25/03/2017 02h00
Centrais sindicais ofereceram ao presidente Michel Temer a abertura de negociações para apoiar as reformas da Previdência e trabalhista em troca de ajuda do governo para retomar a cobrança da contribuição assistencial —taxa paga por trabalhadores para financiar a atividade dos sindicatos.
Dirigentes da Força Sindical, comandada pelo deputado Paulinho da Força
(SD-SP), se reuniram na terça (21) com Temer e com o ministro Ronaldo
Nogueira (Trabalho) para apresentar a proposta.
Os sindicalistas pediram que o presidente edite uma medida provisória ou
apoie a aprovação no Congresso de um projeto que regulamente a cobrança
da contribuição.
Em troca, as centrais aceitariam reduzir suas resistências às propostas
de Temer para alterar regras previdenciárias e trabalhistas.
A contribuição assistencial é descontada pelos sindicatos dos
trabalhadores da categoria que representam, mesmo dos não filiados. Em
fevereiro, o STF proibiu a cobrança da taxa de trabalhadores não
sindicalizados.
O valor da contribuição é decidido por cada entidade em assembleias e
convenções coletivas e usado para financiar as atividades sindicais.
Além dessa taxa, as entidades cobram a contribuição sindical, que é
obrigatória e equivale a um dia de trabalho.
Centrais, sindicatos, federações e confederações arrecadaram R$ 3,5
bilhões com a contribuição sindical em 2016. Estimam que a taxa
assistencial, cobrada à parte, representa até 80% do orçamento de
algumas entidades.
A Força diz ter o apoio da União Geral dos Trabalhadores (UGT), da Nova
Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e da Central dos Sindicatos
Brasileiros (CSB) para as negociações. As quatro entidades representam
37% dos trabalhadores do país.
"Se não houver a legalização da contribuição, os sindicatos fecham", disse o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves.
Temer deve voltar a discutir o assunto com auxiliares nos próximos dias.
O ministro do Trabalho disse ao presidente que o acordo com as centrais
seria um passo importante para reduzir manifestações contra as
reformas.
A Força convocou protestos e paralisações para 28 de abril, mas indicou
ao Planalto que está disposta a suspender os atos caso haja acordo.
Auxiliares de Temer tratam a aproximação com cautela. Acreditam que o
apoio das centrais aos dois projetos é inalcançável e que, ao ajudar na
retomada da cobrança da taxa assistencial, o Planalto ajudaria a
financiar opositores das reformas.
NO COFRE DAS CENTRAIS
R$ 3,5 bilhões
arrecadação em 2016 com a contribuição sindical
arrecadação em 2016 com a contribuição sindical
80%
fatia da taxa no orçamento de algumas centrais
fatia da taxa no orçamento de algumas centrais
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