|  | ||
| Os ministros do STF Luís Roberto Barroso (à esq.) e Gilmar Mendes | 
Duas decisões –uma de Gilmar Mendes e outra de Luís Roberto Barroso– 
simbolizaram o ano de 2017 no Supremo Tribunal Federal. Decisões que vão
 em sentido oposto e que resumem bem o antagonismo entre os dois. 
Gilmar Mendes concedeu
 duas liminares para proibir a realização de conduções coercitivas de 
investigados para interrogatório, prática disseminada pela Polícia 
Federal usada mais de 200 vezes na Lava Jato e que virou polêmica quando
 o ex-presidente Lula foi levado pela PF para prestar depoimento em 2016. 
As duas ações que contestavam as conduções coercitivas foram 
protocoladas pelo PT e pela Ordem dos Advogados do Brasil. A primeira 
ação (ADPF 394) foi protocolada em abril de 2016. A segunda ação (ADPF 
444) chegou ao Supremo em março deste ano. Luís Roberto Barroso, por seu
 turno, determinou a remessa para a primeira instância do inquérito 
aberto para investigar o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN). 
Como parlamentar, Marinho tem foro privilegiado e só pode ser processado
 no Supremo. Mas Barroso decidiu remeter a investigação para a 8ª Vara 
Criminal de Natal (RN). O ministro baseou-se em julgamento ainda não 
concluído pelo Supremo para aplicar o novo entendimento sobre o foro por
 prerrogativa de função. 
O STF iniciou, em maio deste ano, o julgamento que poderia restringir o foro.
 A maioria dos ministros votou no sentido de que apenas crimes cometidos
 durante o mandato e em razão da função pública devem ser julgados pelo 
Supremo. Crimes cometidos por um político antes de ser eleito deputado, 
por exemplo, seriam investigados na primeira instância. 
O ministro Dias Toffoli, porém, pediu vista
 do processo em novembro. O caso ficou para 2018 e não há previsão de 
quando será retomado. Barroso admitiu que o julgamento não foi 
concluído, mas disse: "não parece provável, considerada a maioria já 
formada, que sua conclusão se dê em sentido oposto ao já delineado". 
A divisão do Supremo em 2017, com Barroso assumindo a posição de 
contraponto a Gilmar Mendes, deve se acirrar em 2018, quando temas 
relevantes da Lava Jato, como a revisão do acordo da JBS, serão levados 
ao plenário da Corte. O STF peca, há muito, pela falta de coesão, de 
unidade nas suas decisões, pela falta de diálogo mínimo. 
Gilmar Mendes e Barroso puxam a Corte para lados opostos: um para evitar
 o que considera populismo judicial; o outro para coibir o que 
classifica de interferência da política no STF. Quem ganha com isso? 
Quem perde, todos sabem: o tribunal. 
FOLHA
FOLHA
 
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O Blog Olhar de Coruja deseja ao novo Presidente Jair Messias Bolsonaro tenha grande êxito no comando do nosso País.