As eleições para renovação da diretoria do Sindicato dos Bancários/CE ocorrerão entre os dias 7 a 9 de julho. Elas acontecem em um momento de profundo ataque do governo Dilma às conquistas dos trabalhadores, sem que haja qualquer reação e mobilização de classe dos explorados contra tais medidas concentradas no chamado “ajuste fiscal” neoliberal. Essa política defensiva e oportunista da burocracia sindical de conjunto se reflete no caráter político das duas chapas que concorrem para dirigir o sindicato. A Chapa 1 (O Sindicato é dos Bancários) representa a continuidade da burocracia sindical governista da CUT-PT/CTB-PCdoB que é guardiã dos interesses patronais porque foi cooptada política e materialmente pelo Estado capitalista. Um exemplo da política de colaboração de classes dessas direções governistas foram as iniciativas demagógicas de chamar meros dias nacionais “sem luta” para combater a política de ajuste fiscal do governo Dilma, a exemplo da PL 4330 (terceirizações), descolados completamente de um plano de lutas que apontasse para uma verdadeira Greve Geral em defesa de nossos direitos. No tocante às nossas campanhas salariais, também já conhecemos sua política de conluio com o governo Dilma e os banqueiros: aprovação de pautas rebaixadas em fóruns completamente viciados da Contraf, embelezamento das esmolas da Fenaban, quebra da unidade da categoria, fragmentando a mobilização e dividindo os bancários em assembleias específicas por banco, substituição da luta pela reposição e aumento real dos salários por abonos e PLR’s miseráveis, etc. Diante da enorme e crescente insatisfação da base da categoria e numa clara manobra preventiva para perpetuar-se na direção do sindicato, a camarilha governista teve a cara de pau de, em março/2014, realizar mudanças estatutárias burocráticas para, por exemplo, alterar de 3 pra 4 anos o mandato da diretoria e dificultar a inscrição de chapas de oposição, aumentando o número mínimo de cargos para se inscrever uma chapa que passou de 41 para 95 membros!!!
A Chapa 2 de Oposição (Resgatar o Sindicato para os Bancários) é impulsionada pelo PSTU/MNOB e PSOL/MaisBancários. Conta com a participação de ativistas independentes dos bancos públicos e apenas três bancários de bancos privados, setor que representa em torno de 30% do eleitorado, que é completamente desprezado. Não é novidade que o PSTU e PSOL adotam uma política oportunista de uma ampla aliança com setores governistas ou semigovernistas para compor a chapa de oposição, ao mesmo tempo em que, historicamente, hostilizam qualquer debate programático e promovem a divisão e o veto/exclusão político-partidário contra companheiros do Movimento de Oposição Bancária (MOB), particularmente a camarada Hyrlanda Moreira, funcionária do Bradesco e militante da LBI que possui um histórico trabalho de oposição nos privados. Foi assim, com uma política irresponsável de divisão sem princípios e com métodos burocráticos que nas eleições de 2009 e 2012, o PSTU e o PSOL dividiram o movimento e romperam, às vésperas das eleições, todos os organismos de frente única como o MOB em 2009 e a Frente Bancária de Oposição (FBO), em 2012, construídos entre as correntes e ativistas independentes para debater e amadurecer posições divergentes em torno de um programa que culminasse na formação democrática de uma chapa de oposição e, não em um conchavo entre as correntes.
POLARIZAÇÃO ELEITORAL SEM PROGRAMA... SÓ PELA DISPUTA DO APARATO SINDICAL
Agora, para 2015, aprofundaram essa política sectária e criminosa de fragmentar as oposições e dispersar forças militantes e, mais uma vez, inviabilizaram o debate para a construção de uma chapa verdadeiramente classista e unitária no campo da Oposição, a partir de um programa que clarificasse as divergências entre as organizações, correntes e o ativismo militante das oposições, capaz de delimitar terreno com a burocracia governista da CUT-CTB. O que se vê é que a Chapa 2, ligada ao PSTU e ao PSOL, apresenta um programa propositadamente genérico, ambíguo e rebaixado. É omisso nas questões realmente divisoras de águas no movimento como tipo de concepção sindical, caráter do governo Dilma e definição de oposição em relação ao governo do PT, a solidariedade internacional aos povos atacados militarmente pelo imperialismo, a desfiliação do sindicato da CUT chapa branca, a luta contra a mesa única (geral) da Fenaban, defesa da mesa única dos bancos públicos contra o corporativismo das mesas e negociações específicas por banco, etc. A chapa 2 simplesmente cala-se sobre tais questões para não ferir interesses acomodados da chapa, preferindo levantar bandeiras de caráter meramente organizativo e corporativo, generalidades que cabem em qualquer bandeira. Fragmentar a oposição, adular setores governistas ou semigovernistas e mascarar divergências perante a base da categoria estão na contramão de arrancá-la da influência da CUT-CTB. Prova disso, é que o grau de aproximação política do PSTU e do PSOL com a burocracia chapa branca, inclusive formando chapas sindicais conjuntas pelo país afora com tais setores em diversos sindicatos, tem expressão na sua crescente capitulação programática. Um exemplo dessa traição acontece no Sindicato dos bancários de S. Paulo onde o PSOL/Intersindical está junto com a burocracia da CUT na direção da entidade. Não é a toa que a Intersindical deixa cair a máscara e sequer apoia a chapa 2, devido a seus estreitos laços e compromissos com a burocracia sindical da CUT.
