Procurador-geral Rodrigo Janot enfrenta dificuldades para enviar caso ao STF
Novas informações chegam todos os dias e há políticos não eleitos entre os acusados
Há
 uma bolsa de apostas aberta em Brasília a respeito de quando o 
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, formalizará as denúncias 
contra autoridades políticas citadas no caso da Operação Lava Jato, que 
apura inúmeros casos de corrupção na Petrobras.
Há cerca de 70 políticos envolvidos.
 Para que o processo comece a andar contra essas pessoas é necessário 
que o Ministério Público –representado por Rodrigo Janot– envie 
formalmente as acusações (em formato de denúncia, descrevendo os crimes)
 para o Supremo Tribunal Federal.
Janot vai enviar as denúncias já, agora em dezembro de 2014? Ou vai deixar tudo para o início de 2015?
Essa
 dúvida atormenta não só as autoridades diretamente envolvidas nas 
encrencas da Petrobras. O mundo político inteiro de Brasília está 
paralisado à espera dessa definição.
Enquanto Janot não se 
decidir, Dilma Rousseff ficará sempre na dúvida sobre quem indicará para
 ocupar as 39 cadeiras de ministros. E se algum deputado ou senador for 
nomeado e depois tiver seu nome citado na Operação Lava Jato de maneira 
formal? E se algum novo ministro, mesmo sem ser denunciado, for do grupo
 dos processados pelo STF?
No Congresso, o problema é ainda maior.
 Se se confirmarem os cerca de 70 políticos denunciados, como os 
deputados e os senadores vão escolher os integrantes das Mesas Diretoras
 do Congresso sem saber se estão elegendo um potencial criminoso?
Os
 novos congressistas tomam posse em 1º de fevereiro de 2015. Em seguida,
 como determina a Constituição, precisam eleger os presidentes da Câmara
 e do Senado –além dos outros diretores das duas Casas do Poder 
Legislativo. Sem saber quem estará formalmente citado na Lava jato, essa
 escolha de fevereiro será um tiro no escuro.
Rodrigo Janot tem razões reais para estar em dúvida sobre se faz de uma vez as denúncias ou se espera até o início de 2015.
A
 motivação mais óbvia para o atraso momentâneo é que ainda estão 
chegando informações novas quase todos os dias a respeito de como 
funcionava o esquema de corrupção na Petrobras. Ontem, domingo 
(14.dez.2014), os repórteres José Casado, Ramona Ordoñez, Bruno Rosa, 
Karla Mendes, Antonio Werneck e Thiago Herdy revelaram que a empresa 
holandesa SBM pagou R$ 102 milhões de suborno a dirigentes da Petrobras.
Para
 Rodrigo Janot, quanto mais informações houver, mais bem fundamentadas 
serão as denúncias que vier a formular para enviar ao STF.
Há, 
entretanto, outra razão que pode levar Rodrigo Janot a deixar os 
políticos sem dormir e esperando até o ano que vem. É que entre os cerca
 de 70 nomes dos envolvidos na Operação Lava Jato muitos não conseguiram
 se reeleger nas eleições de outubro de 2014. Ou seja, perderão não só 
os mandatos, mas também a chamada “prerrogativa de foro” –deixarão de 
ter seus processos analisados pelo Supremo Tribunal Federal.
Mas 
essa perda do foro especial só ocorre em 1º de fevereiro de 2015, quando
 os não eleitos estarão fora do Congresso. Se Rodrigo Janot decidir-se 
por formalizar já a denúncia contra os políticos, todos os deputados e 
senadores terão o direito de ter seus casos analisados pelo STF.
Nessa
 hipótese do parágrafo anterior, em 1º de fevereiro de 2015 será 
necessário desmembrar os processos. Os casos de quem não for mais 
deputado ou senador terão, em teoria, de ser remetidos para a primeira 
instância da Justiça. É claro que os advogados vão recorrer para que 
tudo fique tramitando no STF –como, aliás, ocorreu no caso do mensalão. 
Essa manobra das defesas terá o poder de atrasar ainda mais o julgamento
 dos crimes de corrupção descobertos no chamado “petrolão”.
Não é 
uma decisão fácil a de Rodrigo Janot. Se enviar já as denúncias para o 
STF, fará a festa do noticiário com a revelação oficial de todos os 
políticos acusados de envolvimento com corrupção na Petrobras. O cenário
 também ficará mais claro para a presidente Dilma Rousseff nomear seus 
ministros e para o Congresso eleger seus dirigentes da próxima 
Legislatura.
Por outro lado, as denúncias formalizadas agora 
poderão produzir um atraso razoável mais adiante, com as manobras de 
advogados tentando manter os processos de seus clientes –os políticos 
não eleitos– no STF.
O mais prudente seria, nessa atual 
conjuntura, que Rodrigo Janot explicasse ele próprio qual o procedimento
 que tomará e qual será o cronograma mais exequível. Não se trata apenas
 de fazer um favor para tranquilizar os agentes políticos e econômicos, 
mas sim de dar mais previsibilidade às instituições da República.
Até
 porque previsibilidade é um dos maiores predicados de um sistema 
democrático. É uma temeridade um país passar de um ano para o outro 
sabendo que 70 políticos podem ser processados e ir para a cadeia –mas 
sem conhecer exatamente quem são essas pessoas.
CONTEXTONos
 últimos meses, Rodrigo Janot tem optado pela discrição ao tratar da 
investigação sobre prováveis crimes de corrupção na Petrobras. Pouco tem
 sido revelado sobre o que ocorre no STF em relação aos políticos 
suspeitos de participação no suposto esquema.
O fato de o caso 
estar nas mãos do ministro Teori Zavascki tem contribuído para a reserva
 com que o episódio é tratado. Zavascki não costuma dar entrevistas nem 
divulgar suas decisões.
Normalmente nessas situações o STF abre um
 inquérito formal para investigar as autoridades suspeitas de 
envolvimento com crimes. Se houver indícios suficientes de autoria, o 
Ministério Público apresenta a denúncia.
Assim ocorreu, por 
exemplo, no caso do mensalão. Em julho de 2005, um inquérito foi 
instaurado no STF contra parlamentares suspeitos de participação no 
esquema. A denúncia foi apresentada depois, em março de 2006, pelo então
 procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza.
Apenas 
quase um ano e meio depois, em agosto de 2007, o plenário do Supremo 
aceitou a denúncia e determinou a abertura do processo criminal. Naquele
 momento, os que eram suspeitos passaram à condição de réus. Em agosto 
de 2012, o processo começou a ser julgado pelo STF. Em novembro de 2013 
foram decretadas as primeiras prisões.
BLOG DO FERNANDO RODRIGUES 

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