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 Polícia Federal e o Ministério Público Federal deram, nesta 
segunda-feira (5), mais uma prova da sua incansável luta contra ilícitos
 e irregularidades no país. A Operação Greenfield, que tinha como alvo 
os fundos de pensão, prendeu o ex-presidente da Funcef Guilherme Lacerda
 e os ex-diretores Carlos Augusto Borges, Demósthenes Marques e Maurício
 Marcellini Pereira, além do ex-gerente da Petros Humberto Pires Grault.
Foram
 realizadas buscas em empresas que receberam recursos dos fundos, como a
 Eldorado Celulose, do grupo J&F, que administra a JBS, dos irmãos 
Joesley e Wesley Batista. O ex-presidente da OAS Léo Pinheiro foi levado
 para depor. 
Sofreram busca e apreensão os endereços de Carlos 
Fernando Costa, ex-presidente da Petros; de Pedro Barusco, ex-gerente de
 Engenharia da Petrobras e delator da Lava Jato; de Eugênio Staub, dono 
da Gradiente; e de Cristiano Kok, presidente do conselho de 
administração da Engevix. 
Houve ações nas empresas Engevix, OAS e
 WTorre, a IBG Eletrônica (nova Gradiente), a Sete Brasil, a GruPar 
(aeroporto de Guarulhos), o Santander, o Bradesco, a Invepar, um braço 
da OAS, a empresa de auditoria e consultoria Deloitte Touche Tohmatsu e a
 Rio Bravo Investimentos (do ex-presidente do BC Gustavo Franco).
Investigação
 aponta supostos prejuízos nos quatro maiores fundos de pensão de 
estatais do país - Funcef (dos funcionários da Caixa), Petros 
(Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Postalis (Correios). A principal 
suspeita é que os fundos adquiriram cotas em oito fundos de investimento
 por valores "superfaturados". 
Houve o bloqueio judicial de R$ 8 
bilhões, valor que corresponde ao suposto prejuízo em dez casos 
analisados.
Esses escândalos envolvendo os fundos de pensão 
merecem a maior rigorosa investigação e punição, como está acontecendo 
nesta operação. 
Fundos de pensão, Light, CSN, Vale do Rio Doce, 
Porto de Tubarão, Banespa... infelizmente não faltam histórias polêmicas
 envolvendo essas companhias, empresários e políticos no Brasil.
Em 2002, reportagem da revista Veja publicava, como destacou o Estadão de 4 de maio do mesmo ano, "denúncia
 contra o ex-diretor do Banco do Brasil e arrecadador financeiro de 
campanhas de José Serra (PSDB) e Fernando Henrique Cardoso, Ricardo 
Sérgio de Oliveira. Segundo reportagem de capa da revista, Oliveira 
teria pedido 15 milhões (não esclarece se em reais ou dólares), ao 
empresário Benjamin Steinbruch, que liderou o consórcio vencedor do 
leilão de venda da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).
Oliveira deixou a 
diretoria do Banco do Brasil após ser envolvido em denúncias 
semelhantes, nas privatizações das teles. O então senador Antônio Carlos
 Magalhães (PFL) afirmou que ele recebeu R$ 90 milhões para favorecer o 
consórcio Telemar."
O Estadão prossegue: "As 
megaprivatizações das teles e da CVRD aconteceram durante o primeiro 
mandato de Fernando Henrique. O dinheiro, segundo a Veja, teria sido o 
preço cobrado por Ricardo Sérgio para que fosse montado em torno de 
Steinbruch o consócio que venceu o leilão, com a participação de três 
dos maiores fundos de pensão do país. Veja garante que a história foi 
confirmada pelo ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de 
Barros e pelo ministro da Educação Paulo Renato Souza. Apresentado a 
José Serra e a Fernando Henrique Cardoso pelo ex-ministro Clóvis 
Carvalho, Oliveira foi coletor de fundos para as campanhas de José Serra
 a deputado federal, em 1990, e ao Senado, 1994, e das duas campanhas 
presidenciais de FHC, em 1994 e 1998. Segundo Magalhães, enquanto atuava
 como diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio era quem dava a palavra
 final nos investimentos do Previ, o fundo de pensões dos funcionários 
do banco." 
Nesta época, o diretor da Previ era Jair Bilachi.
Também
 foi publicado em coluna social da época que um diretor do Banco do 
Brasil teria puxado uma faca para o senhor Benjamin Steinbruch num 
restaurante, tudo isso em função das denúncias que haviam sobre as 
privatizações da Vale e da CSN.
Antes disso, em 1998, a Previ 
bancou um projeto milionário na Sauípe com a construção de um dos 
maiores complexos turísticos da América Latina, orçado na ocasião US$ 
200 milhões. O projeto, que incluía área de 1.750 hectare e a 
construção, foi adquirido da Odebrecht. Em 2000, uma conta extra de R$ 
160 milhões emperrou a conclusão do complexo turístico. Em 2010, a Previ
 retomou o projeto para tentar vendê-lo, encerrando um caso que somava 
R$ 1 bilhão entre investimento sem retorno e prejuízo. O relançamento 
custou mais R$ 30 milhões.
Ainda em 1998, veio à tona o escândalo 
dos grampos no BNDES com diálogos que tiveram entre os personagens o 
então presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro das Comunicações 
Luiz Carlos Mendonça de Barros, o presidente do BNDES André Lara Resende
 e o diretor do BB, Ricardo Sérgio de Oliveira. Em pauta, as 
privatizações.
