
Editorial praticamente ri do discurso do ex-presidente na CUT, que
cita as críticas da imprensa contra o presidente norte-americano,
parecidas com as sofridas por ele; "Foi um dos melhores momentos de seu
show de meia hora", diz o texto; jornal ainda tira sarro sobre "a
revelação de que Lula anda lendo livros"
247 – O editorial do jornal O Estado de S.Paulo nesta sexta-feira se dedica a debochar do ex-presidente Lula. Segundo o texto, a comparação que o petista faz dele com o presidente norte-americano Abraham Lincoln é uma de suas "pérolas". Lula recorda dos ataques que a imprensa fazia contra Lincoln, concluindo: "igualzinho bate em mim", durante discurso em evento da CUT. "Foi um dos melhores momentos de seu show de meia hora", diz o texto.
Outra parte do discurso que virou piada para o Estadão foi "a revelação de que Lula anda lendo livros". Por fim, o texto denomina como "absolutamente falacioso" o argumento de que a grande mídia está comprometida com o interesse das "elites", como diz Lula e a "companheirada", diz o jornal. Porque se fosse assim, ele não teria ganhado duas eleições seguidas e o PT não estaria há dez anos no poder, afirma o editorial.
Leia a íntegra:
Lula, aliás Lincoln
Lula deu agora para se comparar com Abraham Lincoln. A maior
afinidade com o presidente responsável pela abolição da escravatura nos
Estados Unidos, Lula a vê diretamente relacionada com a postura crítica
da imprensa em relação a ambos: "Esses dias eu estava lendo o livro do
Lincoln. E fiquei impressionado como a imprensa batia no Lincoln em
1860, igualzinho bate em mim". Com seu habitual descompromisso com a
seriedade, Lula pretendeu ombrear-se com um dos maiores vultos da
História e, ao mesmo tempo, mais uma vez desqualificar o trabalho da
imprensa, a quem acusa do imperdoável crime de frequentemente contrariar
suas opiniões e interesses. Foi um dos melhores momentos de seu show de
meia hora durante as comemorações dos 30 anos da CUT, na última
quarta-feira em São Paulo.
Essa nova bravata do Grande Chefe do Partido dos Trabalhadores (PT)
não chega a ser novidade. É apenas mais uma a enriquecer a já alentada
antologia das melhores pérolas de seu sofisticado pensamento
político-filosófico. Novidade é a revelação de que Lula anda lendo
livros. Confessou-o explicitamente, em tom de blague, dirigindo-se ao
ministro Gilberto Carvalho, que fazia parte da mesa. "Estou lendo muito
agora, viu Gilberto? Só do Ricardo Kotscho e do Frei Betto, li mais de
300", exagerou, em simpática referência a dois ex-colaboradores com quem
já manteve relações mais estreitas.
Depois de falar mal da imprensa, Lula sugeriu que, diante da "falta
de espaço" para as questões de interesse dos assalariados na mídia
"conservadora", os sindicatos de trabalhadores se articulem para ampliar
e tomar mais eficazes seus próprios meios de comunicação. Uma
recomendação um tanto ociosa, pelo menos do que diz respeito à CUT, que
dispõe de uma ampla rede de comunicação integrada por uma emissora de
televisão, três de rádio, dois sites de notícias, dois jornais e uma
revista mensal. Mas o verdadeiro problema não é exatamente a existência
ou não de veículos de comunicação abertos às questões de interesse das
organizações sindicais, mas o nível de credibilidade e,
consequentemente, de audiência e leitura desses veículos.
Na verdade, o que o lulopetismo ambiciona para a consolidação de seu
projeto de poder é dispor de mecanismos de controle da grande mídia, dos
jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão que atingem o grande
público e por essa razão têm maior peso na formação de opinião. Por
entenderem que a maior parte da grande mídia está comprometida com
interesses das "elites" e, por essa razão, é "antidemocrática", o PT e
seus aliados à esquerda defendem a criação de mecanismos que permitam a
"democratização dos meios de comunicação". Trata-se de um argumento
absolutamente falacioso, pela razão óbvia de que, se a grande mídia
tivesse realmente o viés que lhe é atribuído pela companheirada, o
petismo, que se diz discriminado e perseguido por ela, não venceria três
eleições presidenciais consecutivas e não estaria comemorando 10 anos
de hegemonia política no plano federal.
Ocorre que o pouco que existe de pensamento político em Lula e seus
companheiros está hoje quase todo vinculado estritamente à garantia das
vantagens materiais que o poder proporciona. O que vai além disso se
deixou impregnar pelo autoritarismo que sustenta regimes como os do Irã,
Coreia do Norte e China, no Oriente, e Cuba e as repúblicas
"bolivarianas" da Venezuela, Equador, Bolívia e Nicarágua, no Ocidente.
Ou seja, as autocracias às quais a diplomacia do governo petista se
aliou.
Lula, a bem da verdade, não tem formação marxista - ou qualquer
outra. Foi sempre um pragmático, avesso a dogmatismos. Forjado na luta
sindical, seu pensamento se resume ao confronto de interesses entre
empregados e patrões. O resultado desse pragmatismo é a indigência de
valores que, como nunca antes na história deste país, predomina hoje na
vida política nacional e tem seu melhor exemplo no nosso desmoralizado
Parlamento.
Mas Lula é líder popular consagrado, glória que lhe subiu à cabeça e
lhe permite acreditar no que quiser, inclusive que se parece com Abraham
Lincoln.
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