Com a eleição inédita de representantes de 28 partidos na Câmara, o novo Congresso abriga mais siglas de perfil conservador
A
primeira eleição após as manifestações de junho de 2013, quando milhões
de pessoas foram às ruas exigir mudanças, produziu um Congresso mais
fragmentado, com renovação ligeiramente inferior à passada e,
acredita-se, ainda mais conservador. Dos 513 deputados federais
que serão empossados neste domingo (1º), apenas 198 (38,6%) partem para
o primeiro mandato. Outros 289 (56,3%) são remanescentes da legislatura
passada e 26 (5,1%) são ex-parlamentares que voltam à Casa após pelo
menos quatro anos fora. No Senado, dos 27 que acabaram de concluir o
mandato, apenas cinco continuarão. Entre os novos senadores, alguns
conhecidos dos colegas, como os ex-senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e
José Serra (PSDB-SP).
Seja qual for o resultado da eleição para a presidência da Câmara e
do Senado, a presidente Dilma Rousseff terá problemas pela frente. Entre
os deputados, sua base aliada, que já não foi fiel na última
legislatura, encolheu. Os partidos que apoiaram a reeleição da petista
vão ocupar 304 cadeiras. Mas ela sabe que não poderá contar com parte
deles. No Senado, a correlação de forças entre governo e oposição se
manteve estável, mas o Planalto terá de lidar com oposicionistas que
prometem fazer barulho, como Aécio Neves (PSDB-MG), o próprio Tasso e o
agora senador Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Com a eleição inédita de representantes de 28 partidos na Câmara,
seis a mais do que a legislatura passada, o novo Congresso abriga mais
siglas de perfil conservador. Entre os 27 campeões estaduais de voto na
Câmara, figuram 17 parentes de políticos, cinco policiais ou militares
com discurso “linha dura”, como Jair Bolsonaro (PP-RJ). Temas polêmicos
incluídos na pauta dos protestos, como a reforma política, a
criminalização da homofobia e a descriminalização do aborto e das
drogas, devem enfrentar grande resistência no novo Parlamento, com o
crescimento das bancadas religiosa e da segurança pública. Um desafio e
tanto para o Palácio do Planalto, que terá de dançar um dobrado para não
cair na manjada armadilha do “toma-lá-dá-cá”.
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