- O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa participou de sessão da CPI da Petrobras, mas ficou em silêncio
O juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, negou nesta
segunda-feira (22) pedido da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)
mista da Petrobras para ter acesso à delação premiada do ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso em Curitiba.
Também foi rejeitado o mesmo pedido feito pela CGU (Controladoria-Geral
da União) e pela Petrobras.
O magistrado afirmou, em sua
decisão, que o testemunho de Costa ainda não foi homologado e está em
segredo de Justiça. Ele é o responsável pelos processos envolvendo a
operação Lava Jato, que investiga um esquema milionário de lavagem de
dinheiro que seria chefiado pelo doleiro Alberto Youssef, também preso
desde março deste ano. Processos com políticos citados na investigação
foram encaminhados ao STF (Supremo Tribunal Federal).
"Quando o
suposto acordo e os eventuais depoimentos colhidos sequer foram
submetidos ao Juízo, para homologação judicial, não permite o
compartilhamento, sem prejuízo de que isso ocorra no futuro", defendeu o
juiz em sua decisão que negou o acesso às informações de Costa.
O juiz liberou o acesso ao depoimento da ex-contadora de Youssef, Meire Poza. O despacho de Moro não cita o pedido de acesso à delação feito pela presidente Dilma Rousseff (PT).
Ele também reconheceu o "papel relevante da CGU e das CPIs na
investigação criminal e no controle da administração pública, bem como o
auxílio que a Petrobras S/A tem prestado, até o momento, para a
investigação".
Segundo as revistas "Veja" e "IstoÉ", o
ex-diretor da Petrobras revelou o nome de vários parlamentares e
governadores que teriam recebido propina para auxiliar na negociação de
contratos da Petrobras.
De acordo com as revistas, Costa citou o
presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), candidato ao
governo do RN, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o
ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) e o ex-governador de
Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto em agosto.
Também foram
mencionados os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Ciro Nogueira (PP-PI);
os deputados federais Cândido Vaccarezza (PT-SP) e João Pizzolatti Filho
(PP-SC); o ex-ministro das Cidades Mario Negromonte (PP) e o tesoureiro
nacional do PT, João Vaccari Neto.
Os políticos citados negaram que tenham recebido propina da estatal.
Costa foi convocado pela CPI para prestar depoimento na semana passada, mas decidiu permanecer calado para manter o acordo feito por causa da delação premiada. Na ocasião, parlamentares da oposição tentaram ligar o ex-diretor ao esquema do mensalão do PT.
O ex-diretor da Petrobras foi preso em março com a deflagração da
operação Lava Jato da Polícia Federal. Há suspeitas de que o ex-diretor
tenha destruído provas contra ele. Para tentar reduzir a pena em uma
possível condenação futura, Costa decidiu no meio de agosto contribuir
com as investigações, por meio de delação premiada.
A delação premiada
é a figura jurídica que prevê a redução de pena em condenação futura
quando o réu fornece informações que possam ajudar esclarecer outros
crimes. O conteúdo da delação é sigiloso e só deve ser revelado para não
comprometer a investigação feita pela polícia e pelo Ministério
Público.
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