Sem a presença dos principais nomes do PSDB, o senador Aécio Neves
(PSDB-MG) prometeu nesta quarta-feira (5) em ato político organizado por
aliados do tucano fazer a mais "vigorosa" oposição da história do país
para combater os "equívocos" do PT e da presidente Dilma Rousseff.
"Essa campanha levará consigo duas marcas muito claras, distintas,
opostas. Uma delas protagonizada pelos nossos adversários. Disseram que
iam fazer o diabo nas eleições. O diabo se envergonharia de muitas
coisas que foram feitas nessas eleições", afirmou o tucano.
No ano passado, a presidente afirmou que poderia fazer o "diabo" nas eleições, o que na época desencadeou uma série de críticas da oposição.
Ao criticar medidas "amargas" tomadas pelo governo federal depois das
eleições, Aécio disse que a presidente implantou tudo aquilo que lhe
acusou durante a campanha e que as máscaras do governo "caíram de forma
tão rápida".
"A inflação está fora de controle. As medidas amargas estão aí,
patrocinadas por esse governo, com aumento da gasolina e da energia. Se
tivessem responsabilidade, teriam tomado essas medidas anteriormente.
Mas não. Prevaleceu a agenda das eleições, e não a agenda de governo."
O tucano disse que vai fazer com que a "chama" que surgiu em seu apoio
no período eleitoral continue "viva" nos próximos quatro anos, mesmo
ciente da distância para a próxima disputa eleitoral. "A oposição
brasileira hoje não precisa de um líder. Tem viva no sentimento de
milhões de brasileiros a sua mais importante essência, a indignação com
tudo o que vem acontecendo e esperança em relação àquilo que podemos
mudar. Tão importante quanto governar, é fazer oposição."
Ao sinalizar que vai adotar postura mais raivosa na oposição nos
próximos anos, o tucano disse que a "obrigação" dos oposicionistas é
trazer para o seu campo político as críticas ao governo, mostrando
"descaminhos" da gestão do PT. Segundo o tucano, a principal marca que o
governo federal deixou nas eleições foi o ataque aos seus adversários.
"O Eduardo [Campos], depois a Marina [Silva], depois eu, fomos vítimas
dos mais torpes ataques e infâmias já desferidos contra qualquer
candidato. Sabiam que eram mentira, mas fizeram da mentira a sua
principal arma de luta. Isso não dignifica a vitória que tiveram."
ESVAZIAMENTO
O ato político organizado pela oposição nesta quarta para marcar o
retorno de Aécio ao cenário político foi marcado pela ausência de nomes
da ala "paulista" do partido, como Geraldo Alckmin, José Serra, Aloysio
Nunes Ferreira e Fernando Henrique Cardoso. Nenhum deles compareceu ao
evento de apoio a Aécio, que oficialmente o PSDB chamou de reunião da
executiva nacional da sigla.
Também não participaram do ato os senadores eleitos Tasso Jereissati
(PSDB-CE) e Antonio Anastasia (PSDB-MG), ex-governador de Minas e seu
afilhado.
Os tucanos foram representados pelo prefeito Arthur Virgílio (Manaus),
Antônio Imbassahy (líder na Câmara), e o governador Teotônio Vilela
(Alagoas), além dos governadores eleitos Simão Jatene (Pará) e Reinaldo
Azambuja (Mato Grosso do Sul).
Os partidos aliados do PSDB –DEM, PPS, Solidariedade e PP -enviaram seus
líderes para prestigiar o tucano. O ex-candidato à Presidência Pastor
Everaldo, que declarou apoio a Aécio no segundo turno das eleições,
também participou do ato. O auditório ficou lotado, em sua maioria, por
servidores da Câmara e do Senado liberados para acompanharem o ato.
Presidente do PPS, Roberto Freire (PE) disse que a oposição vai tirar o
PT do poder "na luta democrática", sinalizando que os oposicionistas não
apoiam movimentos que pedem o retorno do regime militar. O deputado
tratou Aécio como "líder da oposição".
"Precisamos derrotar os petistas na luta democrática. Não pense que vão
nos colocar em qualquer desvio. Nós temos história na democracia. Por
isso mesmo, sua responsabilidade como líder da oposição brasileira, e as
urnas lhe deram essa posição."
A senadora Ana Amélia (PP-RS), candidata derrotada ao governo do Rio
Grande do Sul, disse que Aécio reúne características de estadista e
líder –e destacou que ele enfrentou com" serenidade" uma das campanhas
mais "caluniosas" que o país já enfrentou.
AUDITORIA
O presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva (SP), fez elogios ao pedido de auditoria
nas urnas feito pelo PSDB para conferir o resultado final da disputa
presidencial. Paulinho disse que a maioria dos brasileiros acha que o
resultado das eleições foi "roubado".
"Muita gente criticou o Carlos Sampaio [coordenador jurídico da campanha
de Aécio] de ter entrado na Justiça. Na rua, muita gente está dizendo
que foi roubado mesmo. Parabéns. Você representou a maioria dos
brasileiros que acha que esse negócio foi roubado."
Ao chegar ao evento, Sampaio negou que seu objetivo seja questionar o
resultado das urnas, mas apenas conferir a confiança do sistema do
Tribunal Superior Eleitoral. O tucano disse que teve o apoio da sigla
para pedir a auditoria e comemorou a decisão da Justiça Eleitoral de autorizar ao PSDB os dados para análise dos resultados.
Segundo Sampaio, o PSDB vai escolher entre três a cinco peritos para
analisarem o sistema do TSE. "Semana que vem, nós indicamos os peritos.
Vamos pedir que em um mês a análise seja concluída", afirmou.
Para Aécio, a eleição está "encerrada" e o PSDB não busca um terceiro
turno contra a presidente Dilma Rousseff. "Não foi essa a vontade
majoritária dos brasileiros, o que não faz que nosso papel de oposição
seja menos importante ou relevante. Agora, teremos uma oposição
revigorada, vitoriosa."
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