Eraldo Peres/Associated Press
O ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) |
Sentado à cabeceira da mesa da sala que abriga a liderança do PMDB no
Senado, Renan ouviu atentamente a sindicalistas e fez um discurso duro
em que chamou a reforma trabalhista de "retrocesso" e disse que as
mudanças vão piorar ainda mais a crise financeira que assola o país.
"Estamos diante de uma coisa terrível e muito grave, uma revisão da
reforma trabalhista como um todo e a revogação de cláusulas da
Constituição. Uma coisa é atualizar, modificar e transformar, outra é
desmontar", afirmou Renan sob aplausos de integrantes da Força Sindical,
CUT (Central Única dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil), CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros),
entre outras.
Terceirização votada na Câmara tem 3 itens pró-trabalhador; proposta do Senado tem 50
Terceirização votada na Câmara tem 3 itens pró-trabalhador; proposta do Senado tem 50
O ex-presidente do Senado tem se comportado como líder da oposição e
feito críticas recorrentes às reformas propostas pelo governo Temer.
Ao lado da senadora Katia Abreu (PMDB-TO), uma das poucas peemedebistas
que endossam seu discurso na bancada, Renan se comprometeu a prolongar a
discussão do da reforma trabalhista no Senado, ao contrário do que ele
argumenta ter sido feito na Câmara.
Segundo Renan, o texto-base do relatório da reforma trabalhista,
aprovado nesta terça (25) na comissão especial da Câmara que trata do
tema, foi feita "da noite para o dia", de modo a tornar sua sanção
"irreversível".
"Já conversei com Eunicio [Oliveira, presidente do Senado] e, por mais
acelerado que ele seja, não será acelerado ao ponto de impedir a
interlocução com a sociedade, centrais sindicais e movimentos sociais",
disse Renan.
Uma das prioridades de Temer em 2017, a reforma trabalhista traz como
algumas das principais modificações a prevalência do negociado entre
patrões e empregados sobre a lei, a possibilidade de fracionamento das
férias em três períodos, restrições a ações trabalhistas, regulamentação
de contratos provisórios e fim da obrigatoriedade da contribuição
sindical.
Líder da Força Sindical, o deputado Paulinho da Força (SD-SP), que
participou da reunião com Renan, disse que o peemedebista poderá ajudar
no debate do Senado, para reverter pontos que ele vê como "destruição"
da estrutura sindical e retirada de direitos dos trabalhadores.
Em tom combativo, Renan disse que o caminho da "pejotização" é "sem
sentido" e "burro" e que os sindicalistas poderão contar com ele nos
discursos contra as mudanças. "Meu gabinete está aberto. Contem comigo",
finalizou o peemedebista.
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