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Giuliano Gomes/Folhapress
Antonio Palocci, preso na 35ª fase da Lava Jato, deixa IML em Curitiba após realizar exame |
O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci deu o primeiro passo para sua
delação premiada. Há cerca de duas semanas ele teve uma reunião com a
força-tarefa de Curitiba na Polícia Federal em Curitiba, onde está preso
desde setembro de 2016.
Pessoas ligadas a Palocci dizem que os principais temas que o político
pretende tratar envolvem corrupção de empresas do sistema financeiro,
como bancos, além de conglomerados que não integram grupos de
empreiteiras.
Na lista também há fatos ligados ao ex-presidente Lula - de quem ele defendeu interesses econômicos - e às campanhas do PT.
Também estava na reunião com a força-tarefa da Lava Jato o delegado
Felipe Pace, que conduziu investigações que prenderam o político. Desde
2016 a PF não participa de delações negociadas pelo MPF e PGR
(Procuradoria-Geral da República).
Há um ano, o procurador-geral Rodrigo Janot entrou com uma ação no STF
(Supremo Tribunal Federal) para proibir a PF de negociar delação
premiada.
Segundo a Folha apurou, a sugestão para que a PF sentasse à mesa
partiu do empreiteiro Marcelo Odebrecht, que assinou delação em
dezembro. Ele e Palocci estão presos na carceragem de Curitiba.
Marcelo teria dito que enfrentou problemas em temas da delação sobre os
quais os procuradores não tinham tanto conhecimento. Ele teria
argumentado que a PF pode ajudar a dar foco em assuntos mais relevantes,
daí a tentativa de Palocci de incluir os federais em seu acordo.
A colaboração com o MPF é vista por especialistas como mais vantajosa,
já que nela pena e multa são determinadas na negociação. Porém, dividir
as tratativas com outro órgão pode ajudar a reduzir a pressão dos
procuradores sobre o potencial delator.
Um delegado chegou a procurar o juiz Sergio Moro para informar que
Palocci queria negociar com a PF, mas o magistrado disse que era preciso
incluir o MPF.
Nesta terça (18), o STJ (Superior Tribunal de Justiça) marcou o julgamento do pedido de liberdade de Palocci.
A Folha apurou que o petista tem dito que tem pouca chance de êxito -ainda mais com a publicidade das delações da Odebrecht.
Neste mês, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, negou liberdade provisória a Palocci.
Outro ponto que pesou para Palocci decidir tentar a delação é a
negociação de seu ex-assessor, Branislav Kontic com investigadores. Os
dois foram presos no ano passado, mas Kontic deixou a prisão após dois
meses por decisão da Justiça.
Palocci é réu por corrupção e lavagem em um processo conduzido por Moro.
Há, no entanto, outras ações que miram Palocci, como a que investiga sua
atuação na compra de terreno que abrigaria o Instituto Lula.
A primeira opção do ex-ministro para conduzir sua delação era o advogado
Marlus Arns, que fechou o acordo do ex-vice-presidente da Camargo
Corrêa Eduardo Leite.
O criminalista, porém, declinou do caso por questões financeiras. Arns
argumentou que já atende o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está
com os bens bloqueados, e que não poderia ter outro cliente sem
condições de pagar.
O advogado Roberto Batochio, que além de Palocci defende o ex-ministro
Guido Mantega e o ex-presidente Lula, disse que deixará o caso se o
cliente tomar a decisão de firmar acordo de delação. "Ele não falou nada
para mim nesse sentido", afirmou.
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