Em depoimento concedido em acordo de delação premiada, Pedro José
Barusco Filho, ex-gerente de engenharia da Petrobras, estima que o PT
tenha recebido entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões entre 2003 e 2013
de propina retirada dos 90 maiores contratos da Petrobras, como o da
refinaria Abreu e Lima, em construção em Pernambuco.
Barusco afirma que o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, teve
"participação" no recebimento desse suborno. Vaccari Neto, de acordo com
ele, ficou, até março de 2013, com US$ 4,5 milhões.
Ainda segundo ele, houve pagamentos até fevereiro do ano passado.
Tesoureiro do PT João Vaccari Neto é levado para depor em nova fase da Operação Lava Jato na sede da Polícia Federal em São Paulo
O depoimento foi prestado no dia 20 de novembro último e veio à tona nesta quinta-feira (5).
Segundo Barusco, Vaccari participou pessoalmente de um acerto fechado
entre funcionários da Petrobras e estaleiros nacionais e internacionais
relativos a 21 contratos para construção de navios equipados com sondas,
contratações que envolveram ao todo cerca de US$ 22 bilhões.
"Essa combinação envolveu o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores,
João Vaccari Neto, o declarante [Barusco] e os agentes de cada um dos
estaleiros, que deveria ser distribuído o percentual de 1%,
posteriormente para 0,9%", declarou Barusco.
Segundo o delator, desse 1% sobre o valor dos contratos, a divisão se
dava da seguinte forma: "2/3 [dois terços] para João Vaccari; e 1/3 para
'Casa 1' e 'Casa 2'". Barusco envolveu outros funcionários da Petrobras
no esquema.
A "Casa 1", segundo o ex-gerente, era o termo usado para "o pagamento de
propina no âmbito da Petrobras, especificamente para o diretor de
Serviços Renato Duque e Roberto Gonçalves, o qual substituiu o
declarante na gerência executiva da Área de Engenharia".
A "Casa 2" referia-se "ao pagamento de propinas no âmbito da Setebrasil,
especificamente para o declarante, João Carlos de Medeiros Ferraz,
presidente da empresa e, posteriormente, também houve a inclusão de
Eduardo Musa, diretor de participações da empresa".
Durante o depoimento, Barusco entregou à força-tarefa da Lava Jato
uma série de documentos que, segundo ele, comprovam os pagamentos
realizados pelos estaleiros para contas bancárias localizadas na Suíça e
sob controle de diversos operadores do esquema, incluindo Renato Duque,
ex-diretor de Serviços indicado pelo PT e que teve recentemente a
prisão relaxada por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), em habeas
corpus.
Barusco disse que um dos pagamentos foi de US$ 2,1 milhões do estaleiro Jurong para Renato Duque, na Suíça.
Até março de 2013, segundo Barusco, João Vaccari já havia recebido um
total de US$ 4,52 milhões do estaleiro Kepell Fels. Vaccari era
identificado numa tabela de pagamento de valores pela sigla de "Moch",
que significava "mochila", "uma vez que o declarante quase sempre
presenciava João Vaccari Neto usando uma mochila".
Ele apntou ainda Milton Pascowitch como operador da Engevix no esquema.
Ele foi levado nesta quinta-feira (5) à Polícia Federal para ser ouvido sobre movimentações de dinheiro no exterior.
As tabelas com as inscrições foram entregues por Barusco à Polícia Federal.
ZELADA
Em outro depoimento, prestado em 24 de novembro, Pedro Barusco acusou o
ex-diretor da Área Internacional Jorge Zelada de também ter recebido
propina, antes de chegar ao alto escalão da estatal.
Ele afirmou que recolhia o dinheiro e, em determinada ocasião, chegou a
entregar R$ 120 mil em mãos, na casa de Zelada, no Rio de Janeiro. O
ex-gerente da Petrobras não soube dizer, porém, se Zelada foi
beneficiado pelo suborno quando já estava na cadeira na diretoria da
Petrobras.
Barusco diz ter conhecimento que houve pagamentos ilegais a Zelada
quando ele ainda era gerente geral da companhia. Cita como exemplo as
obras de construção das plataformas P-51 e P-52 como negócios em que
Zelada participou da divisão da propina.
Ele admitiu ainda conhecer o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano,
apontado como o operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras, e
que Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento, foi quem o
apresentou a Baiano, num evento em Houston.
Segundo Barusco, Costa e Baiano eram amigos.
OUTRO LADO
O PT ainda não se pronunciou oficialmente sobre as declarações de
Barusco. Em notas anteriores o partido sempre afirmou que só recebeu
colaborações legais.
Duque e Vaccari já negaram, por diversas vezes, qualquer participação nas irregularidades da Petrobras.
Vejam que o "Moch" levava 2/3 dos 1% da propina dos Estaleiros Keppel Fels.
ResponderExcluirOs restantes 1/3 da propina de 1% iam para "Casa1" e" Casa2". Notem que "casa2" é o bolso dos Diretores da SETE BRASIL, onde a Previ está entalada!!!
Que ladroagem!!!!