Caros consortes,
Sendo hoje uma sexta-feira quero deixá-los com uma matéria objeto de reflexão para o fim de semana.
A matéria data de 30 de abril de 2005 e versa sobre os danos e avarias do governo petista em denúncia feita por Valmir Camilo então Presidente da ANABB, um mês antes do mensalão quando a casa caiu e Pizzolato, que era Presidente do CD da PREVI, foi destituído e no Mensalão foram envolvidos BB, Previ, Daniel Dantas, Visa Net etc. Portanto, suponho que se explica o ódio dos petistas por Valmir Camilo, que infelizmente, não se candidatará às Eleições PREVI 2016.
Conselheiro diz que denunciará ação da Previ
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Associação Nacional de Funcionários do Banco
do Brasil (Anabb), Valmir Camilo, diz que pretende denunciar ao
Ministério Público Federal e aos
congressistas os dirigentes da Previ, fundo de pensão dos funcionários do BB. Camilo, que também é
conselheiro da Previ, acusa os demais dirigentes de estarem gerindo a Previ de acordo com interesses do governo e do PT.
Em entrevista à Folha, ele afirmou que presidente da Previ, Sérgio Rosa, e os demais conselheiros
ligados ao PT vêm fechando negócios sem prestar explicações
aos participantes da Previ. O objetivo seria arrecadar mais recursos
para a campanha petista nas eleições do próximo ano.
Além disso, diz ele, dirigentes
do fundo estariam agindo, ao lado
do PT, em favor da Companhia
Vale do Rio Doce (CRVD), em
que a Previ tem participação. Isso
estaria acontecendo em detrimento da Brasil Ferrovias, outra
empresa na qual a Previ é sócia.
Ele também critica a atuação no
setor de telecomunicações. "[A
disputa da Previ com o banqueiro
Daniel] Dantas é uma cortina de
fumaça para encobrir essa relação
espúria do PT com os italianos
[Telecom Italia]. Está na cara que
aí tem dinheiro grosso, de campanha", afirmou Camilo.
A Previ é acionista da Brasil Telecom e liderou os fundos de pensão na disputa com o grupo Opportunity, do banqueiro Daniel
Dantas. Até a última quinta-feira,
quando fechou um acordo com a
Telecom Italia, Dantas acusava os
fundos de pensão de jogarem
acompanhados dos italianos contra o Opportunity na disputa pelo
controle da operadora. Em entrevista concedida dois dias antes do
anúncio do acordo, Camilo seguiu pelo mesmo raciocínio.
"O Dantas tinha um acordo, [eu
sei] porque estava lá. Ninguém
me contou. A Previ ia comprar a
Embratel e fez um acordo com o
Opportunity", disse. "Os fundos
iam aparecer como donos da Embratel, e o Dantas ficaria administrando a
fixa [Brasil Telecom] escondido." Para Camilo, os atuais
dirigentes estão embarcando na
briga das teles "de gaiatos".
Logística
O presidente da Anabb questiona também a reestruturação societária da
Brasil Ferrovias, companhia em que a Previ é sócia majoritária. Na
avaliação de Camilo,
o negócio vem sendo conduzido
para beneficiar Vale do Rio Doce.
"Por que o PT faz questão, se ele
tem quatro vagas no Conselho da
Vale, de tirar todos os técnicos da
Previ de lá e botar quatro militantes do partido? Ele [PT] vai operar
a Vale junto com o Bradesco, sem
que a Previ possa saber", afirmou
durante a entrevista à Folha.
Questionado como a Previ não
saberia, uma vez que o presidente
do fundo também é presidente do
Conselho de Administração da
Vale, Camilo respondeu: "Mas ele
[Sérgio Rosa] não está a serviço
da Previ. Estaria a serviço de
quem? É inadmissível que existam quatro vagas no conselho administrativo de uma empresa que
representa 15% dos ativos da Previ e todos [os conselheiros indicados pelo fundo] sigam a mesma
linha de pensamento político,
sem nenhum técnico."
Alertado pela Folha da gravidade das acusações, Camilo afirmou
estar tranqüilo. "Eles [os dirigentes ligados ao PT] sabem que [as
provas] existem", disse.
"Se eles não têm responsabilidade, por que eu vou ficar segurando esse rojão? Eles estão operando
o sistema, pô!", disse Camilo.
Fiscalização
O presidente da Anabb informou também que procurou o
presidente do Banco do Brasil,
Rossano Maranhão, para relatar
problemas na Previ.
"A coisa não funcionou", disse.
"Qual é a capacidade que o Rossano tem hoje de chamar o Sérgio
[Rosa] lá e enquadrá-lo? Nenhuma." O presidente do BB assumiu
o cargo definitivamente há menos
de um mês. Segundo fontes da
instituição, nenhuma prova de
má gestão da Previ foi apresentada a ele por Valmir Camilo.
Na avaliação do presidente da
Anabb, o sistema de fundos de
pensão sofre com uma fiscalização viciada.
"O secretário [de Previdência
Complementar, Adacir Reis, era
assessor do ministro [da Secom,
Luiz] Gushiken. Esse setor está
sendo operado pelo Gushiken. As
pessoas administrando [os fundos de pensão] estão nas mãos
dele e quem controla e fiscaliza
também. Qual é a garantia dos
participantes?", indagou.
Prejuízo
Quanto a possíveis prejuízos aos
associados da Previ, Camilo disse
crer que faltará dinheiro para o
fundo de pensão no futuro. Isso
porque a entidade estaria usando
uma base de cálculo que não corresponde à realidade.
"Esse superávit [que a Previ registrou em 2004], a gente sabe que
é coisa de mercado. A Previ trabalha com uma tábua de mortalidade que não resiste no tempo. Joga
a reserva atuarial lá para baixo,
não é? E ainda sobra superávit",
disse o presidente da Anabb. "O
fundo tem de trabalhar com dados reais ou vai faltar dinheiro no
futuro. Eles não estão encarando
essa discussão."
Por conta de declarações do
presidente da Anabb à imprensa,
o senador José Jorge (PFL-PE)
apresentou um requerimento na
última quarta-feira convidando o
presidente da Previ e Valmir Camilo para se explicarem na Comissão de Assuntos Econômicos
(CAE) do Senado.
"Fui eleito [para o conselho da
Previ] com eles [dirigentes ligados ao PT]. Foi feito um acordo de
eleição [para dirigentes da Previ]
no ano passado. [O tempo passou] e estou aqui [no conselho da
Previ] há um ano. Um ano sem fazer nada, nada, nada", afirmou
Camilo. "Estou esperando ser
convidado para ir ao Congresso e
debater com parlamentares, começar uma discussão. O PT não
pode continuar operando os fundos de pensão como ele está operando. Fizeram um acordo para
ficar na moita. Eu rompo o acordo. Não vou ficar na moita, não.
Não cumprem nada com a gente", afirmou.