BRASÍLIA - A Operação Greenfield — que investiga um esquema de desvio
de recursos dos maiores fundos de pensão do país — deflagrada na
segunda-feira, foi autorizada pela Justiça quase dois meses antes de ir
para as ruas. O primeiro despacho dado por um juiz é datado de 08 de
julho. De acordo com fontes ouvidas pelo GLOBO, a realização da
Olimpíada do Rio foi o principal motivo da postergação.
Por causa
da realização dos Jogos, a maior parte dos agentes da PF estava focada
na segurança de atletas e turistas e prevenção do terrorismo. E o s
policiais federais tinham de cumprir nada menos que 127 mandados de
prisão temporária, condução coercitiva e buscas em escritórios
particulares e prédios públicos em oito estados e no Distrito Federal.
Ao menos 560 policiais participaram da Greenfield. A maioria em São
Paulo e no Rio, onde a demanda por causa da Olimpíada era maior.
Outro
fator que pode ter interferido na data da operação é que uma ala da PF
defendia o cuidado de não fazer grandes operações perto do impeachment
para não interferir na votação no Senado.
TORNOZELEIRA PARA TODOS INVESTIGADOS
Tanto
no primeiro despacho quanto no segundo, de 12 de julho, os dois juízes
da 2ª Vara de Justiça não concederam um pedido específico do Ministério
Público Federal (MPF): uso de tornozeleira eletrônica pelos 40
investigados.
A Polícia Federal prendeu dois diretores do Funcef,
fundo de previdência dos funcionários da Caixa, e levou de forma
coercitiva para depor, Joesley Batista, um dos donos do Grupo J&F
Investimentos, Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e outros 26 grandes
empresários e executivos suspeitos de envolvimento em fraudes em Funcef,
Previ, Petros e Postalis, todos fundos de previdência de empregados de
estatais. Nos dez casos analisados até agora, as fraudes seriam de R$ 8
bilhões. Já o rombo gerado nos fundos pode chegar a R$ 50 bilhões.
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