Para evitar mais uma derrota no Congresso, a presidente Dilma Rousseff
fará na próxima semana um aceno em que se prontificará a corrigir em
pelo menos 4,5% a tabela do Imposto de Renda da pessoa física.
O governo tentará sensibilizar sua base de apoio argumentando que um
reajuste maior, neste momento, fragilizaria o ajuste fiscal, esforço do
governo para reduzir o gasto público.
A correção da tabela em 4,5% foi promessa de campanha, mas a
deterioração nas contas fez o Executivo reconsiderar, nos bastidores, a
conveniência de aplicá-la.
Segundo a Folha apurou, há duas correntes mais fortes na Esplanada. Uma
que defende a correção em exatos 4,5% e outra que sugere um índice um
pouco maior, mas não superior a 5%. A defesa por um reajuste zero, feita
por integrantes da equipe econômica, não vingou.
A concessão seria necessária para evitar que o Legislativo derrube um
veto presidencial, de janeiro passado, contra um reajuste de 6,5%.
Nas avaliações internas, ou Dilma faz um gesto ao Congresso ou muito possivelmente terá seu veto derrubado.
Um desfecho assim fragilizaria a imagem do Planalto e da própria equipe
econômica em relação à sua capacidade de evitar a aprovação de
verdadeiras "bombas fiscais" no Legislativo.
Na fila de votações no Congresso há nada menos que o pacote fiscal
prometido pelo Ministério da Fazenda para cumprir a meta de 1,2% do
superávit primário (economia para arcar com o pagamento dos juros da
dívida).
Sem essas medidas, o país corre o risco de mergulhar em uma crise de
confiança capaz de afugentar investidores e, com isso, agravar a
situação da economia.
ATÉ R$ 7 BILHÕES
Nas contas do governo, se a correção da tabela ficar em 4,5%, o impacto
será de R$ 5,3 bilhões. Se subir para 6,5%, custará aproximadamente R$ 7
bilhões.
Nas últimas semanas, alguns ministros chegaram a defender que a
presidente concordasse com a correção de 6,5% para tentar apoio das
centrais sindicais ao pacote fiscal. A Fazenda, contudo, apresentou
forte resistência.
Neste momento, o Tesouro tenta economizar no que pode. Até mesmo
programas sociais prioritários têm passado por pente fino, além de
atrasos de pagamentos, caso do Pronatec, noticiado pela Folha nesta
quinta-feira (19).
A correção de 4,5% foi prometida por Dilma em pronunciamento sobre o Dia
do Trabalho, às vésperas da campanha eleitoral. À época, a presidente
editou uma MP sacramentando o reajuste, mas o recesso parlamentar fez a
medida caducar em agosto.
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