A escolha de Aldemir Bendine
para a presidência da Petrobras deu ao mercado um sinal claro: a
estatal continua sendo o ativo estratégico central do governo não só
economicamente, mas também no campo político.
Ao apontar Dida, como Bendine é conhecido, Dilma Rousseff mostra que
está disposta a remontar a blindagem perdida com o desgaste inexorável
de Graça Foster –sob cuja administração a dívida relativa da estatal
subiu de forma estratosférica, além de ter de lidar com a explosão das
denúncias da Operação Lava Jato.
Por blindagem entenda-se a ideia de preservar as instâncias superiores
das ondas de choque da crise pela qual passa a maior empesa brasileira,
se é que isso é possível dada a intensidade do tremor vindo das
apurações lideradas pela Justiça Federal, Polícia Federal e Ministério
Público Federal.
Do ponto de vista do mercado, Dida terá de emitir sinais firmes para
tentar reverter a rejeição a seu nome. Sua indicação é tudo o que os
operadores do setor não esperavam, ainda mais depois de o governo
ventilar que estava atrás de um executivo do setor privado para o cargo.
O tombo nas ações
da petroleira na manhã após o anúncio de seu nome é o cartão de visitas
dessa reação. Aos olhos mercadistas, certos ou errados, o novo
presidente é agente político de governos que levaram a estatal para o
chão.
CUMPRIDOR DE ORDENS
A realidade é mais matizada. Dida é sim um cumpridor de ordens da
confiança da presidente. À frente do Banco do Brasil, operou para forçar
o mercado a baixar os juros por determinação do Planalto, um movimento
que nunca partiria de um executivo do setor privado.
Tem fama de ter melhorado a gestão do BB, e essa experiência pode ser
útil para lidar com o nó enorme do balanço da Petrobras e com operações
como o salvamento financeiro da Sete Brasil, empresa de sondas
encrencada até o pescoço pela política que exige conteúdo nacional na
exploração do pré-sal e pelo envolvimento no esquema de corrupção
apontado pela PF.
No PT, a despeito da desconfiança do mercado, Dida está longe de ser uma
unanimidade. Próximo de Dilma e de Lula, ele não é bem visto pela
cúpula do partido, que nunca aceitou sua vitória na disputa que travou
por poder no BB com o ex-presidente da Previ (o poderoso fundo de
previdência do banco) Ricardo Flores –este sim um "soldado" petista.
Isso significa que ele não pouparia esquemas revelados que envolvam
operadores do partido, se com isso for possível proteger o Planalto? É
uma pergunta mais difícil, primeiramente porque a enxurrada de denúncias
está fora do controle de qualquer um que sente na cadeira de presidente
da Petrobras.
De todo modo, as reações dos petistas reunidos em Belo Horizonte para tentar celebrar os 35 anos de sua sigla foram significativas.
Descrença de um lado e, do outro, o alerta de que as recentes denúncias contra Dida, como no apontado favorecimento à socialite
Val Marchiori em empréstimos do BB, deverão voltar à tona. Alerta, no
caso, com gosto de lembrete do fogo amigo que Aldemir Bendine voltará a
provar.
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