15 de outubro de 2014 por mansueto
É impressionante o terrorismo eleitoral que se faz em cima dos
bancos públicos. Você que trabalha em um banco público, olhe ao seu
redor e me diga o que aconteceu nos últimos oito anos? Veja quem é o seu
chefe e notará que nem sempre ele é o mais competente e qualificado da
sua área.
Se você trabalha na sede do Banco do Brasil, no Setor Bancário Sul em Brasília, e almoça em um daqueles restaurantes self service
de R$ 30 a 40 o kilo, nós possivelmente já nos encontramos algumas
vezes. A minha rotina era almoçar ali todos os dias e aproveitar para
conversar com colegas dos bancos públicos que sempre me contavam de
alguns casos de indicações políticas para cargos de chefia no Banco do
Brasil e Caixa Econômica Federal.
Na Caixa Econômica Federal, outra instituição de excelência, o
excessivo controle do Planalto no direcionamento de alguns empréstimos
do Banco desagrada funcionários de carreira. O banco foi inclusive
obrigado a se tornar sócio de frigoríficos a pedido do governo. Olhe ao
seu redor e veja também se os mais competentes funcionários de carreira
estão sendo devidamente reconhecidos pela direção do Banco.
Há um grupo de pessoas que não consegue discutir ideias e tenta
inventar mentiras, com destaque para edição de um vídeo com o economista
Armínio Fraga que o Sindicato dos Bancários do DF colocou na sua página
na internet e que sugere, equivocadamente, que Armínio defende o
fechamento de bancos públicos. Não há a mínima possibilidade disso
acontecer.
O que o senador Aécio quer é justamente o contrário. Ele quer
fortalecer os bancos públicos, diminuir a ingerência política nessas
instituições e premiar funcionários de carreira que tenham se destacado
no cumprimento de suas funções.
Como todos sabem, o uso politico dos bancos públicos tomou uma
dimensão tão grande que a própria Caixa Econômica Federal (CEF),
incomodada com os atrasos de repasses de verbas para o pagamento dos
programas sociais, passou a questionar o seu Departamento Jurídico e a
AGU para ver se o Banco estava financiando o Tesouro Nacional, já que
passou a pagar benefícios sociais e não recebia os repasses de recursos
do Tesouro. O Banco Central e o Tribunal de Contas da União passaram a
investigar essas operações.
Ontem, amigos meus na CEF me falaram de uma suposta operação na qual
dois milhões de contratos com problemas (2.000.000!!!) foram repassados
da CEF para a EMGEA para “limpar” o balanço da instituição e estes
contratos não seriam contratos de financiamento habitacional. Será que
isso é verdade? Se for será mais um escândalo.
Há no entanto duas grandes mudanças planejadas para os bancos
públicos. Primeiro, o programa do senador Aécio quer despolitizar os
bancos públicos e valorizar os funcionários de carreira dessas
instituições. Não existirá mais pressão “de cima” para a CEF, por
exemplo, se tornar acionista de frigoríficos ou financiar o Tesouro
Nacional.
Segundo, o funding para os bancos públicos precisa ser devidamente
debatido e os custo explicitados para a sociedade como acontece com os
demais programas de politica pública. Não é normal o Tesouro Nacional
aumentar o seu endividamento em quase 10 pontos do PIB para emprestar
para bancos públicos, em especial o BNDES, quando deveríamos estar
debatendo uma fonte de recurso estável e permanente para todos os bancos
públicos que não fosse o aumento continuo da dívida em uma País que já
paga de juros mais do que a Grécia.
Um grupo de funcionários do Banco do Brasil (BB) me enviou um
documento no qual mostram que o Banco tem um fluxo de caixa confortável
mas que não tem uma situação confortável de capital próprio e, assim,
será necessário, no futuro, uma nova capitalização do BB. Isso é
verdade? Por que até agora o governo não resolveu este problema?
Assim, para que não fiquem dúvidas, o candidato Aécio Neves pretende
fortalecer o papel dos bancos públicos e o mesmo vale para Armínio
Fraga. Mas se o seu chefe de divisão for alguém tradicionalmente ligado
ao PT e sem competência para o cargo, há o risco de você funcionário de
carreira se tornar o chefe dele. Ele sim deve se preocupar, pois o
“chefe que chegou de São Paulo indicado pelo partido” será algo do
passado.
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