| Marlene Bergamo/Folhapress | |
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| Sergio Moro e Michel Temer, em evento em São Paulo, da revista IstoÉ, nesta terça (5) | 
05/12/2017 23h57
O juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, disse que o combate à corrupção não pode andar para trás e pediu o fim do foro privilegiado para autoridades. "Não são aceitáveis retrocessos", disse Moro.
O discurso aconteceu no evento Brasileiros do Ano, promovido pela revista IstoÉ, em que Moro foi o principal homenageado. 
"É necessária a revisão
 do instituto do foro privilegiado. Primeiro porque ele é contrário ao 
princípio fundamental da democracia que é o princípio do tratamento 
igual", disse o magistrado. 
"Eu falo isso com bastante conforto porque eu como juiz também sou 
detentor desse foro privilegiado e eu não vejo nenhum problema que ele 
seja retirado dos juízes. Eu não quero esse privilégio para mim", disse 
Moro. 
Neste momento o juiz foi aplaudido efusivamente pela plateia. O 
presidente Michel Temer e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência,
 Moreira Franco, sentados a poucos passos de Moro, não aplaudiram. 
Antes do discurso de Moro, Temer, os ministros Moreira Franco e Henrique
 Meirelles e o presidente do Senado, Eunício Oliveira, foram os únicos a
 não se levantar para aplaudir o juiz. Os outros 20 nomes no palco 
ficaram de pé. 
No mês passado o presidente sancionou
 medida provisória aprovada pelo Congresso que deu status de ministro a 
Moreira Franco e assim garantiu foro privilegiado ao aliado.
Tanto Temer quanto Moreira Franco são investigados pela Operação Lava 
Jato. No palco ainda havia outros citados por delatores da operação, 
como o ministro Helder Barbalho, o presidente da FIESP, Paulo Skaf, e o 
prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), escolhido como o Brasileiro do Ano
 na Política. 
Moro também se dirigiu diretamente a Temer pedindo que o governo 
pressione o Supremo Tribunal Federal a não mudar o entendimento em 
relação à possibilidade da prisão de um condenado em segunda instância. 
Fez o mesmo com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ao dizer que é
 importante manter investimentos na Polícia Federal. "Me parece que 
alguns investimentos são necessários para o refortalecimento da Polícia 
Federal", disse. "Na próxima quinta-feira haverá uma cerimônia em 
Curitiba em que serão devolvidos para a Petrobras recursos recuperados 
nesses casos criminais da ordem de mais de R$ 600 milhões", disse. 
"Então investir no combate à corrupção é algo que eleva a economia." 
Moro também disse que é preciso diminuir o loteamento de cargos públicos e reformar os tribunais de contas. 
Questionado pela Folha
 sobre defender a Lava Jato ao lado de Temer e outros envolvidos no 
escândalo, Moro riu. "Vou ficar devendo uma resposta", disse. 
Sobre a revisão pelo STF da possibilidade de rever o cumprimento de pena
 após decisão em segunda instância, o juiz disse que "ainda acha incerto
 que vão rever". 
"Outros ministros também podem mudar de posição, então não acho assim tão certo [que revertam o entendimento]", afirmou. 
Perguntado a quais ministros se referia, Moro declinou. "Vou ficar devendo essa resposta."
Na segunda (4), o ministro Gilmar Mendes, do STF, disse que a prisão 
após condenação em segunda instância não é obrigatória e que é preciso 
desconfiar se o Ministério Público tentar ocupar um vácuo de poder. 
Em 2016, o Supremo decidiu que a pena poderia começar a ser cumprida 
depois que um tribunal referendasse a primeira decisão. Gilmar, naquela 
época votou a favor da execução provisória da pena, mudou de opinião e 
agora defende que o réu recorra em liberdade. 
"Seria possível prender-se. Mas não dissemos que era obrigatória a prisão", destacou o ministro durante evento em Brasília.
 
 
 
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