A oposição classificou nesta segunda (2) de "peça de ficção" a mensagem da presidente Dilma Rousseff
encaminhada ao Legislativo para a abertura dos trabalhos do Congresso
Nacional em 2015. Congressistas do DEM e do PSDB afirmaram que o texto
não expressa a realidade do país, especialmente no campo econômico.
Estreando seu mandato no Senado, José Serra (PSDB-SP) disse que a
mensagem se refere a "outro país, possivelmente no hemisfério Norte".
"Não apresenta uma estratégia coerente para tirar o Brasil desta
situação de crise econômica. A presidente novamente abusa da ideia de
propor reformas sem explicar do que se trata, como no caso das reformas
tributária e política", atacou o tucano.
Líder do PSDB, o deputado Carlos Sampaio (SP) disse que Dilma apresentou
ao Congresso um país de "mil maravilhas", que não representa o Brasil
real. "A mensagem ao Congresso é mais uma peça de ficção, ação de
marquetagem, uma tentativa de ocultar os problemas reais com os quais os
brasileiros se deparam: inflação alta, economia estagnada, apagão,
aumento de impostos e risco de desemprego", afirmou.
Para o líder do DEM, senador Ronaldo Caiado (GO), a presidente mentiu na
mensagem por apresentar números e informações desconectadas da
realidade. "Ela mentiu com se ainda estivesse em campanha", criticou.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), também disse que a
mensagem é uma "compilação de promessas feitas e não cumpridas" no
primeiro governo da petista.
"Tudo que se fala neste governo, se fala
com descrédito. A começar por este pecado mortal que, em qualquer país
do mundo civilizado, geraria um processo de impeachment: R$ 2,7 bilhões
jogados fora, como foi o caso das duas refinarias [da Petrobras]
anunciadas, mas extintas para o Nordeste", afirmou.
Na mensagem, Dilma não mencionou as denúncias de corrupção na Petrobras,
mas fez uma defesa da estatal e da refinaria de Abreu e Lima, em
Pernambuco. Também defendeu o pré-sal ao afirmar que a sua "riqueza" já é
uma "realidade" para o país.
A leitura da mensagem, feita pelo primeiro-secretário do Congresso, Beto
Mansur (PRB-SP), foi interrompida por gritos de congressistas da
oposição no momento em que o deputado falava sobre a refinaria de Abreu e
Lima.
Os deputados José Carlos Aleluia (DEM-BA) e Antônio Imbassahy (PSDB-BA)
acusaram a presidente de "mentir" ao afirmar que está tudo bem na
refinaria e pediram que esse trecho da mensagem seja retirado. "Isso é
mentira, é criminoso. Petrolão", gritaram.
MENSAGEM
Na mensagem encaminhada ao Congresso, Dilma defendeu as primeiras
medidas econômicas adotadas em seu segundo mandato e afirmou que os
ajustes na área fiscal não vão promover "recessão e retrocesso" no país.
A petista disse que as mudanças na economia terão efeito apenas a médio
prazo no Brasil.
"Ajustes fazem parte do dia a dia da política econômica. Ajustes nunca
são um fim em si mesmo, são medidas necessárias para atingir objetivos
de médio prazo, que em nosso caso permanece o mesmo, crescimento
econômico com justiça social", afirmou. "Não promoveremos recessão e
retrocesso", completou.
Na mensagem, Dilma admitiu que a economia internacional sofreu
"instabilidades e incertezas", por isso o governo implementou o ajuste
para
preservar a economia do país.
Apesar de ter anunciado um pacote de medidas que reduzem direitos
trabalhistas, a presidente negou mudanças no setor. Também negou que as
novas regras em benefícios como abono salarial sejam decorrentes de
ajuste fiscal. Dilma fez um apelo para que o Congresso mantenha a atual
política de valorização do salário mínimo, considerada por Dilma medida
necessária a redução das desigualdades.
Segundo a presidente, as políticas sociais vão continuar a ser
prioridade em seu segundo mandato, com correções em "distorções"
encontradas em alguns dos programas do governo –sem mencionar quais as
irregularidades.
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