Crise da dívida
Fundos de pensão brasileiros estariam negociando com credores da Argentina
Marcela Pagano
Após as
frustradas negociações dos bancos estrangeiros para comprar a dívida
dos chamados fundos abutres, agora entraram em cena os fundos de pensão
brasileiros. Mas por que eles poderiam adquirir essa dívida que deixou o
governo argentino em um impasse com um juiz de Nova York e credores?
Buenos Aires, 30 de agosto de 2014
Segundo
fontes do mercado financeiro, há três interessados que mostraram suas
propostas aos grupos de finanças NML e Aurelius para adquirir os bônus
que ambos têm, e que junto com os juros devidos – segundo a sentença do
juiz de Nova York Thomas Griesa – chegam a US$ 1,6 bilhão.
A oferta teria sido apresentada pelos fundos do Banco do Brasil, Petrobras e BNDES.
Os
fundos de pensão brasileiros teriam feito uma oferta para comprar o
julgamento contra a Argentina algumas semanas atrás. A primeira proposta
teria sido rejeitada, mas as negociações continuariam abertas. A
informação também se propagou nos círculos empresários de São Paulo.
Os
fundos brasileiros teriam oferecido 60 centavos por cada dólar de
dívida. “Os abutres querem 80 centavos e as discussões estão abertas”,
afirmam fontes privadas brasileiras.
Por que os brasileiros iriam querer ficar com a dívida da Argentina em mãos dos abutres?
“Porque
eles têm uma grande quantidade de títulos soberanos argentinos e também
investiram em ações de empresas locais. Se a Argentina continuar em
default e o acordo que o mercado espera que surja antes do fim do ano
não for alcançado, então esses ativos financeiros desabarão gerando
grandes perdas para os fundos”, explica uma fonte que seguiu de perto as
negociações dos holdouts.
(acima
os ministros Mantega, do Brasil, e Kicillof, da Argentina, no encontro
que tiveram em abril. Eles voltaram a se reunir na quinta, 28 de agosto)
Mantega
Na
última quinta-feira, 28 de agosto, o ministro da Economia, Axel
Kicillof, viajou de surpresa para São Paulo. Essa viagem não estava na
agenda do ministro nem na do seu colega brasileiro, Guido Mantega.
Kicillof
decidiu a viagem algumas horas antes do embarque e até alguns minutos
antes de entrar no avião pedia total hermetismo aos seus colaboradores.
Essa mesma reserva se manteve também uma vez finalizada a reunião com Mantega, na capital paulista.
O
pouco que foi divulgado pelas fontes oficiais é que a visita de
Kicillof respondia à necessidade de iniciar acordos que melhorassem a
delicada situação do setor automotivo. No entanto, ninguém pôde
responder sobre a razão da urgência de uma viagem que estava fora da
agenda.
Fontes do mercado financeiro disseram ao Clarín
que o verdadeiro motivo da reunião entre os ministros foi analisar a
possibilidade de um acordo para que as entidades financeiras brasileiras
obtenham a dívida em mãos dos fundos abutres.
Fonte: Clarín.com
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