Veja a cronologia do inferno astral da Petrobras
Paulo Whitaker - 24.fev.2015/Reuters
24.fev.2015
- Petrobras perde o grau de investimento, espécie de selo de segurança
para o investimento, da agência de classificação de riscos Moody's. O
motivo é a dificuldade da empresa em publicar o balanço auditado e
levantar dinheiro no mercado de capitais. Leia mais
Os 60 mil participantes do principal fundo de pensão da Petrobras serão
chamados a dar sua contribuição para cobrir um rombo que já dura três
anos na Petros, fundação que administra a previdência privada da
estatal.
A instituição confirmou que o Plano Petros do Sistema Petrobras (PPSP)
fechará 2015 com déficit e precisará passar pelo processo chamado de
equacionamento, no qual aposentados e trabalhadores da ativa têm um
desconto em seus vencimentos.
Os trabalhadores prometem questionar o processo na Justiça, alegando que
a direção da Petros tem se recusado a cobrar dívidas que a Petrobras,
patrocinadora do plano, tem com a fundação.
O resultado de 2015 ainda não foi divulgado, mas o plano já acumulava
deficit de R$ 15 bilhões em outubro, último balanço disponível. A
expectativa de conselheiros da Petros é de que o rombo anual chegue a
quase R$ 20 bilhões.
O PPSP é o principal plano administrado pela Petros. Seus participantes,
sejam aposentados ou pensionistas, contribuem mensalmente com uma
parcela dos vencimentos que varia entre 3% e 14,5%, dependendo da faixa
de renda.
Em um processo de equacionamento, este percentual é ampliado para ajudar
a cobrir parte do deficit. A Petrobras também terá que contribuir -cada
parte entra com metade do valor necessário.
A maneira como isso acontecerá será discutida ao longo deste ano e o
desconto adicional nos vencimentos começa a valer a partir de janeiro de
2017.
Será a primeira vez que os empregados da Petrobras participam da
cobertura de deficit no fundo de pensão. O equacionamento é necessário
quando o deficit ultrapassa um limite que varia de acordo com os valor
dos benefícios a pagar e a duração de cada plano.
Em nota enviada à Folha, a Petros diz que o resultado negativo
reflete a "conjuntura econômica", mas não antecipa detalhes sobre o
plano de equacionamento. "Todas as possibilidades serão analisadas",
diz.
Representantes dos empregados e aposentados no conselho criticam a
gestão do fundo, citando investimentos de risco como a Lupatech,
fabricante de equipamentos para o setor de petróleo hoje em recuperação
judicial, e a empresa de sondas Sete Brasil.
Eles questionam ainda a direção por não cobrar dívidas da Petrobras que
somariam R$ 13 bilhões, segundo cálculos dos empregados, e poderiam
reduzir o sacrifício dos participantes no processo de equacionamento.
"Para dar início ao equacionamento, tem que ficar bem claro qual é o
tamanho da dívida da Petrobras e qual o déficit real do fundo", diz
Fernando Siqueira, vice-presidente da Associação dos Engenheiros da
Petrobras e um dos membros do conselho fiscal da Petros.
Os conselheiros pedem que a fundação antecipe a divulgação dos números, para que as negociações tenham início mais cedo. O prazo legal é 31 de julho.
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