28 outubro, 2015

Advogado confirma desvio de dinheiro de fundos de pensão para pagamento de propinas

Advogado confirma desvio de dinheiro de fundos de pensão para pagamento de propinas

O advogado Carlos Alberto Costa confirmou nesta terça-feira (27), em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão, que houve desvio de recursos do fundo de pensão da Petrobras, o Petros, para pagamento de propinas, bem como o envolvimento do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto nas operações. Costa é um dos delatores da Operação Lava Jato.

Segundo ele, a empresa CSA Project Finance, na qual trabalhava, captou R$ 13 milhões do Petros para investir em cédulas de crédito bancário, em troca de pagamento de propina a diretores do fundo. Costa afirmou também que Vaccari participou de reuniões na CSA para tratar das operações com um dos donos da empresa, o empresário Cláudio Mente.

A avaliação dos deputados da CPI é a de que esse foi o depoimento mais importante até agora. O presidente da comissão, deputado Efraim Filho (DEM-PB), acredita que as informações de Costa demonstram o elo entre as irregularidades nos fundos de pensão e a influência política.

“Um investimento de R$ 13 milhões da Petros que deu uma propina de R$ 3 milhões de retorno, dos quais R$ 500 mil foram para um diretor da Petros — isso é um elemento fortíssimo, talvez o mais forte que tivemos até agora de que o tráfico de influência e o aparelhamento das instituições realmente aconteciam”, ressaltou Efraim Filho. “Era o senhor João Vaccari Neto dentro de uma empresa que reconhecidamente e confessadamente fez e operou fraudes junto ao Petros, dando prejuízo num negócio de R$ 13 milhões”, acrescentou.

Debêntures

Costa também acusou o doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Lava Jato, de tentar vender R$ 50 milhões em debêntures da empresa de turismo Marsans, ao fundo de pensão da Caixa Econômica Federal, o Funcef, e ao fundo dos Correios, o Postalis. O negócio, no entanto, não se concretizou devido à Lava Jato e à prisão de Youssef. A Funcef informou que nem chegou a cogitar essa negociação, por não se enquadrar na sua política de investimentos.

O doleiro confirmou que os quatro fundos federais investigados pela CPI — Petros, Funcef, Postalis e Previ — não participaram da operação, mas que fundos municipais e estaduais tiveram prejuízos após a falência da empresa.

Depoimento de Yousseff

O relator da CPI, deputado Sergio Souza (PMDB-PR), saiu decepcionado do depoimento de Youssef, que também compareceu à CPI nesta terça-feira: “Para mim, ele iria falar alguma coisa que interessasse à CPI, porque há notícias do envolvimento dele com João Vaccari Neto, com os fundos de pensão. E de repente ele vem aqui como o paladino da moralidade, inclusive alegando haver tido prejuízo.” Sergio Souza não descarta pedir o indiciamento, em seu relatório final, de políticos e empresários ligados a operações financeiras fraudulentas com recursos dos fundos de pensão.

Ao rebater alegações feitas pouco antes na CPI por Carlos Alberto Costa, Youssef negou envolvimento em operações com o Petros e disse desconhecer o pagamento de propinas com dinheiro do fundo. Ele também negou ter participado de reuniões com Vaccari. “Ouvi dizer no mercado que o Vaccari era um dos operadores de alguns fundos de pensão, como Petros e Funcef, mas só ouvi dizer”, disse.

Youssef informou que sua delação premiada contém só dois relatos sobre os fundos de pensão: a tentativa de vender debêntures para Funcef e Postalis, que não se concretizou; e outros investimentos de fundos municipais e estaduais no fundo “Viagens Brasil”, da empresa Marsans. “Além disso, não sei de mais nada”, argumentou. O doleiro tinha habeas corpus para ficar em silêncio, mas optou por responder a todas as perguntas da CPI.







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