O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu assumir papel mais
ativo na interlocução do PT com os movimentos sociais e promete
ajudá-los a pressionar a presidente Dilma Rousseff para que atenda suas
demandas.
Insatisfeito com o ministério formado pela sucessora para seu segundo
mandato, Lula disse a aliados que, na sua avaliação, a mobilização
social e a reaproximação com a esquerda são condições necessárias para
que o partido continue no poder depois que Dilma encerrar seu mandato.
O ex-presidente, que governou o país de 2003 a 2010 e ajudou a eleger a
petista com seu prestígio, pretende assim abrir caminho para se lançar
novamente como candidato à Presidência em 2018.
Desde a reeleição de Dilma, em outubro, Lula intensificou seu contato
com movimentos sociais e reuniu-se com lideranças da juventude,
sindicalistas e dirigentes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) e do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).
Eduardo Knapp - 20.dez.2014/Folhapress | ||
Lula abraça Guilherme Boulos, do MTST, em entrega de apartamentos |
Aos sindicalistas, Lula afirmou que é preciso "sair do chão de fábrica" e
participar de discussões sobre a reforma política, mudanças no sistema
tributário e a regulação dos meios de comunicação.
Já para os trabalhadores sem terra, o ex-presidente fez um apelo para
que as lideranças "reclamem menos" do governo Dilma e criem uma agenda
efetiva de reforma agrária e agricultura familiar.
No último sábado (20), em Taboão da Serra, na região metropolitana de
São Paulo, Lula participou da inauguração de um conjunto habitacional
construído pelo MTST com apoio do programa federal Minha Casa Minha
Vida.
Um dia depois, gravou um vídeo divulgado pelo Instituto Lula em que pede
mais diálogo de Dilma, que não compareceu ao evento, com os movimentos
sociais, para que "faça um governo exitoso".
Na terça-feira (23), em novo vídeo publicado em sua página no Facebook,
Lula afirmou que é preciso "reorganizar a base de alianças com os
setores mais à esquerda da sociedade" caso o PT queira "continuar
governando o país" depois de 2018.
Ricardo Stuckert - 11.nov.2014/Instituto Lula | ||
O petista fala ao lado de Vagner Freitas, presidente da CUT |
Segundo interlocutores do ex-presidente, esse tipo de cobrança será
feita periodicamente por Lula, que tem se queixado em conversas
reservadas do estilo de Dilma, muito centralizador e pouco alinhado às
bases do partido.
Contrariado com a escolha de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, o
PT esperava que Dilma compensasse o aceno feito ao mercado financeiro
indicando que agora estaria aberta também a dialogar com os movimentos
sociais na base do partido.
Mas isso não aconteceu. Além de Levy, Dilma nomeou a senadora Kátia
Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura e Armando Monteiro
(PTB-PE) para o Ministério do Desenvolvimento, novamente contrariando os
grupos da esquerda petista.
EQUIPE
Lula pretende criar na estrutura do PT um grupo informal, paralelo à
executiva da sigla, que ajude a direção a levantar novas bandeiras e
renovar o diálogo do partido com os movimentos sociais.
Estão cotados para participar da equipe o ex-ministro Luiz Dulci,
diretor do Instituto Lula; Marco Aurélio Garcia, assessor especial da
Presidência para assuntos internacionais, que deve sair do governo
agora; o deputado estadual Edinho Silva (SP), que foi tesoureiro da
campanha de Dilma neste ano; e o senador Humberto Costa (PE).
O senador teria sido citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa entre os políticos envolvidos no esquema de corrupção descoberto
na estatal, e Lula deve aguardar o desdobramento das investigações antes
de incluir seu nome na equipe.
Socorro!!! Polícia Federal, até quando esses monstros vão continuar soltos, impunes e agindo?
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