O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai ajudar na articulação
política do governo com o Congresso, na tentativa de reverter o clima de
animosidade entre o PT e PMDB após a vitória de Eduardo Cunha (RJ) para
o comando da Câmara. Em conversa de mais de duas horas com Dilma, nesta
quinta-feira, 12, em São Paulo, Lula acertou com ela um cronograma de
encontros que terá em Brasília. Após o Carnaval, Lula vai se reunir com o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com o líder do partido
na Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e com a bancada de senadores do
PT.
Na avaliação do ex-presidente, o Palácio do Planalto
precisa agir rápido para evitar que a fratura na base aliada se
aprofunde e a tese do impeachment ganhe força, no rastro do escândalo de
corrupção na Petrobras, que culminou com a criação de outra CPI para
investigar o desvio de dinheiro na estatal. Desde que assumiu a
presidência da Câmara, no dia 1.º, derrotando o petista Arlindo
Chinaglia (SP), Cunha impôs uma série de reveses ao governo.
Depois
de aplanar o terreno com o PMDB no Senado, Lula também quer conversar
com o próprio Cunha, embora não haja nada marcado até o momento. Na
quarta-feira, 11, o ex-presidente jantou na casa do prefeito do Rio,
Eduardo Paes. À mesa também estavam o governador Luiz Fernando Pezão e
seu antecessor, Sérgio Cabral, todos do PMDB. Apesar de terem apoiado a
eleição de Cunha, eles prometeram ajudar Lula na tarefa de
reaproximação.
Ajuste
Lula disse a
Dilma, no encontro de quinta-feira, que ela também deve adotar uma nova
estratégia para enfrentar as críticas ao ajuste fiscal e as medidas
impopulares anunciadas até aqui, como o endurecimento das regras para
acesso ao seguro desemprego e abono salarial. Com esse diagnóstico, Lula
sugeriu à presidente que monte uma agenda para conseguir convencer os
mais diversos segmentos econômicos e políticos da importância do ajuste,
insistindo que essa fase será por pouco tempo.
Para
defender o ajuste e melhorar a imagem do governo, hoje muito
deteriorada, Lula também aconselhou Dilma a retomar as viagens pelo País
o mais rápido possível. O ex-presidente acha que ela deveria aproveitar
seus discursos, nestas viagens, para explicar à população a importância
das medidas econômicas e falar das fraudes que existem na concessão dos
benefícios trabalhistas, de forma didática, citando que o governo está
agindo para que as irregularidades acabem.
A estratégia de
reação ao cerco político também prevê ações fora do Planalto. Na opinião
de Lula, a presidente deve chamar uma grande reunião com governadores e
prefeitos, com o objetivo de construir uma espécie de "frente de apoio"
em torno das medidas para pôr a economia dos trilhos. Na conversa com
Dilma, ele lembrou que fez isso no primeiro ano de governo, em 2003,
quando queria aval para a reforma da Previdência.
Dilma
sabe que precisa dos governadores e prefeitos para aprovar o ajuste no
Congresso, mas resiste a promover o encontro com eles agora por temer
que todos cheguem para a conversa "com o pires na mão", nessa época de
vacas magras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O Blog Olhar de Coruja deseja ao novo Presidente Jair Messias Bolsonaro tenha grande êxito no comando do nosso País.