Após dois anos conduzindo o maior fundo de pensão da América 
Latina, a Previ, Dan Conrado agora vai dedicar boa parte do tempo a 
pilotar algo bem diferente: sua moto Harley-Davidson - o único luxo a 
que se permite na vida, costuma dizer. Na sexta-feira, o executivo se 
despediu do escritório do fundo de pensão dos funcionários do Banco do 
Brasil, no Rio, rumo à aposentadoria. 
  Com 50 anos recém 
completados em junho, Conrado já é elegível a aposentadoria depois de 35
 anos de trabalho nas empresas do BB. Ele começou como menor aprendiz no
 banco público, aos 15 anos. "Por enquanto, vou curtir uma agenda mais 
'light'. Já tive algumas sondagens para atuar como conselheiro de 
algumas empresas e vou avaliar", disse Conrado ao Valor. "É tentador o 
apelo de não precisar acordar cedo, fazer a barba e colocar gravata." No
 BB, ele ocupou diversas superintendências estaduais, o que, por muitos 
anos, o obrigou a estar sempre na estrada, visitando os municípios onde o
 banco tem agências. A rotinaomantinhaafastadodecasae impunha 
sacrifícios à família. 
  A indicação de um novo presidente para o 
fundo de pensão deve ser feita depois que a presidente Dilma Rousseff 
anunciar as mudanças no comando dos bancos estatais. O BB é quem indica o
 nome para a presidência da Previ, que é chancelado pelo conselho 
deliberativo do fundo de pensão. Até lá, Marco Geovanne, diretor de 
participações da fundação que também é indicado pelo banco, vai ocupar a
 cadeira da presidência. 
  Conrado diz que sua saída não está 
relacionada às mudanças no cenário político e contou que adiou a 
aposentadoria por alguns meses devido às mudanças que a diretoria da 
Previ passou neste ano. Em abril, Renê Sanda também se aposentou e 
deixou a diretoria de investimentos, agora ocupada por Marcio Hamilton 
Ferreira. Em junho, houve a troca dos dois diretores eleitos pelos 
participantes: Cecília Garcez assumiu a diretoria de administração, e 
Décio Bottechia Júnior, a de planejamento. 
  Conrado seria próximo
 dos executivos mais cotados para assumir o comando do BB, segundo 
pessoas próximas à fundação. O nome mais cotado para a presidência do 
banco é do atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo 
Caffarelli, segundo apurou o Valor. Outra possibilidade seria o atual 
vice-presidente de negócios do BB, Alexandre Abreu, mas este estaria 
mais cotado para a presidência do BNDES. 
  Conrado também é presidente do
 conselho de administração da Vale, indicado pela Previ, que faz parte 
do acordo de acionistas da companhia. 
  O executivo disse que vai 
permanecer no cargo até o fim de seu mandato, em abril de 2015. Ele 
também comanda o conselho deliberativo da Abrapp, associação que reúne 
os fundos de pensão brasileiros. Essa cadeira, ele deve deixar em breve.
 
  Com um estilo "low-profile", Conrado sempre deu poucas 
entrevistas à imprensa. A estratégia fazia parte do "grande trabalho" 
que, segundo ele, precisava fazer: o de "blindar" a Previ das acusações 
de ingerência política em fundos de pensão de empresas estatais. 
  "Havia
 acusações de que a Previ tinha feito maus negócios, mas não 
frequentamos nenhuma manchete sobre perdas com bancos que quebraram, nem
 de investimentos em debêntures de empresas que desapareceram", diz. 
Segundo ele, a equipe da fundação é bem qualificada e formada por 
funcionários de carreira do banco. 
  Uma coisa que também 
costumava irritar o executivo era tratar o fundo apenas como um 
investidor institucional. "Olham para nós como investidores, mas nosso 
negócio principal é pagar benefícios", diz. Em 2013, a fundação pagou R$
 9,2 bilhões aos mais de 90 mil aposentados e pensionistas. 
  Conrado
 defende a simplificação da legislação do setor e incentivos fiscais aos
 trabalhadores que aderirem a fundos de pensão. "A indústria não tem 
crescido nem em número de participantes nem de empresas 
[patrocinadoras]", afirma. Segundo ele, é necessário que a Abrapp tenha 
uma agenda com o governo para o fomento do setor. "Incentivar fundos de 
pensão é aumentar a poupança interna. 
  No mundo todo, eles são grandes financiadores por meio da poupança gerada por pessoas e empresas", comenta. 
  Conrado
 deixa a Previ com um patrimônio de R$ 170 bilhões e superávit de R$ 24 
bilhões. "O fundo está preparado para enfrentar períodos de maior 
volatilidade de mercado", diz ao ser questionado sobre os desafios com o
 baixo crescimento econômico do Brasil e o aumento dos juros nos EUA, o 
que deve pressionar o preço de ativos. 
  "Mas não se pode pensar em previdência no curto prazo. Temos que saber que vamos ter anos muito bons e anos não muito bons." 
 
         
 
Valor Econômico -
          01/12/2014
         
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