24 setembro, 2015

Impacto nas empresas

por Alvaro Gribel
A alta do dólar vai ter um forte impacto no balanço das empresas de capital aberto. Segundo Einar Rivero, da Economática, cerca de 45% das dívidas das companhias listadas na Bovespa estão em moeda estrangeira. No balanço do segundo trimestre, isso representava em torno de R$ 540 bilhões. Com a valorização de 32% do dólar no período, o número pode saltar para R$ 712 bilhões.


Vai pagar quanto?

A projeção ilustra como a forte alta da moeda americana altera o panorama das empresas e deixa o mercado com grande dificuldade de precificar o valor das companhias. “O número é só uma estimativa, porque o dado real só será possível saber depois da divulgação dos balanços. Algumas companhias podem ter reduzido ou aumentado a dívida no trimestre, outras podem ter feito hedge, o que diminui o endividamento líquido”, explicou Einar.

Dívida já vem crescendo

O gráfico mostra como o endividamento já vem crescendo na bolsa, não só em termos nominais, mas também em relação ao valor de mercado das empresas. De um lado, sobe a dívida, de outro, cai a cotação dos papéis, com a recessão. Em dezembro de 2010, o endividamento correspondia a 30% da Bovespa. Em julho deste ano, havia subido para 73%. “Com o mesmo nível de dívidas, a proporção chegaria a 82% no terceiro trimestre porque o valor das empresas já caiu”, explica Einar Rivero.
Máquina de calcular
Para Álvaro Bandeira, economista do Banco Modal, a hora é de refazer as contas para entender os efeitos do câmbio sobre as companhias. A empresa que tem dívida em dólar vai ter que fazer hedge (contratos de proteção), que ficou mais caro pela perda do grau de investimento do país. Além disso, há o gasto financeiro com as dívidas mais altas. “As exportadoras vão ganhar competitividade com o dólar mais alto, mas costumam também ter dívidas em moeda estrangeira. São muitos indicadores mudando rapidamente ao mesmo tempo. Isso aumenta a incerteza para os investidores”, disse o economista.

Luz no fim do túnel

Depois de longos meses de queda na bolsa e alta no dólar, Álvaro Bandeira avalia que há muitos ativos baratos no país. Ou seja, se o governo conseguir superar o clima de incerteza, as ordens de compra podem voltar com força.

“Se o governo conseguir aprovar as reformas e dar um choque de credibilidade, acredito que o Brasil volta rapidamente a atrair investimentos. Há muitos ativos baratos no país. O problema é esse clima de incerteza.”
Álvaro Bandeira (economista do Banco Modal)

Descascar o abacaxi

O fundo de pensão da Caixa Econômica (Funcef) avisou a funcionários, aposentados e pensionistas que eles terão que arcar com metade do déficit de R$ 5,5 bilhões que foi acumulado nos últimos três anos. Houve perdas com as quedas na bolsa e provisionamentos judiciais, segundo a revista da Funcef. Mas é bom lembrar que o fundo fez investimentos questionáveis, como o aporte de R$ 1,3 bilhão na Sete Brasil, empresa criada em 2010 e que já entrou em reestruturação, atingida pela Lava-Jato.

O GLOBO

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