12 junho, 2016

Voltar para quê?


BRASÍLIA - Neste domingo (12), completa-se um mês desde que Dilma Rousseff assinou a notificação do impeachment, deixou o Palácio do Planalto e se recolheu ao Alvorada. Na temporada de exílio, ela criticou o substituto e prometeu lutar para voltar à Presidência. Faltou responder a uma pergunta: voltar para quê? 

Dilma deve uma explicação sobre o que pretende fazer na hipótese, por ora improvável, de o Senado revogar o seu afastamento. Na noite de quinta-feira, surgiu uma pista. Na entrevista à TV Brasil, ela indicou que convocaria um plebiscito sobre a realização de novas eleições. 

"A consulta popular é o único meio de lavar e enxaguar essa lambança que está sendo o governo Temer", disse. "Eu acho que pode ser um plebiscito de alguma forma. Eu não vou aqui dar o menu total, mas essa é uma coisa que está sendo muito discutida", acrescentou. 

Parte da esquerda sonha com uma volta em que Dilma retome o programa de 2014, que ela abandonou depois de se reeleger. Há dois problemas: o dinheiro acabou e o Congresso deve impedi-la de governar. 

A presidente foi afastada por 71,5% dos deputados e 67,9% dos senadores. No papel, ela precisa virar poucos votos no Senado para arquivar o processo de impeachment. Na prática, teria que mudar a opinião de mais de uma centena de parlamentares para voltar com condições mínimas de aprovar seus projetos. 

Ainda faltaria contabilizar a reação das ruas e o estrago que pode ser provocado pelas novas delações da Operação Lava Jato. 

A rejeição a Temer pode fortalecer a tese de novas eleições, mas é preciso haver um consenso mínimo entre as forças que não querem efetivar o interino. Por enquanto, não há unidade nem no PT. Na noite de sexta, o ex-presidente Lula evitou o assunto ao discursar para uma multidão na avenida Paulista. Alguns dos principais movimentos que apoiam o "Fora Temer", como o MST, não querem ouvir falar em plebiscito. 


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