BRASÍLIA - Quando Dilma Rousseff anunciou a escalação de seu novo
ministério repleto de nulidades, os aliados mais diligentes se
apressaram para defendê-la das críticas. O que parecia um insulto aos
eleitores seria, na verdade, fruto de um sofisticado cálculo político.
Mais experiente, a presidente teria decidido nomear aliados incômodos
para ampliar sua base no Congresso e assegurar a chamada
governabilidade. A manobra garantiria sossego em um ano difícil, com os
desdobramentos da crise econômica e do escândalo da Petrobras.
Dilma teria entregue os anéis para preservar os dedos, repetiam os sábios do palácio. O discurso foi desmoralizado no domingo com a eleição do novo presidente da Câmara, o peemedebista Eduardo Cunha.
O resultado é mais que uma derrota humilhante do Planalto, que jogou pesado para tentar eleger o petista Arlindo Chinaglia. Também demonstra que o fisiologismo é um círculo vicioso: quanto mais o governo oferece em troca de apoio, mais os políticos fisiológicos cobram para continuar a apoiá-lo.
Cunha foi eleito por uma massa de deputados que Dilma pensava ter saciado com a reforma ministerial. Os votos que garantiram sua vitória no primeiro turno saíram de siglas como o PP, dono do Ministério da Integração Nacional, e o PTB, premiado com o Desenvolvimento.
Até o PRB, que conseguiu emplacar o bispo George Hilton no Ministério do Esporte, reforçou a aliança que humilhou o governo. Os anéis já se foram. Agora Dilma deve se preparar para entregar os dedos.
Dilma teria entregue os anéis para preservar os dedos, repetiam os sábios do palácio. O discurso foi desmoralizado no domingo com a eleição do novo presidente da Câmara, o peemedebista Eduardo Cunha.
O resultado é mais que uma derrota humilhante do Planalto, que jogou pesado para tentar eleger o petista Arlindo Chinaglia. Também demonstra que o fisiologismo é um círculo vicioso: quanto mais o governo oferece em troca de apoio, mais os políticos fisiológicos cobram para continuar a apoiá-lo.
Cunha foi eleito por uma massa de deputados que Dilma pensava ter saciado com a reforma ministerial. Os votos que garantiram sua vitória no primeiro turno saíram de siglas como o PP, dono do Ministério da Integração Nacional, e o PTB, premiado com o Desenvolvimento.
Até o PRB, que conseguiu emplacar o bispo George Hilton no Ministério do Esporte, reforçou a aliança que humilhou o governo. Os anéis já se foram. Agora Dilma deve se preparar para entregar os dedos.
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"Vamos conversar amanhã." "A gente vai encontrar uma saída para aquele
problema." "Você não vai ficar na mão, isso não é da nossa natureza." As
frases, cochichadas por Eduardo Cunha a aliados na porta das cabines de
votação, indicam o estilo das negociações que dominarão a Câmara até
2017.
Bernardo Mello Franco é jornalista. Foi correspondente em
Londres, editor interino da coluna Painel e repórter de "Poder" e da
Sucursal do Rio. Também trabalhou no "Jornal do Brasil" e no jornal "O
Globo". Escreve às terças, quartas, quintas, sextas e domingos.
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