principais cargos da
comissão especial que vai analisar a PEC (Proposta de Emenda
Constitucional) 171/93, que prevê a redução da maioridade penal de 18
para 16 anos. Dos quatro cargos da direção da comissão, dois ficaram a
cargo de integrantes da bancada. A comissão que analisará a proposta foi
instalada nesta quarta-feira (8). O nome do relator será definido na
semana que vem.
A comissão será presidida pelo deputado André
Moura (PSC-SE), aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O primeiro vice-presidente da comissão é o deputado Efraim Filho
(DEM-PB).
Os dois são integrantes da Frente Parlamentar da
Segurança Pública, conhecida como "bancada da bala" por sua postura em
assuntos relativos à violência. A segunda vice-presidente da comissão
será a deputada federal Margarida Salomão (PT-MG), e o terceiro
vice-presidente será Bruno Covas (PSDB-SP). Margarida e Bruno não são
integrantes do grupo.
A PEC 171/93 teve sua constitucionalidade aprovada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara na semana passada.
Para virar lei, a proposta ainda precisa ser analisada pela comissão
especial e ser votada em dois turnos na Câmara e no Senado. A comissão
especial vai analisar o conteúdo do projeto e definir alterações à
proposta original feita há 22 anos pelo então deputado federal Benedito
Domingos.
Perfil conservador
Dos 27 membros titulares,
15 pertencem à Frente Parlamentar da Segurança Pública, como os
delegados Éder Mauro (PSD-PA), Laerte Bessa (PR-DF) e João Campos
(PSDB-GO). Doze deputados pertencem à Frente Parlamentar em Defesa da
Vida e da Família, como Juscelino Filho (PRP-MA) e oito pertencem às
duas, como a deputada Keiko Ota (PSB-SP).
A principal bandeira
da Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da Família é a aprovação do
Estatuto da Família, que restringe a definição de núcleo familiar apenas
às uniões entre um homem e uma mulher, e a aprovação do Estatuto do
Nascituro, que na prática, inviabiliza discussões referentes a uma
eventual descriminalização do aborto.
A "bancada da bala", por
sua vez, comporta ex-militares e delegados de polícia que defendem o
endurecimento de penas e a revogação do Estatuto do Desarmamento.
Os 18 integrantes das bancadas alinhadas a bandeiras conservadoras que
ocupam a comissão especial são suficientes para aprovar o texto que será
encaminhado ao plenário da Câmara.
Para a deputada federal
Erika Kokay (PT-DF), indicada como membro titular da comissão e de
posição contrária à redução da maioridade penal, a composição da
comissão especial que vai analisar a proposta é reflexo do
conservadorismo da Câmara dos Deputados.
"As forças na comissão
especial são um espelho das forças que operaram na CCJ e que operam na
Câmara dos Deputados. Isso mostra que desafio de evitar que essa
proposta seja aprovada é muito grande", disse a deputada.
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