A Folha de S. Paulo publicou, na ocasião, trecho que diálogo gravado:
"(...)
 já que FHC concordava com a operação, Lara Resende pede explicitamente 
para usar o nome do presidente como forma de pressão. Os dois discutem 
como acertar a entrada da Previ, no consórcio do Opportunity com o grupo
 italiano. A Previ também negociava com o consórcio Telemar, de Carlos 
Jereissati. Eis o trecho da conversa entre os dois:
André 
Lara Resende - Então, o que nós precisaríamos é o seguinte: com o grupo 
do Opportunity, nós até poderíamos turbiná-lo, via BNDES Par. Mas o 
ideal é que a Previ entre com eles lá.
Fernando Henrique Cardoso - Com o Opportunity?
Lara Resende - Com o Opportunity e os italianos.
FHC - Certo.
Lara Resende - Perfeito? Porque aí esse grupo está perfeito.
FHC - Mas... e por que não faz isso?
Lara Resende - Por que a Previ tá... tá do outro lado.
FHC - A Previ?
Lara
 Resende - Exatamente. Inclusive com o Banco do Brasil que ia entrar com
 a seguradora etc. que diz, não, isso aí é uma seguradora privada 
porque...
FHC - ... Não.
Lara Resende - Então, é muito chato. Olha, quase...
FHC - ...Muito chato.
Lara Resende - Olha, quase...
FHC - Cheira a manobra perigosa.
Lara Resende - Mas é quase explícito.
FHC - Eu acho.
Lara Resende - Quase explícito.
FHC - Eu acho.
Lara
 Resende - Então, nós vamos ter uma reunião aqui, estive falando com o 
Luiz Carlos, tem uma reunião hoje aqui às 6h30. Vem aqui aquele pessoal 
do Banco do Brasil, o Luiz Carlos etc. Agora, se precisarmos de uma 
certa pressão...
FHC- ...Não tenha dúvida.
Lara Resende - A ideia é que podemos usá-lo aí para isso.
FHC - Não tenha dúvida.
Lara Resende - Tá bom."
Se
 houve algum tipo de ilícito naquela época, parece ter sido menor do que
 os divulgados hoje. Mas a diferença é que as suspeitas do passado não 
foram apuradas.
Os fundos de pensão já vêm sendo usados em 
supostos esquemas de corrupção há muito tempo. Desta vez, extrapolou em 
valores, mas não se mede o ladrão pelo valor do roubo, e sim pelo 
ilícito que comete.
A privatização do Banespa é um caso curioso: 
era o maior banco do Brasil, maior do que o próprio Banco do Brasil. Era
 maior que a inadimplência dos serviços bancários, pois seus numerosos 
clientes eram abastados: milionários, pessoas física ou jurídica, do 
rico Estado de São Paulo.  
Em 2000 o Santander pagou o até então 
maior valor em reais já pago em uma privatização no Brasil, adquirindo o
 controle acionário do Banespa - cerca de 60% do capital votante do 
banco - por R$ 7,050 bilhões. O ágio pago foi de 281,02% sobre o preço 
mínimo de R$ 1,85 bilhão fixado pelo BC (Banco Central) para a parcela 
leiloada.
Veja publicou na época: "O Banespa foi definido 
pelo então presidente do Banco Central, Armínio Fraga, como a “joia da 
coroa” entre os bancos estatais. Em 2001, foi instaurada uma CPI para 
apurar irregularidades administrativas ocorridas durante o período em 
que o banco estatal paulista ficou sob o comando do BC. A comissão foi 
presidida por Fleury Filho. O relatório final da investigação não pediu 
indiciamento e indicou que motivações políticas, apoiadas em manobras do
 BC, culminaram na privatização do banco."
O Banespa ainda teve o 
privilégio de ter isenção do imposto de renda no momento da 
compra. Massacrou mais de 2 milhões de funcionários na sua companhia de 
previdência, e até hoje não honrou o tratado que tinha com eles, que 
brigam na Justiça por seus direitos.
Quais foram os privilegiados? Na distribuição dos agradecimentos, a generosidade protegia a fauna. 
Vale
 ainda lembrar que o presidente deste mesmo Santander, que ganhou de 
presente o Banespa -, e que agora também é citado na Operação Greenfield
 desta segunda-feira - dá conselhos ao Brasil em entrevista ao jornal O Globo neste domingo, afirmando que "posicionamentos ideológicos não ajudarão país."
Ontem
 mesmo este banco era citado em operação da Polícia Federal. Ele deveria
 realmente ter dado conselho ao seu governo, e não ao brasileiro. Já 
basta o que tentaram fazer, intervindo nas eleições divulgando documento
 contra candidata do PT. O caso teve tanta repercussão que, em seguida, 
seu presidente mundial veio ao Brasil se justificar. 
As 
desonestidades apontadas hoje pela Policia Federal, Ministério Público e
 Justiça de Brasília não se comparam aos números do passado, mas 
talvez individualmente os números do Banespa, mesmo menor que os das 
investigações atuais, só percam para os atuais denunciados de hoje, pois
 os lucros dos bancos apresentados nesses últimos anos permitem ter 
certeza que seus acionistas não lucraram menos do que 15 a 20% na média 
dos últimos anos.
 
 
 
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