Novo governo
Escolhido pelo perfil político para comandar a Secretaria de Comunicação
Social, algo inédito na administração Dilma Rousseff, o novo ministro
da Secom, Edinho Silva (PT-SP), 49, reconhece que o governo "está
perdendo a narrativa" quando o assunto é crise política, mas afirma que
os "fatos" falarão mais alto e devolverão à presidente da República a
popularidade perdida.
Em sua primeira entrevista exclusiva, Edinho, como é conhecido pelos
colegas no PT, afirma que a presidente da República não se assustará
diante de protestos contra sua administração.
"Ela [Dilma] já colocou sua integridade física a serviço desse projeto,
não é panelaço que vai fazer a presidente se intimidar", diz.
Homem de confiança de Lula e aposta dos petistas para melhorar a relação
entre o ex-presidente e Dilma, Edinho terá assento na coordenação do
governo, o grupo que toma as principais decisões políticas na gestão.
Ele promete critérios técnicos na distribuição de verbas publicitárias,
sem privilegiar veículos de comunicação alinhados com o Planalto.
Confira a seguir os principais trechos:
Folha - O PT defende que recursos publicitários irriguem mais veículos de comunicação afinados com o governo. Concorda?
Edinho Silva - Os critérios estabelecidos são técnicos e vou
segui-los. Mas quero racionalizar a execução orçamentária [a verba é de
cerca de R$ 200 milhões ao ano] para ampliar ao máximo a extensão de
nossas campanhas. Quanto mais você conseguir que recursos cheguem a
vários veículos, a comunicação se torna mais eficiente.
Mas hoje há um descasamento entre audiência e dinheiro recebido...
Sou um ministro que teve uma história de vida vinculada ao PT, mas
assumo a Secom para fazer a gestão dos recursos públicos pautado pelos
interesses públicos. Pedi um levantamento da composição dos critérios da
mídia técnica e, se há distorções, que a gente possa atualizar.
A presidente sugeriu um aumento de verbas publicitárias. E o ajuste fiscal?
O que a presidente quis expressar é que há uma necessidade de o governo
se comunicar e a comunicação não é pautada só pela publicidade. Pensar
isso é um erro. A comunicação efetiva se dá no cotidiano. O governo tem
que dialogar o tempo todo com a sociedade.
A avaliação geral na classe política é de que o governo se comunica muito mal.
O governo se comunica dentro da realidade que está vivendo. Por estarmos
em um momento de muita turbulência, muitas vezes o governo não consegue
fazer chegar à sociedade todas as informações necessárias. Mas não
quero lançar iniciativas olhando pelo retrovisor. O que foi feito, foi
feito. Vou me nortear por alguns princípios: valorizar os veículos de
comunicação, construir uma estrutura na qual todas as demandas sejam
atendidas e unificar a comunicação do governo. Se os ministros não
falarem a mesma linguagem, é evidente que vamos falhar na comunicação.
Seu antecessor, o ex-ministro Thomas Traumann, pediu demissão após um
documento interno da Secom dizer que há um "caos político". Há?
Não li o texto.
Ah, ministro, por favor!
Não li e não me interessa ler. Quando se olha muito pelo retrovisor,
você bate o carro. Vejo um momento de turbulência política, isso é
inegável, que precisa ser trabalhado politicamente com diálogo.
O texto também defende o uso de robôs que atuaram na eleição para
multiplicar notícias positivas sobre o governo. Vai usar robôs nas redes
sociais?
Não. O governo utiliza as redes sociais da forma institucional. Os robôs
são usados no submundo da internet e essa não pode ser a esfera de
atuação de um governo.
O documento também diz que "a comunicação é o mordomo da crise".
Vivemos em uma crise. Por que então aceitou esse, digamos, "abacaxi"?
Tenho um compromisso com esse projeto político que é o projeto da minha
vida. Sei que não é tarefa fácil, mas jamais recusaria uma missão em um
governo liderado pela presidente Dilma.
Acha que o desgaste do governo está ligado à deterioração de imagem que o PT sofreu após o mensalão e a corrupção na Petrobras?
Os fatos precisam falar mais alto e serem mais sólidos do que as
narrativas. Acredito que, no médio prazo, serão. Qual fato existe contra
o governo Dilma? Nenhum. Portanto, o que estamos perdendo é a
narrativa, porque não há fato contra ela. O enfrentamento só interessa à
oposição. É na calmaria que esse governo vai deslanchar e as
informações vão chegar sem ruído à sociedade.
Os panelaços intimidam Dilma?
Nada intimida a presidente da República. Quem já passou por tudo o que
ela passou... não é uma crise conjuntural que vai intimidá-la. Ela já
colocou sua integridade física a serviço desse projeto, não é panelaço
que vai fazer a presidente Dilma se intimidar.
Como o governo tem que comunicar o ajuste fiscal?
Tem que fazer a informação chegar da forma mais simples possível. Ajuste
fiscal não é programa de governo, são medidas a serem tomadas para que a
economia possa crescer de forma sustentável, gerando emprego e
distribuindo renda.
Já sabíamos que lula "faria de tudo" para eleger dilma, isso ele deixou bem claro!
Agora esse ministro vem dar uma entrevista provocativa como essa desrespeitando o direito do eleitor se manifestar ao afirmar que os panelaços não vão intimidá-la.
Com uma rejeição de 64% ele ainda acha que ela tem condição de se sustentar no Governo. Esse ministro está subestimando nossa inteligência.
Dia 12/04 vamos para a rua!!! VAI SER MAIOR.
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