BRASÍLIA - Neste domingo (12), completa-se um mês desde que Dilma
Rousseff assinou a notificação do impeachment, deixou o Palácio do
Planalto e se recolheu ao Alvorada. Na temporada de exílio, ela criticou
o substituto e prometeu lutar para voltar à Presidência. Faltou
responder a uma pergunta: voltar para quê?
Dilma deve uma explicação sobre o que pretende fazer na hipótese, por
ora improvável, de o Senado revogar o seu afastamento. Na noite de
quinta-feira, surgiu uma pista. Na entrevista à TV Brasil, ela indicou
que convocaria um plebiscito sobre a realização de novas eleições.
"A consulta popular é o único meio de lavar e enxaguar essa lambança que
está sendo o governo Temer", disse. "Eu acho que pode ser um plebiscito
de alguma forma. Eu não vou aqui dar o menu total, mas essa é uma coisa
que está sendo muito discutida", acrescentou.
Parte da esquerda sonha com uma volta em que Dilma retome o programa de
2014, que ela abandonou depois de se reeleger. Há dois problemas: o
dinheiro acabou e o Congresso deve impedi-la de governar.
A presidente foi afastada por 71,5% dos deputados e 67,9% dos senadores.
No papel, ela precisa virar poucos votos no Senado para arquivar o
processo de impeachment. Na prática, teria que mudar a opinião de mais
de uma centena de parlamentares para voltar com condições mínimas de
aprovar seus projetos.
Ainda faltaria contabilizar a reação das ruas e o estrago que pode ser provocado pelas novas delações da Operação Lava Jato.
A rejeição a Temer pode fortalecer a tese de novas eleições, mas é
preciso haver um consenso mínimo entre as forças que não querem efetivar
o interino. Por enquanto, não há unidade nem no PT. Na noite de sexta, o
ex-presidente Lula evitou o assunto ao discursar para uma multidão na
avenida Paulista. Alguns dos principais movimentos que apoiam o "Fora
Temer", como o MST, não querem ouvir falar em plebiscito.
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