Nós militantes construtores do MOB compreendemos a necessidade de mudanças que os bancários exigem para novos rumos da luta, no entanto, essa mudança não pode ser cosmética, não queremos contribuir para a formação de uma nova burocracia sindical, de esquerda, que antes mesmo de chegar a dirigir nossa entidade, já reproduzem os mesmos métodos de exclusão e manobras antidemocráticas que a burocracia da CUT/CTB utiliza contra todos nós nos embates da luta de classes. Afinal, é ou não uma contradição, o PSTU e PSOL defenderem a unidade, democracia e pluralidade política quando praticam o oposto: exclusão, censura e veto políticos para impor sua política reformista e palatável? Ou mesmo, falarem em independência de classe quando buscam alianças com os governistas, seja na direção dos sindicatos ou unidade com as centrais sindicais pelegas e chapas brancas, encaminhando atos e manifestações conjuntas?
VOTO NULO PELA CONSTRUÇÃO DE UMA ALTERNATIVA CLASSISTA PARA OS BANCÁRIOS
Na contramão desse pragmatismo eleitoral, nós construtores do MOB não escondemos nosso programa nem o que pensamos em nome de qualquer cálculo eleitoreiro. Nosso critério para aferir uma posição nessas eleições é analisar o método, o programa e a própria composição política da chapa. Por isso, diante dessa realidade e em respeito a categoria e nossa própria coerência, o MOB defende o VOTO NULO nessa disputa eleitoral que, certamente, é bastante polarizada, sob aspectos completamente secundários, pois ambas as chapas apenas surfam na onda de descontentamento passivo da categoria (desfiliação do sindicato, ausência nas assembleias e piquetes, greves de “pijama”, etc). Buscamos construir uma unidade, a partir de um debate claro e fraterno, para amadurecer posições políticas e uma compreensão comum das tarefas para forjar uma alternativa de direção combativa. Não aceitamos exigências ultimatistas, nem adesão sem princípio.
Para derrotar o governo burguês de Dilma e sua política de ajuste fiscal neoliberal, privatização e de arrocho salarial faz-se necessário romper o cerco burocrático às lutas, a partir de uma política de independência de classe que centralize o combate com métodos de ação direta. O trabalho deve ser de base, enraizado nos bancos públicos e privados, e não pode simplesmente ser substituído pela militância virtual e midiática de facebooks, twitters, whatsApps, e-mails, que são instrumentos acessórios desse trabalho. Por fim, é preciso compreender que a eleição para o sindicato e a sua conquista não é um fim em si mesmo, mas sim um dos terrenos onde se trava a luta contra o regime de exploração capitalista. Reconhecemos as dificuldades e pressões que sofre a pequena vanguarda marxista nesse período reacionário da luta de classes, produto da contra revolução capitalista de 1991-92 que destruiu a URSS. Esta derrota histórica-mundial levou a um profundo retrocesso na consciência de classe, transformando os sindicatos em meros órgãos disciplinados no marco do regime, cuja atividade limita-se aos períodos de campanha salarial, onde a burocracia coloca-se à cabeça das mobilizações para melhor decapitá-las. Afinal, nenhuma atividade espontânea (mobilização) ou a atividade imediata (sindicalismo) gera consciência de classe socialista, pois ela não é produto da prática diária e instintiva da classe. Por isso, é fundamental o papel de uma direção combativa. Nesse sentido, o MOB, impulsionado pela TRS/LBI, chama os lutadores a agruparem-se sob a bandeira da independência de classe e a travarem uma clara delimitação política que, através de um sistemático e paciente trabalho de base seja capaz de desenvolver e fortalecer um núcleo de lutadores que não se vergue às chantagens da burocracia sindical governista nem ao oportunismo da burocracia de esquerda, domesticada e adaptada politicamente a acomodar seus interesses de aparato.
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