 
  Efraim Filho
Especial para o UOL
 Os fundos de pensão representam no Brasil uma grande caixa-preta. Pouca
 transparência, regulação confusa, um tema árido por onde poucos se 
aventuram a decifrar seus enigmas. Por outro lado, cifras bilionárias 
concebem o lastro que garante a aposentadoria de milhões de brasileiros,
 os quais depositaram recursos de toda uma vida confiando na proposta de
 mais segurança e tranquilidade no momento em que se aposentarem.
 Porém, esse panorama de fantasia já não existe. Os deficit dos fundos 
de pensão alcançaram valores tão significativos que chegam a colocar em 
xeque o futuro das pessoas e suas famílias. Foi neste cenário que foi 
concebida a CPI dos Fundos de Pensão, na qual recebi a desafiadora 
missão de presidi-la e revirar as entranhas dessa caixa preta.
 
Para se ter uma ideia do patrimônio envolvido, apenas os quatro fundos 
objetos de investigação somam R$ 350 bilhões em investimentos. Postalis 
(Correios), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa) e Previ (Banco do Brasil)
 representam quase 1 milhão de famílias e hoje tem deficit que se 
aproxima da marca de R$ 30 bilhões.
 Ao adentrar neste terreno 
hostil, descobrimos que parte desse deficit bilionário é fruto de riscos
 do mercado, mas em sua grande parte também da má gestão, temerária e 
fraudulenta. Desvios que revelam a face mais cruel de todos esses 
escândalos que assolam o Brasil: estão roubando dinheiro dos 
aposentados.
 Após quatro meses de investigação, já percebemos 
que o mesmo modus operandi do petrolão também é identificado nos fundos 
de pensão: o aparelhamento das instituições, o tráfico de influência e o
 direcionamento dos negócios para interesses político-partidários.
 ão tantos os desvios, que é crível afirmar que os fundos de pensão 
fizeram parte da máquina de corrupção para financiar o projeto de poder 
do governo do PT. Três dos quatro presidentes dos fundos são filiados ao
 partido do governo, o que facilita a inserção dos operadores no meio 
dos negócios bilionários.
 Figuras se repetem entre os mesmos 
escândalos, por exemplo o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, 
operador do esquema e com fortes indícios de coordenar o tráfico de 
influência entre os fundos. Esteve na quarta-feira passada (3) depondo 
em nossa comissão. Um depoimento polêmico, porque mesmo preso na 
Operação Lava Jato optou por ficar calado e não responder as perguntas. 
Na minha experiência parlamentar, nunca vi alguém que veio a uma CPI e 
ficar calado ser inocente.
 Se muitas comissões hoje iniciam com 
presunção de pizza, não será esse o destino da CPI dos Fundos de Pensão.
 Temos um pilar propositivo a ser apresentado que representará a 
modernização da legislação, hoje arcaica, e a redução das fragilidades 
que permitem que os fundos sejam saqueados quando comandados por 
gestores de má fé.
 No pilar investigativo, a atuação 
compartilhada com MP e Polícia Federal nos dá a expectativa de vários 
indiciamentos ao identificar inúmeros crimes cometidos, e assim estancar
 a sangria e resgatar ao aposentado a esperança de não ver o seu 
patrimônio dilapidado por um governo que se destaca por confundir o 
público com o privado. Não podem brincar com o futuro das pessoas e suas
 famílias, a sociedade precisa reagir e estamos fazendo a nossa parte. 
 
 
 
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