anos, o Diário Oficial da União circulou com
decretos assinados pela presidente Dilma Rousseff criando o Dia Nacional
do Milho, o Dia Nacional do Técnico Agrícola, o Dia Nacional da
Parteira Tradicional e o Dia Nacional da Vigilância Sanitária. A
parteira não tradicional talvez venha a merecer seu dia.
Em seguida, Dilma embarcou para a Costa Rica onde se celebra a III
Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos. Em
discurso maçante, alertou seus colegas para a crise econômica mundial,
algo que certamente escapava ao conhecimento deles. E elogiou seu
próprio governo, como de hábito. Sim, falou do programa Minha Casa,
Minha Vida.
Quanto à manutenção à frente da Petrobras da atual diretoria nomeada
por ela, Dilma não disse uma única palavra. Nem os jornalistas tiveram a
chance de perguntar a respeito. A última vez que a presidente conversou
com eles foi às vésperas do Natal do ano passado. Desde então ela os
evita para escapar a perguntas embaraçosas. As perguntas se acumulam.
Somente ontem, com a queda de mais de dez pontos percentuais no valor
de suas ações, a Petrobras encolheu quase R$ 14 bilhões. Lula se elegeu,
se reelegeu e elegeu Dilma dizendo que a oposição, mais precisamente o
PSDB de Fernando Henrique Cardoso, planejava privatizar a Petrobras caso
voltasse ao poder. O PT fez diferente: afundou a Petrobras. E a tudo
assistimos desinteressados.
A direção da empresa emitiu dois poderosos sinais negativos para o
mercado. Não consegue calcular o valor dos ativos da Petrobras. Nem o
valor do estrago produzido pela corrupção. Um balanço assim é tudo menos
um balanço que mereça crédito. De resto, é um balanço que não foi
auditado por técnicos independentes. Que crédito merece a palavra da
atual diretoria da Petrobras?
Ela já deveria ter sido demitida há muito tempo. Não foi e dificilmente
será porque Graça Foster, a presidente da Petrobras, é amiga querida de
Dilma. Que precisa dela dentro da empresa para evitar que algo venha a
atingi-la no futuro. Ou a Lula. Graça é militante de carteirinha do PT.
Carrega três estrelas tatuadas em um dos seus antebraços, duas pintadas
de vermelho.
A redução anunciada de investimentos da empresa para este ano, somada à
redução de investimentos das 23 empreiteiras envolvidas com a Operação
Lavo-Jato, poderá representar uma contração de quase dois pontos
percentuais na economia do país. Quem pagará uma conta monstruosa como
essa? Ora, cada um de nós. O Estado é o maior acionista da Petrobras.
Somos nós que o mantemos.
O otário (Imagem: Arquivo Google)
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