30 julho, 2016

Dilma sai do ataque para a defesa

28/07/2016 - 05h18 

A História julgará se a presidente afastada Dilma Rousseff fez bem ou mal em não renunciar ao cargo e perder a voz de tanto repetir que fora vítima de um golpe, para ao fim e ao cabo ter seu mandato cassado pelo Senado, e seus direitos políticos suspensos por oito anos.


O percentual dos brasileiros favoráveis ao impeachment diminuiu quase nada desde que a Câmara dos Deputados autorizou a instauração do processo. A Dilma ou a Temer, pouco mais de 60% dos ouvidos em pesquisas preferem a eleição de um novo presidente.

Mas quando se trata de escolher apenas entre Dilma e Temer, quase metade dos brasileiros prefere que o presidente provisório se torne definitivo. Os números podem não ser bons para Temer, mas definitivamente são muito ruins para a presidente às vésperas de ser despachada para o exílio.

Para arrematar tamanho infortúnio, Dilma vem sendo obrigada ultimamente a abandonar o ataque para defender-se de perigosos disparos feitos em sua direção. João Santana, o marqueteiro de suas campanhas, foi o autor do primeiro deles.

Interrogado pelo juiz Sérgio Moro, Santana admitiu ter sido pago no exterior por parte dos serviços prestados a Dilma quando ela se elegeu em 2010. Isso configura crime, cometido por Santana numa ponta e na outra pela empreiteira que o pagou a pedido do PT.

Dilma disse desconhecer a existência do pagamento. Para em seguida afirmar que nada tivera a ver com ele. Para por último jogar a culpa no PT. Sim, a campanha dela nada ficara devendo a Santana. Se alguém ficara devendo, segundo Dilma, fora o PT.

Problemas com os Jogos Olímpicos a uma semana da sua abertura oficial? Sem que ninguém a culpasse por eles, Dilma fez questão de adiantar-se e dizer que a responsabilidade por eventuais problemas cabe ao prefeito Eduardo Paes, do Rio.

Paes sempre foi um fiel aliado de Dilma, embora jamais tenha merecido a confiança dela. Ao farejar o impeachment, trocou Dilma pelo governo futuro de Temer. Não foi o único político a proceder assim. Mas é o candidato natural à guilhotina se as Olimpíadas forem um fracasso.

O mais recente disparo capaz de produzir sério estrago na imagem de Dilma foi a denúncia – mais uma – de irregularidades em sua campanha à reeleição. Tem a ver com uma empresa fantasma, dona de um único notebook, que recebeu R$ 4,8 milhões para ajudar a eleger Dilma.

A presidente afastada ainda nada disse a respeito. Em breve dirá. Como em breve se veja forçada a dizer alguma coisa sobre novas delações a serem colhidas pela Lava-Jato. Há várias no forno. E quase todas com capacidade de gerar grande desconforto para Dilma.
 


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