A Nasa alerta: um asteroide com significativo meio quilômetro de
diâmetro passará “de raspão” pela Terra no dia 26 de janeiro. Mas,
antes que comecem a inventar lendas urbanas, a agência espacial
americana avisa que não há o menor risco de colisão. Ele voará cerca de
três vezes mais afastado do nosso planeta que a Lua, distância
equivalente a 1,2 milhão de quilômetros.
O asteroide é conhecido pela sigla 2004 BL86 e os astrônomos poderão
conhecê-lo melhor conforme ele passar por nossas redondezas. “Embora não
ofereça perigo à Terra, é uma aproximação relativamente grande por um
asteroide relativamente grande, de forma que ele fornecerá uma
oportunidade singular para observarmos e aprendermos mais”, diz Don
Yeomans, cientista que está prestes a se aposentar, depois de comandar
por 16 anos o programa de objetos próximos à Terra da Nasa.
Meio quilômetro de diâmetro é um senhor diâmetro. Não custa lembrar
que os cientistas tratam um quilômetro como o número mágico a partir do
qual um asteroide é capaz de causar uma catástrofe global. Com metade
desse tamanho, se trombasse com a gente, o 2004 BL86 já causaria
problemas muito sérios. Para efeito de comparação, o bólido que apavorou
Chelyabinsk, na Rússia, em 2013 tinha míseros 20 metros. Pense o que um
de 500 metros não faria. No mínimo, uma tragédia continental.
PEDRAS MISTERIOSAS
Quando estão distantes, esses objetos não passam de discretos pontos de luz, mesmo em nossos telescópios mais poderosos. O 2004 BL86 não é exceção. Tudo que sabemos sobre ele hoje é baseado nas informações que podemos obter do monitoramento de um pequenino ponto de luz. Por isso, quando um deles passa perto de nós, os astrônomos ficam ouriçados. Usando técnicas como radar, eles podem mapear a superfície do asteroide e com isso compreendê-lo melhor. É uma oportunidade rara, portanto. Até mesmo amadores com telescópios de fundo de quintal poderão observá-lo.
Ao mesmo tempo, a passagem é um alerta. Sabemos que muitos desses
pedregulhos perigosos estão por aí, viajando às cegas em suas órbitas em
torno do Sol, regidas pelo balé gravitacional somado a pequenas, mas
constantes, forças, como a pressão de radiação exercida pela nossa
estrela-mãe. Mais cedo ou mais tarde algum desses pedregulhos vai cruzar
o nosso caminho. E aí estamos contando com os astrônomos para nos
avisar do futuro impacto a tempo para que possamos fazer alguma coisa.
Existem diversas estratégias possíveis para a deflexão de um asteroide perigoso (leia sobre uma delas aqui),
embora nenhuma delas tenha passado por um estudo rigoroso e, muito
menos, testada na prática. Mas já não podemos mais nos dizer
completamente indefesos. O que precisamos agora é de monitoramento
constante dos céus, para que não sejamos pegos desprevenidos. Não é à
toa que os programas de objetos próximos à Terra da Nasa receberam o
apelido de “Guarda Espacial”. (“Spaceguard”, para quem não sabe, é o
sistema de alerta de impacto de asteroides descrito no livro “Encontro
com Rama”, clássico da ficção científica escrito por Arthur C. Clarke.)
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FOLHA
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