Além de financiadores de infraestrutura,
fundações têm participação em grandes empresas. Nas 8 maiores entidades
mantidas por estatais, há 70 vagas para os próximos dois anos
Antonio Temóteo
Publicação: 27/10/2014 06:00
Atualização: 27/10/2014 07:28
Publicação: 27/10/2014 06:00
Atualização: 27/10/2014 07:28
O maior fundo de previdência da América
Latina é o Previ, do Banco do Brasil
Brasília – Donos
de uma montanha de dinheiro no valor de R$ 702,3 bilhões, os fundos de
pensão terão papel estratégico no próximo governo. Não apenas porque
serão os principais financiadores dos projetos de infraestrutura do país
e acomodarão aliados políticos que darão suporte ao futuro
administrador do Brasil, mas também porque têm um enorme poder de
influência em empresas estratégicas para a economia do país. Os cargos
de direção das fundações são tão relevantes que, em alguns casos, dão
mais projeção do que o posto de ministro. As oito maiores entidades
fechadas de previdência complementar de estatais têm quase metade desse
patrimônio – R$ 346 bilhões. Nelas, existem 70 vagas de diretores e
conselheiros, que são indicados pelas patrocinadoras com o aval do
Palácio do Planalto. Todos poderão ser substituídos nos próximos dois
anos.
Além de interferir diretamente na gestão dos fundos, o
governo dá palpites na escolha dos representantes das fundações nas
companhias nas quais elas têm participações acionárias. Apenas as três
maiores entidades de previdência complementar de estatais – Previ, dos
funcionários do Banco do Brasil (BB); Funcef, da Caixa Econômica
Federal; e Petros, da Petrobras – detêm ao menos 321 assentos em
conselhos fiscais e de administração de empresas privadas de vulto, como
Vale, Embraer, Ambev, Brasil Foods e Oi.
À frente do maior fundo
de pensão da América Latina, com R$ 173 bilhões em ativos, o presidente
da Previ, Dan Conrado, acumula também o comando do conselho de
administração da Vale, uma das maiores mineradoras do mundo. Conrado,
dois diretores e cinco conselheiros, todos indicados pelo Banco do
Brasil, ainda têm influência na gestão de pelo menos 65 empresas das
quais a Previ é acionista. Ao lado de três diretores e cincos
conselheiros eleitos pelos participantes do fundo, eles têm direito de
indicar os ocupantes de 222 assentos nos conselhos fiscais e de
administração dessas companhias.
A Previ afirma que 93% dos
conselheiros selecionados para essas empresas são ou foram funcionários
de carreira do Banco do Brasil. Além do salário de mais de R$ 50 mil,
Conrado, por exemplo, pode receber até R$ 13.151,76 como conselheiro –
limite estabelecido pelos estatutos da fundação para um dirigente ou
funcionário que a representa em alguma das empresas de que é acionista.
Na
Petros, segundo maior fundo do país com R$ 79 bilhões em ativos, o
nível de interferência governamental é ainda maior. Embora eleitos pelo
conselho deliberativo, que tem metade de seus integrantes escolhida
pelos empregados, todos os diretores precisam ser indicados pelo
governo. A fundação indica representantes para os conselhos fiscais e de
administração, interferindo diretamente na gestão de pelo menos 18
empresas das quais é acionista – uma lista que abrange setores tão
diversos como alimentos, infraestutura, logística e telecomunicações.
LOTEAMENTO POLÍTICO
Na
Funcef, terceiro maior do país, com R$ 56 bilhões de patrimônio, metade
da diretoria e dos conselheiros é eleita pelos participantes. O
restante é indicado pela Caixa, sempre com anuência do Palácio do
Planalto. Os salários dos diretores da fundação têm como parâmetro a
remuneração do vice-presidente do banco público e não podem ultrapassar o
teto constitucional de R$ 29,4 mil. O fundo de pensão mantém
investimentos em 176 empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo
(BM&FBovespa). Além de ter diretamente assentos nos conselhos de
administração de três delas, a fundação faz indicações para outros 48
cargos de conselheiros por ser cotista de fundos de investimento em
participação que são acionistas das companhias.
No Real Grandeza e
no Fapes, fundos de pensão de Furnas e do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), respectivamente, todos os
dirigentes são indicados pelas patrocinadoras, com aval do governo. Os
participantes só têm direito a eleger metade dos membros dos conselhos. O
Real Grandeza tem investimentos em 26 companhias e, em três delas, tem
assento em conselhos. O Fapes informou que não tem participação
relevante em empresas que garanta presença nos colegiados. Ceres, da
Embrapa, e Economus, dos funcionários da antiga Nossa Caixa, comprada
pelo BB, não se pronunciaram até o fechamento desta edição.
Poderosos
Ativos das grandes instituições de previdência do país
R$ 173 biPrevi
R$ 79 biPetros
R$ 56 biFuncef
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