O marinheiro de primeira viagem já passou por isso. Você está no
açougue, olhando todos aqueles pedaços e nomes de carne. Para que servem
cada um deles? Qual eu levo para fazer um picadinho? E a carne de
panela da vovó, com que peça é feita?
Para acabar com essas e
outras dúvidas, consultamos especialistas no assunto para localizar os
cortes bovinos mais populares e apontar as melhores aplicações para cada
um deles.
Embora algumas pessoas ainda falem em carne "de
primeira" e "de segunda", essa classificação foi abandonada, já que não
reflete a qualidade do corte, mas sim à quantidade de colágeno que cada
um apresenta. "A primeira categoria tem pouco colágeno, a segunda um
pouco mais e a terceira tem bastante", diz Alain Poletto, chef e sócio
do Bistrot de Paris.
No entanto, sua quantidade na carne não é algo que se veja a olho nu.
Portanto, na hora de comprar, escolha a peça de acordo com a receita que
vai fazer e observe a aparência: a carne deve estar fresca, firme e
tenra, com uma cor vermelha intensa e uniforme, isto é, sem manchas. Uma
boa embalagem e um rótulo completo, onde constem procedência, tipo e
datas, também são bons indicativos de controle de qualidade.
Veja a seguir os principais cortes e os preparos adequados para cada um deles:
1 – Músculo dianteiro:
um dos cortes mais saudáveis do boi, é uma carne fibrosa, saborosa,
pobre em gordura, mas rica em colágeno. Seu cozimento pede bastante
calor e umidade, sendo indicado para sopas, caldos de carne e carne de
panela.
2 – Peito: possui uma gordura
superficial que impede o ressecamento da carne durante o longo tempo de
cozimento exigido. Pode ser usado em caldos, sopas, refogados e cozidos
em molho.
3 – Pescoço: sendo a continuação do
peito, é uma carne semelhante, que pode ser usada nos mesmos preparos. É
um corte que requer cozimento longo e é indicado para ensopados,
cozidos e caldos.
4 – Acém: é o maior e mais
macio dos cortes dianteiros do boi. É uma carne relativamente magra, que
requer bastante calor e umidade durante o cozimento e fica boa em
ensopados, cozidos de panela e picadinhos.
5 – Cupim:
situada no dorso de bois zebuínos originários da Índia, essa carne é
fartamente entremeada de gordura e tem sabor único e acentuado. É um
corte praticamente desconhecido nos países da Europa, nos Estados Unidos
e nos vizinhos Uruguai e Argentina, onde se criam apenas raças
europeias. Pede cozimento lento, preferencialmente enrolado em celofane
culinário, para que se mantenham os sucos da carne.
6 – Paleta:
da pata dianteira do boi, retiram-se três cortes, o peixinho, a raquete
e o miolo de paleta. Menos nobres, são carnes suculentas e saborosas,
mas que pedem cozimento lento e longo. São cortes indicados para o
preparo de picadinhos e cozidos de panela.
7 – Capa de filé:
é uma carne saborosa e com médio grau de dureza. Com grande quantidade
de nervos e espessa camada de gordura, exige bastante tempo de
cozimento. Indicada para ser usada moída, em ensopados e picadinhos.
8 – Filé de costela:
também conhecida como costela de ripa ou filé de costela, é a carne que
reveste a parte superior da caixa torácica do boi. Com ossos maiores e
mais largos, é um corte saboroso que requer longo cozimento, seja no
fogão ou na churrasqueira.
9 – Aba do filé: também conhecida como bife do vazio. Por ser uma carne extremamente enervada, é própria para ser preparada moída.
10 – Ponta de agulha:
também conhecida como costela de minga, é a carne que reveste as
últimas costelas do boi e pertence à categoria dos cortes com mais
colágeno. É melhor aproveitada moída ou na churrasqueira.
11 – Contrafilé:
também conhecido como entrecôte e bife chorizo, é uma peça grande de
onde se origina a bisteca. É ideal para fazer bifes, medalhões e
rosbife, podendo ser grelhado no fogão ou na churrasqueira, em alta temperatura e por pouco tempo. Deve ser servido mal passado ou ao ponto.
12 – Filé mignon:
é o mais macio dos cortes bovinos e tem sabor menos acentuado que seus
"vizinhos" alcatra e contrafilé. A peça é um músculo liso e comprido,
sem nervos, fibras ou gorduras. Ideal para bifes altos como o tournedor e
o medalhão, também pode ser empregado em rosbifes, picadinhos,
estrogonofe, assados e refogados.
13 – Fraldinha: localizada na lateral do boi, é uma peça pequena, porém muito suculenta e macia, apropriada para a churrasqueira, mas também para cozidos de panela, estrogonofe e espetinhos.
14 – Maminha:
corte retirado da alcatra, famoso pela maciez, suculência e sabor
suave. É uma carne indicada para assados na churrasqueira e no fogão e
cozidos de panela.
15 – Alcatra: junto com
filé mignon, o contrafilé e a picanha, essa carne faz parte do quarteto
nobre das carnes bovinas. É um corte magro e saboroso, do qual se
originam outros cinco cortes: a picanha, a maminha, o miolo de alcatra
ou baby beef, o tender steak e o top sirloin.
16 – Picanha: criado
na década de 1970, é um corte caracterizado pelo sabor acentuado e
maciez, garantidos pela camada de gordura externa que o reveste. Famosa
no churrasco, também se presta ao preparo de cozidos e assados no forno e na panela.
17 – Patinho:
carne magra, com fibras macias, ideal para bife a milanesa, escalopes e
carne moída, mas pode ser usada também em cozidos, ensopados e
picadinhos.
18 – Coxão mole: também conhecido
como chã de dentro, é um corte macio ideal para assados, ensopados,
picadinhos, escalopes, bife a milanesa ou para carne moída.
19 – Lagarto: localizada
na parte traseira do boi, é a peça que separa o coxão duro do coxão
mole. Com fibras longas e duras e gordura externa, é uma carne saborosa e
versátil, mas pouco suculenta, ideal para assados e cozidos,
preferencialmente com molho.
20 – Coxão duro:
também conhecido como chã de fora, é um corte com fibras mais duras e
necessita de cozimento mais longo. Apropriado para o preparo de carnes
recheadas, cozidos de panela e rosbife, ou moído em refogados e molhos.
21 – Músculo traseiro: é dessa peça que se extrai o ossobuco, famoso corte redondo, com osso e tutano, que deve ser cozido lenta e longamente.
Além de todos esses cortes, que são os mais populares nos açougues e
mesas do Brasil, há ainda os chamados miúdos. Trata-se do grupo que
engloba os órgãos internos do boi, como fígado, língua, rim, coração e
miolo, mais o rabo. Com diferentes sabores e texturas, requerem cuidados
especiais de limpeza ou preparo, e sua utilização varia conforma a
região e a cultura local.
Fontes: Instituto de capacitação profissional CPT – Centro de Produções Técnicas; SIC – Serviço de Informações da Carne;
Livro "Carne & Cia", Nancy de Pilla Montebello e Wilma Maria Coelho
Araújo, Editora Senac; Livro "Carnes com prazer", Ivo Camargo, Dash
Editora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O Blog Olhar de Coruja deseja ao novo Presidente Jair Messias Bolsonaro tenha grande êxito no comando do nosso País.