Dilma Vana Rousseff, 67, assumirá seu segundo mandato como presidente da
República nesta quinta-feira (1º) com um discurso em que planeja
defender os ajustes iniciados em sua política econômica como necessários
para fazer o país voltar a crescer.
Primeira mulher a governar o Brasil, reeleita em outubro após a eleição
presidencial mais acirrada desde a redemocratização, Dilma será
empossada na Câmara e fará seu discurso logo em seguida, por volta das
15h30.
Dilma assume seu segundo mandato com a economia estagnada e o discurso
que adotou na campanha eleitoral em xeque, por causa das medidas que ela
começou a tomar para arrumar as contas do governo, que devem fechar
este ano no vermelho.
A presidente escolheu um economista de perfil conservador para ser seu
próximo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Ele tem defendido mudanças
para reequilibrar as finanças públicas e conter a expansão dos gastos do
governo federal.
Na semana passada, Dilma autorizou medidas que restringem o acesso a
benefícios sociais como seguro-desemprego e pensão por morte, embora
tenha prometido durante a campanha que não mexeria em direitos
trabalhistas.
Em seu discurso de posse, conforme o rascunho discutido nos últimos dias
com seus auxiliares, a presidente deverá apontar como prioridades o
combate à inflação, a preservação do emprego e a redução das
desigualdades.
Dilma também fará acenos aos empresários, mostrando-se aberta ao diálogo
e interessada em parcerias, num esforço para se distanciar dos atritos
que marcaram sua relação com o meio empresarial no primeiro mandato.
Ela pretende convidar a iniciativa privada a investir em projetos de
infraestrutura e aproveitar as oportunidades oferecidas por concessões
de rodovias, aeroportos, portos e ferrovias controlados pelo governo
federal.
Depois do fraco desempenho da atividade econômica em 2014, e com a
perspectiva de outro ano difícil pela frente, Dilma prometerá menos
burocracia, mais previsibilidade para as decisões econômicas e medidas
para estimular o setor privado a investir.
O discurso da presidente deverá durar cerca de 30 minutos. Após a
solenidade na Câmara, ela se dirigirá ao parlatório do Palácio do
Planalto e fará uma breve saudação às pessoas presentes na Praça dos
Três Poderes. Em seguida, Dilma dará posse ao seu novo ministério, cuja
configuração completa foi anunciada nesta quarta-feira (31).
CORRUPÇÃO
A presidente também pretende falar de corrupção em seu discurso, numa
tentativa de oferecer respostas às revelações da Operação Lava Jato, da
Polícia Federal, que investiga um vasto esquema de corrupção na
Petrobras.
De acordo com o rascunho do seu discurso, a presidente planeja dizer que
não tolera malfeitos e vai propor ao Congresso um pacote de medidas de
combate à corrupção, como prometeu durante a campanha eleitoral.
Com a crise na Petrobras e a economia estagnada, Dilma governará um país
em situação diferente da que herdou de seu antecessor e mentor, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).
Em 2010, quando ela foi eleita pela primeira vez, o país cresceu 7,5% e a
inflação anual atingiu 5,9%. Em 2014, o ano em que foi reeleita, o
crescimento deve ficar em 0,2% e a inflação, perto do teto da meta
oficial, de 6,5%.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
“Na semana passada, Dilma autorizou medidas que restringem o acesso a benefícios sociais como seguro-desemprego e pensão por morte, embora tenha prometido durante a campanha que não mexeria em direitos trabalhistas”
ResponderExcluirPara equilibrar as finanças abaladas pelas orgias da política econômica e administrativa praticada, mais uma vez quem paga o pato são os mais fracos. Restringir acesso aos benefícios sociais como seguro desemprego, pensão por morte e outros, é violência praticada contra quem não é capaz de se defender, embora esses benefícios sejam assegurados por lei. Com esta prática, consolida-se cada vez mais o estelionato eleitoral praticado por um governo que faz exatamente o contrário do que prometeu fazer. A concessão de bolsas e mais bolsas são iscas de anzóis.
Entretanto, é intocável o rombo provocado pelo estratosférico custo (o maior do mundo) da manutenção e do funcionamento do Legislativo, Executivo e Judiciário, com proventos nababescos, auxílio moradia, cotas de passagens aéreas e outras sinecuras e que tais, altos salários para um imenso contingente de milhares de secretários de gabinetes de deputados e senadores. Igualmente intocável é o custo de manutenção do Palácio do Governo. Nisto não se mexe, é claro.
Recente relatório do Banco Mundial declarava:
“A globalização parece aumentar a pobreza e a desigualdade... Os custos de ajustamento para maior abertura são suportados exclusivamente pelo pobre.”
Porém, com a declarada intenção de confrontar-se com a denúncia do relatório do Banco Mundial, o que temos presenciado ultimamente é um processo político habilidoso em provocar as paixões populares e utilizá-las com objetivos políticos de perpetuação no poder.
Em sã consciência, não pode haver quem concorde com os escorchantes abusos praticados em nome da liberdade de mercado, escudado pelo o que hoje se denomina neoliberalismo. Entretanto, para combater esses males, não podemos copiar ideologias e comportamentos políticos provocativos e ameaçadores que comprovadamente não tiveram e não terão sucesso, mostram apenas fracassos.
Nossa dimensão histórica multirracial, multicultural, dimensão política e territorial com riquezas naturais infinitas, nos concede um poder especial em criarmos nossos próprios princípios de convivência com a livre iniciativa privada, sob um Estado atento que coíba a prática de abusos, e que crie disposições institucionais que levem a iniciativa privada a participar em projetos de interesse do Estado.
Roberto Abdian