28/07/2016 - 05h18
A História julgará se a presidente afastada Dilma Rousseff fez bem ou mal em não renunciar ao cargo e perder a voz de tanto repetir que fora vítima de um golpe, para ao fim e ao cabo ter seu mandato cassado pelo Senado, e seus direitos políticos suspensos por oito anos.
O percentual dos brasileiros favoráveis ao impeachment diminuiu quase
nada desde que a Câmara dos Deputados autorizou a instauração do
processo. A Dilma ou a Temer, pouco mais de 60% dos ouvidos em pesquisas
preferem a eleição de um novo presidente.
Mas quando se trata de escolher apenas entre Dilma e Temer, quase
metade dos brasileiros prefere que o presidente provisório se torne
definitivo. Os números podem não ser bons para Temer, mas
definitivamente são muito ruins para a presidente às vésperas de ser
despachada para o exílio.
Para arrematar tamanho infortúnio, Dilma vem sendo obrigada ultimamente
a abandonar o ataque para defender-se de perigosos disparos feitos em
sua direção. João Santana, o marqueteiro de suas campanhas, foi o autor
do primeiro deles.
Interrogado pelo juiz Sérgio Moro, Santana admitiu ter sido pago no
exterior por parte dos serviços prestados a Dilma quando ela se elegeu
em 2010. Isso configura crime, cometido por Santana numa ponta e na
outra pela empreiteira que o pagou a pedido do PT.
Dilma disse desconhecer a existência do pagamento. Para em seguida
afirmar que nada tivera a ver com ele. Para por último jogar a culpa no
PT. Sim, a campanha dela nada ficara devendo a Santana. Se alguém ficara
devendo, segundo Dilma, fora o PT.
Problemas com os Jogos Olímpicos a uma semana da sua abertura oficial?
Sem que ninguém a culpasse por eles, Dilma fez questão de adiantar-se e
dizer que a responsabilidade por eventuais problemas cabe ao prefeito
Eduardo Paes, do Rio.
Paes sempre foi um fiel aliado de Dilma, embora jamais tenha merecido a
confiança dela. Ao farejar o impeachment, trocou Dilma pelo governo
futuro de Temer. Não foi o único político a proceder assim. Mas é o
candidato natural à guilhotina se as Olimpíadas forem um fracasso.
O mais recente disparo capaz de produzir sério estrago na imagem de
Dilma foi a denúncia – mais uma – de irregularidades em sua campanha à
reeleição. Tem a ver com uma empresa fantasma, dona de um único
notebook, que recebeu R$ 4,8 milhões para ajudar a eleger Dilma.
A presidente afastada ainda nada disse a respeito. Em breve dirá. Como
em breve se veja forçada a dizer alguma coisa sobre novas delações a
serem colhidas pela Lava-Jato. Há várias no forno. E quase todas com
capacidade de gerar grande desconforto para Dilma.
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