16 janeiro, 2015

Policial sugere que ex-diretor enterrou dinheiro em piscina

Escândalo na Petrobras




Em seu depoimento à Polícia Federal, o policial afastado Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca, disse ter ''ouvido'' que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa teria aterrado uma piscina em sua casa, no Rio de Janeiro, para guardar dinheiro. 
 

Ainda não é possível saber o que os investigadores fizeram com a vaga informação fornecida por Careca. Mas uma comparação entre imagens aéreas antigas e recentes do local mostra que, de fato, uma piscina desapareceu do imóvel de Costa, que fica num condomínio na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio). 


No local onde havia um nítido quadrado azul rodeado de um piso claro, bem na entrada de sua residência, há agora só um gramado plano. 


Conforme o histórico de imagens de satélite do Google Earth, recurso disponível para quem faz download da ferramenta, a casa de Costa ainda era equipada com a piscina em 17 de setembro de 2009. A imagem mais nítida da piscina, feita três meses antes, é a que ilustra esta reportagem (confira abaixo). 


Em 18 de janeiro de 2010, porém, a piscina já não estava mais lá. Nesta quinta-feira (15), a Folha sobrevoou o local. Na foto mais recente, feita pela reportagem, também só é possível identificar um gramado. 


Preso na sétima etapa da Operação Lava Jato, em novembro, mas já em liberdade, Careca trabalhava como carregador de dinheiro para o doleiro Alberto Youssef, detido até agora. 


Ele respondeu questionamentos sobre o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras no dia 18 de novembro. 


CONTATO
 

No depoimento, disse que não mantinha contato com Costa, mas com seu genro, Márcio Lewkowicz. "Conheço o Márcio da loja de móveis que ele tem em Ipanema. Era a pessoa para quem eu entregava o dinheiro", disse. 


O agente federal afirmou ter entregue ''umas seis vezes'' dinheiro ao genro de Costa, mas não soube informar os valores. Ele negou frequentar a casa do ex-diretor da Petrobras: "Não sei nem onde fica'', afirmou. 


Indagado sobre o local onde Costa guardava o dinheiro que lhe era entregue através do genro, disse supor que os montantes eram levados para casa. Foi aí que o policial, voluntariamente, levantou a questão da piscina. 


"Posso acrescentar que já ouvi informações que, antes de sua prisão, Paulo Roberto possuía uma piscina em sua residência na Barra da Tijuca, onde está preso atualmente. Ouvi dizer que a mesma foi aterrada antes da sua prisão e que possivelmente ele teria guardado valores onde existia a piscina", afirmou. 


Costa foi preso na Operação Lava Jato, mas deixou a cadeia após firmar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal no ano passado. 


Atualmente ele cumpre prisão domiciliar em sua casa –agora desprovida de piscina– na Barra da Tijuca. O imóvel foi comprado por ele em julho em 2002. 


A Folha procurou o advogado de Costa, João Mestieri, para comentar a declaração de Careca. Na quarta (14), ele disse que só falaria com seu cliente no dia seguinte e faria o possível para dar algum esclarecimento à reportagem. 


Nesta quinta, ele não respondeu aos recados deixados em seu escritório, no celular e em seu e-mail.


A assessoria de imprensa do advogado também não respondeu. A Folha não localizou o genro de Costa. 


DEPOIMENTOS
 

Para transportar dinheiro a mando de Youssef, Careca costumava usar as credenciais de policial, uma forma de dissipar suspeitas. Ele fazia isso em malas, maletas e até no próprio corpo.


O ex-policial prestou três depoimentos à PF em novembro. Em um deles, revelado pela Folha na semana passada, citou o nome de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dizendo que Youssef teria lhe mandado entregar dinheiro numa casa que seria do deputado. 


No mesmo depoimento, Careca disse também que entregou R$ 1 milhão ao senador eleito Antonio Anastasia (PSDB-MG). 


Tanto Anastasia quanto Eduardo Cunha negaram participação no esquema. Disseram que sequer conhecem Careca ou Youssef. 


Na segunda (12), o advogado do doleiro, Antônio Figueiredo Basto, disse que seu cliente não teve "negócios" com o tucano nem com o deputado peemedebista. 



Editoria de Arte/Folhapress



FOLHA

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