“Foi um fracasso retumbante do time do Freddie Mercury e do Pepe
Legal”, dizia aos risos um cacique do PMDB na mansão do Lago Sul, em
Brasília, que recebeu a festa da vitória de Eduardo Cunha (RJ) na
eleição para a presidência da Câmara. O esporte preferido dos
peemedebistas na noite de domingo (1) foi fazer piada com a articulação
política de Dilma Rousseff.
Os alvos eram os dois principais ministros da cozinha do Palácio do
Planalto, que trabalharam pela candidatura de Arlindo Chinaglia
(PT-SP) –segundo colocado, com quase metade dos votos de Cunha. Aloizio
Mercadante (Casa Civil) era Freddie Mercury, vocalista bigodudo da
banda Queen. Pepe Vargas (Relações Institucionais) virou Pepe Legal,
desenho animado que estrelava um cavalo atrapalhado, que às vezes
atirava no próprio pé.
O novo presidente da Câmara foi saudado por colegas de legenda e
outros aliados, mas Michel Temer (PMDB) não apareceu. “Achamos que não
era o momento”, disse um amigo do vice-presidente, em referência à rusga
entre Cunha e o poder Executivo.
Mas cinco dirigentes de partidos estiveram por lá, quase todos
pequenos. Os maiores caciques eram Marcos Pereira, do PRB de 21
deputados e do Ministério do Esporte, e Pastor Everaldo, comandante dos
12 parlamentares do PSC. Coincidência ou não, ambos são líderes
evangélicos –assim como Cunha.
Everaldo se sentou em uma mesa perto da família de Cunha. No fundo do
salão, estavam Levy Fidelix (PRTB), Daniel Tourinho (PTC) e Renata
Abreu (PTN). As três siglas têm, juntas, sete deputados na Câmara.
Enquanto circulava, o presidente da Câmara dedicou um bom tempo às
queixas dos partidos nanicos. Copo de uísque na mão direita, Levy
Fidelix vociferava contra o também diminuto PT do B, o ausente Luis
Tibé.
“Ele é traíra! Queria f… a gente, vá pra China! A gente queria fazer
um grupo para apoiar o Eduardo e ele tentou vender a gente pro governo
em troca de carguinho!”, reclamava o ex-presidenciável.
Fidelix carregava no bolso do paletó um documento que provava que ele
havia tentado aderir à candidatura de Cunha. O presidente do PRTB quer
formar um bloco com outros partidos nanicos e conquistar o comando de
uma comissão da Câmara.
No jardim, dois tucanos ficaram a noite toda em silêncio –duas aves
de bico amarelo, presas em uma gaiola. Aécio Neves e
seus correligionários nem chegaram perto da festa, apesar de dirigentes
do PSDB terem comemorado a vitória de Cunha como gol em Copa do Mundo.
“É o início do fim do ciclo do PT”, disparava o deputado Danilo Forte (CE), candidato a líder do PMDB.
“O Pepe achou que era o cozinheiro do Congresso, mas vai ter que
servir cafezinho”, disse outro peemedebista. “A grife do PT não anda
muito vendável na praça”, completou um cacique.
Cunha adotava um ar republicano. “Eu não impus derrota nenhuma ao governo. Foram eles que se derrotaram”, afirmou.
Até o início da madrugada, o presidente dizia não saber se o Palácio
do Planalto havia telefonado para comentar o resultado da eleição.
“Fiquei sem bateria no celular. Não sei se alguém ligou.”
Arlindo Chinaglia o procurou por volta das 22h. Telefonou para o
gabinete, que transferiu a ligação para o celular do motorista de Cunha.
Depois de circular pelo salão por mais de uma hora, o novo
presidente só conseguiu jantar à meia-noite. Dono da festa, não
precisou pegar a fila: por trás da mesa do bufê, pediu que lhe servissem
um pouco de talharim com tiras de filé mignon. “Eu vou tomar um
vinhozinho, mas ali na mesa”, avisou ao garçom, que correu para
providenciar uma taça de tinto.
Nem assim conseguiu jantar em paz. Enquanto comia com a família,
ouvia cochichos de Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-ministro de Lula,
que se sentou na cadeira ao lado e se curvava para falar em seu ouvido.
Cunha foi embora depois de 1h da manhã. Às 10h, teria seu primeiro
compromisso institucional como chefe de poder, ao lado de Ricardo
Lewandowski na abertura do ano judiciário no Supremo Tribunal Federal.
Tô começando a gostar dessa "dança"
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