Após a eleição do novo comando da Câmara dos Deputados, neste domingo
(1), o Palácio do Planalto prevê um presidente da Casa ''engessado''
para tocar pautas prioritárias do governo no Legislativo. O motivo: os
desdobramentos da Operação Lava Jato, que investiga o escândalo de
corrupção na Petrobras, no Congresso Nacional.
Neste mês, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai indicar
todos os políticos que deverão ser investigados por suspeita de
participação no esquema de desvio de recursos da estatal.
Um dos principais delatores da Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa disse que entre 35 e 40 políticos foram citados por
ele em seu depoimento.
A avaliação de ministros ouvidos pela Folha é que,
independentemente do vencedor neste domingo, a Câmara estará concentrada
em ''trabalhar para dentro'', às voltas com os reflexos das denúncias
envolvendo congressistas, e não em atender a demandas externas, como as
promessas de Dilma.
Se as denúncias contra deputados se confirmarem, eles devem ser alvo de
processos de cassação no Conselho de Ética. Após análise do colegiado, a
perda ou não do mandato é submetido a voto. Por isso, dizem ministros, o
plenário da Câmara estará ''paralisado e dominado'' pelo desgaste da
Lava Jato, e não com projetos.
Na campanha do ano passado, a presidente Dilma anunciou prioridade para
temas que precisam passar pelo Congresso, como a reforma política,
emendas contra a corrupção e que atribuem à União responsabilidade pela
segurança pública nos Estados. Mas assessores presidenciais creem que
essas pautas não vão ser tocadas no tempo previsto pelo Planalto.
Além disso, o governo teme que Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se eleito
presidente da Casa, não se oponha a um pedido de impeachment da
presidente. Ele tem repetido que não será ''oposição nem submisso'' ao
governo.
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