Sergio Lima - 04.dez.2014/Folhapress | ||
Guido Mantega após discursar e receber prêmio da Academia Brasileira de Ciências Contábeis, em 2014 |
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi preso pela Polícia Federal em
nova fase da Lava Jato. Mantega estava no Hospital Albert Einstein,
onde sua mulher passa por tratamento médico.
A equipe da PF pretendia prender Mantega em sua residência, no bairro de
Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Na casa –que é alvo de buscas–,
entretanto, só estava seu filho. O ex-ministro acompanhava naquele
momento sua mulher em cirurgia no hospital Albert Einstein do Morumbi.
A Polícia Federal decidiu então ir até o hospital para encontrar
Mantega. "Nós só esperamos que não atrapalhem a cirurgia", afirma José
Roberto Batochio, advogado de Mantega.
A prisão é do tipo temporária, decretada em casos específicos. Sua
duração é de cinco dias, prorrogável por igual período caso comprovada
sua necessidade.
A 34ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação Arquivo X, cumpre
49 ordens judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão, 8 mandados
de prisão temporária e 8 mandados de condução coercitiva (quando a
pessoa é conduzida para prestar depoimento).
Além de Mantega, são alvos da operação executivos das empresas Mendes Júnior e OSX, do empresário Eike Batista.
Eles são investigados por supostos desvios na construção das plataformas
P-67 e P-70, da Petrobras, construídas para a exploração do pré-sal, em
2012.
A Polícia Federal tem indícios de que Mantega atuou diretamente junto à
direção de uma das empresas para negociar o repasse de recursos ao PT, a
fim de pagar dívidas de campanha.
Em depoimento ao Ministério Público Federal, o próprio empresário Eike
Batista declarou que foi procurado por Mantega para fazer um pagamento
de R$ 5 milhões ao PT, em novembro de 2012. Sob orientação do partido,
ele teria firmado um contrato fraudulento com uma empresa de publicidade
para realizar as transferências, feitas no exterior, num total de US$
2,35 milhões.
Os repasses suspeitos chegam a cerca de R$ 22 milhões. Entre os
beneficiados, estão a empresa Credencial Construtora (que, segundo o
Ministério Público, já foi usada pelo ex-ministro José Dirceu para
recebimento de propinas) e um operador financeiro já condenado na Lava
Jato.
São apurados os crimes, dentre outros, de corrupção, fraude em licitações, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
As determinações judiciais estão sendo cumpridas em cidades nos estados
de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e
Distrito Federal.
Guido Mantega foi ministro durante os governos de Lula e de Dilma
Rousseff e já havia sido alvo de condução coercitiva em maio, na 7ª fase
da Operação Zelotes.
Na época, o objetivo da Justiça Federal era apurar suposta ligação do
ex-ministro com empresa que é suspeita de comprar decisões do Carf
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), ligado ao Ministério da
Fazenda.
OUTRO LADO
Segundo o advogado da empresa Mendes Júnior Marcelo Leonardo "a empresa
estava em negociação de acordo de leniência e delação premiada e foi
surpreendida com a operação de hoje já que ela envolve fatos que fazem
parte do escopo da colaboração".
Ele acusa os procuradores de terem usado informações fornecidas pela empresa sem o acordo estar fechado.
FOLHA
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