A
consultoria jurídica da Câmara encaminhou ontem (20) ao presidente da
Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), parecer contra o pedido de
impeachment da presidente reeleita Dilma Rousseff feito por um
presidiário. O caso, revelado pelo Congresso em Foco,
deve ser arquivado na próxima semana, segundo a Secretaria Geral da
Mesa. Até agora, a Casa já rejeitou 12 pedidos de impeachment de Dilma
desde o início de seu governo. Todos pelo mesmo motivo: inconsistência
jurídica. Três dessas solicitações foram apresentadas em meio à disputa
presidencial.
De acordo com a Secretaria Geral, a maioria dos pedidos foi arquivada
por não ter comprovado “tipicidade e/ou indícios mínimos de autoria e
materialidade”. Outros requerimentos foram rejeitados porque a denúncia
neles formulada foi “formalmente inepta”, ou seja, não atendeu às
exigências protocolares.
Para a professora e doutora em Direito Penal Maria da Rosa Mendes,
além de não ter substância, a banalização dos requerimentos, formal ou
informalmente, representa risco para a democracia brasileira. Ela avalia
que o ofício do preso João Pedro Boria Caiado,
que pede o enquadramento de Dilma por crime de responsabilidade, deve
ser visto como um protesto para denunciar a realidade do sistema
carcerário. O problema maior, considera a especialista, está nas
manifestações populares de caráter “conservador e antidemocrático” que
suscitam a ideia de impeachment como passo inicial para a intervenção
militar.
“Precisamos diferenciar esse tipo de pedido de impeachment, que é
muito mais um grito de alerta que, simbolicamente, significa a
importância que deveria ser dada à questão do sistema carcerário
brasileiro. Eu separaria o joio do trigo: de um lado, que fiquem esses
conservadores ensandecidos que preferem o silêncio e a paz dos
cemitérios que as ditaduras impõem; de outro lado, que venham, sim, os
gritos do fundo das masmorras, para que signifique uma modificação, uma
linha para esse governo”, disse Maria da Rosa, autora do livro Criminologia feminista.
Caráter simbólico
Ela defende que o “caráter simbólico” da demanda de João Pedro deve
ser estendido a outras mazelas nacionais. “No caso específico do sistema
carcerário, que se leve em consideração que essas pessoas que lá estão,
em sua maioria, são vítimas de um sistema excludente. Temos lá [nas
prisões] a maioria de mulheres e homens pobres, pretos. Os dados estão
aí para demonstrar isso. Devemos repensar o sistema carcerário”,
acrescentou a professora, para quem apenas os casos “perfeitamente
enquadrados” no crime de responsabilidade são passíveis de impeachment.
Um dos requerimentos sem indícios do crime de responsabilidade foi
apresentado pelo senador Mário Couto (PSDB-PA), contumaz crítico dos
governos petistas na tribuna do Senado. Para o tucano, o ato criminoso
de Dilma foi feito “enquanto ocupava os cargos de ministra chefe da Casa
Civil e de presidente do Conselho de Administração da Petrobras,
relacionado à compra da refinaria Pasadena pela referida empresa em
2006”. Ao pedido de impeachment, apresentado em 1º de abril, o senador
anexa um exemplar da revista Veja, edição de 26 de março deste
ano, com reportagem que teria demonstrado as perdas da estatal com a
operação de compra – “um prejuízo na ordem de um bilhão de dólares”, diz
Mário Couto.
“[...] resta configurado que o comportamento comissivo da
conselheira, da então ministra chefe da Casa Civil e, inequivocamente,
da chefe do setor energético brasileiro e, portanto, responsável pelo
Programa de Aceleração do Crescimento, era quem dava as ordens, logo,
impositivo a conduta da senhora Dilma Rousseff como atentatória à
probidade administrativa e à guarda e o legal emprego dos dinheiros
públicos, da forma como prescrito na lei especial”, diz o requerimento,
anunciado pelo próprio senador em plenário.
Confira no vídeo:
Mário Couto protocola pedido de impeachment
Publicado em 1 de abr de 2014
Foi
na tarde desta terça-feira, 01, pouco depois de o senador ir à tribuna
para anunciar sua iniciativa e falar da volta da inflação, do aumento
dos impostos e dos gastos excessivos do Governo Federal. Caberá ao
presidente da Câmara, deputado Henrique Alves (PMDB-RN), dar andamento
ao pedido de impeachment.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O Blog Olhar de Coruja deseja ao novo Presidente Jair Messias Bolsonaro tenha grande êxito no comando do nosso País.