Em entrevista ao Valor Econômico,
interlocutores próximos do executivo Sérgio Rosa afirmaram que o
ex-presidente da Previ, tem como provar que prestou serviços à OAS.
Dentro de um contrato entre "partes privadas", "ele [Rosa] tem provas
objetivas dos serviços prestados [à OAS]", disse uma fonte. Rosa é um
dos investigados da Operação Greenfield, da Polícia Federal, que revelou
um esquema de fraudes e superfaturamento nos principais fundos de
pensão do país.
Rosa é investigado por ter recebido "vantagem
pecuniária indevida" da OAS para que a Previ realizasse investimento de
interesse da empreiteira na Invepar, empresa que investe em
concessionárias de infraestrutura como o Aeroporto de Guarulhos e Metrô
Rio. Na Greenfield, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas
sedes da Invepar, no Rio, e da subsidiária do grupo, a Aeroporto de
Guarulhos Participações S.A. (Grupar), na semana passada.
Segundo a matéria do Valor,
a suspeita dos investigadores da Operação Greenfield é que pressões
políticas e lobbies realizados por grupos econômicos (OAS) tenham sido
determinantes para que as diretorias e os conselhos deliberativos dos
fundos de pensão das estatais tenham aprovado e realizado investimentos
na Invepar. A Invepar é controlada pela OAS (com 24,44% do
capital), Previ (25,56%), Funcef (25%) e Petros (25%). De acordo com a
investigação, estima-se que a participação acionária de cada fundo na
Invepar seja superior a R$ 2,5 bilhões.
"Se a Previ tomou decisões
de investimento que favoreceram a OAS à época [de Rosa], é preciso que
se apure, que se identifiquem as responsabilidades e, de acordo com a
legislação, se diga em que erros se incorreram. Mas até agora não está
demonstrado qual crime ele [Rosa] cometeu", disse uma das fontes ao
jornal. A fonte afirmou ainda que as decisões na Previ são colegiadas e
que, na hipótese de erro, haveria também responsabilidades da diretoria e
do conselho deliberativo à época, além da empresa que avaliou a
Invepar. Na Greenfield, não houve outras pessoas da Previ ou com
passagem pelo fundo no rol dos investigados.
Segundo esse
interlocutor, Rosa de fato fechou contrato de consultoria com a OAS em
2012, mais de dois anos depois de ter deixado a presidência da Previ, em
2010, e quando já não presidia mais a BrasilPrev, uma coligada do Banco
do Brasil. Rosa teria sido procurado por José Adelmário Pinheiro Filho,
o Léo Pinheiro, da OAS, e do encontro resultou um contrato de
consultoria que durou por mais de um ano até Pinheiro ser preso na
Lava-Jato. No total, Rosa recebeu da OAS dez prestações de R$ 60 mil
cada uma (R$ 600 mil), dinheiro que está depositado em conta ligada à
empresa criada pelo executivo para prestar o serviço, a R.S. Consultoria
e Planejamento Empresarial. A empresa prestou ainda serviços para outro
cliente.
Para a OAS, Rosa atuou coordenando projetos que tiveram a
participação de outras consultorias, segundo as fontes. Rosa dispõe de
troca de e-mails entre as consultorias envolvidas nos projetos e a OAS.
Havia no portfólio, no total, cerca de dez projetos que a OAS tinha
interesse de desenvolver. Entre eles, um projeto de
parceria-público-privada na na Ilha do Fundão, da UFRJ, no Rio, que não
foi adiante. Rosa também atuou em um projeto da OAS que visava, via
PPPs, dar uma destinação para áreas militares não utilizadas e em uma
iniciativa sobre melhores práticas de investimento em infraestrutura. Os
projetos foram parados com a prisão de Léo Pinheiro.
A matéria
ainda cita que de acordo com interlocutores próximos de Rosa, o
executivo tem afirmado que não é possível caracterizar os honorários que
recebeu da OAS como "recebimento indevido" pois foi um contrato feito
entre partes privadas. "Ele [Rosa] não estava na condição de agente
público quando firmou o contrato com a OAS", disse a fonte. E ironizou:
"Seria um caso em que, depois de favorecer o agente privado [a OAS], em
prejuízo do fundo [a Previ], ele [Rosa] recebeu a propina a prazo." A
Previ divulgou nota dizendo que a Invepar foi criada em 2000 e que hoje a
participação do fundo na companhia está contabilizada pelo valor de R$ 2
bilhões, com base em números do fim de 2015. "Considerando esse valor,
o retorno do investimento para a Previ representa 161,4% acima da taxa
atuarial", disse a fundação.
Uma das fontes afirmou que na gestão
de Rosa na Previ foi feita uma reestruturação na Invepar que foi
"benéfica" para o fundo de pensão pois a fundação não colocou dinheiro
novo na empresa e houve uma redução da participação acionária do fundo
via entrada de novos sócios na companhia (Petros e Funcef). "Foi feita
uma reestruturação da Invepar, na gestão de Rosa na Previ, que permitiu à
empresa, crescer, trazer novos sócios e aumentar sua capacidade de
investimento, além de ter melhorado a governança", disse um dos
interlocutores.
Rosa prestou depoimento no âmbito da Operação
Greenfield na semana passada. Mas segundo fontes próximas do executivo
não há no processo uma tipificação de crime contra Rosa. "Falam [no
processo] que ele [Rosa] teria recebido vantagem indevida, mas há uma
impropriedade no termo pois ele [Rosa] não tinha mais vínculo com o
setor público quando o contrato foi fechado, em 2012", disse um dos
interlocutores.
Rosa teve o passaporte cassado, não pode deixar a
cidade do Rio, ficou proibido, por decisão judicial, de exercer função
de direção em empresas privadas e foi suspenso para exercer funções no
mercado financeiro e de capitais. Segundo as fontes, o próprio executivo
comunicou à BRF e à Kepler Weber, onde tem cargos em instâncias
consultivas, que tinha sido envolvido na operação Greenfield. Ele ainda
deverá constituir advogado para defendê-lo no processo, segundo as
fontes.
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