11 novembro, 2015

Com o pretexto de manter empregos, centrais sindicais defendem empreiteiras corruptas envolvidas na operação Lava-Jato

As centrais sindicais burocráticas [ CUT, Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Nova Central e CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) ], ligadas ao governo e aos setores da direita, mostraram que preferem a conciliação de classes com a burguesia a lutar pelos trabalhadores.



Usando como pretexto a preservação do emprego, essas entidades fecharam uma proposta que só favorece aos grandes capitalistas da construção civil. O pedido é para que as empresas envolvidas na operação Lava Jato possam manter e fechar novos contratos com o Poder público, mesmo em processo de investigação criminal por corrupção.



O documento com esta defesa, que tem relatório produzido em parceria com o Dieese, deve ser entregue, no dia 3 de dezembro, ao governo e aos empresários dos setores de petróleo, gás, construção pesada e naval. Após a discussão com essas grandes empresas, a proposta final deve ser encaminhada, no dia 9 de dezembro, ao Congresso Nacional, STF (Supremo Tribunal Federal), TCU (Tribunal de Contas da União), CGU (Controladoria Geral da União), Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), AGU (Advocacia Geral da União) e do TST (Tribunal Superior do Trabalho).



Para Paulo Barela, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, esta saída não é a solução nem para o país nem para os trabalhadores. “Mais do que exigir a devolução do que roubaram do Estado, é preciso que todos os corruptos e corruptores da operação Lava-Jato – também de outros processos de corrupção, como o Mensalão – sejam condenados e presos, e que seus bens sejam confiscados e colocados à serviço de políticas sociais em favor da população necessitada”, lista o dirigente.



Estas grandes corporações capitalistas são, conforme descreve Barela, “atores ativos históricos da corrupção no Brasil. Boa parte dessas empreiteiras nasceu sob os benefícios da ditadura militar-civil e seguiram se beneficiando das benesses do Estado ao longo dos governos seguintes”. Frisa que a impunidade até hoje é presente. “Essa política é mais uma forma de colocar panos quentes na corrupção do país. Serão favorecidas empresas que financiam políticos e elegem parlamentares, prefeitos, governadores e até o presidente, além de indicarem dirigentes de alto escalão no executivo”.



Sobre a questão da preservação do emprego, Barela explica que o governo deve “garantir o emprego estatizando todas as empresas envolvidadas na Operação Lava-Jato; aumentar os investimentos com um plano de obras públicas que possibilite a construção de estradas, hospitais, escolas e casas populares no país. E, dessa forma, também garantir a manutenção do emprego de todos os trabalhadores”.



Em pesquisa realizada pela revista O Empreiteiro, referência no setor dos capitalistas da construção civil, em 2013 a “Odebrecht teve receita bruta de R$ 10,14 bilhões, liderando o ranking das maiores empreiteiras do país, seguida pela Andrade Gutierrez (R$ 5,32 bilhões de faturamento), pela OAS (R$ 5,13 bilhões) e pela Camargo Corrêa (R$ 4,78 bilhões). Em quinto lugar, aparece a Queiroz Galvão (R$ 4,68 bilhões) e, depois, a Galvão Engenharia (R$ 3,95 bilhões). A sétima colocação do ranking é ocupada pela Construcap – com receita bruta de R$ 2,65 bilhões em 2013”.



Resumindo, uma proposta que favorece este, que é um dos grupos de empresários que mais exploram e roubam do Estado, “só revela mais uma atitude submissa dessas centrais sindicais aos interesses da burguesia. Mais uma vez CUT, CTB, Força Sindical e outras buscam uma saída para a crise política, neste caso provocada pela corrupção dos empreiteiros, beneficiando empresários e governos. Para nós da CSP-Conlutas, a proposta dessas Centrais é inadmissível e novamente coloca-se a necessidade de construir uma nova direção para a nossa classe contra a conciliação e os pactos com empresários e governos defendidos pela burocracia sindical em nosso país”, concluiu Barela.


 

CSP-Conlutas

Quarta, 11 de novembro de 2015
CSP-Conlutas - Central Sindical e Popular

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