Miguel Schincariol/AFP
Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil
ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA
24/08/2017 15h43
O juiz Sergio Moro recebeu, nesta quinta (24), a denúncia
contra o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir
Bendine, sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro, organização
criminosa e embaraço à investigação.
Agora, Bendine vira réu e deve responder ao processo. Ele está preso preventivamente em Curitiba .
O executivo é acusado de solicitar R$ 3 milhões em propina para
executivos da Odebrecht, a fim de proteger a empreiteira em contratos da
Petrobras.
O pedido de propina, que teria ocorrido pouco depois da posse de
Bendine, em fevereiro de 2015, foi relatado na delação do ex-presidente
da empreiteira Marcelo Odebrecht e do diretor da Odebrecht Ambiental,
Fernando Reis. Segundo eles, o executivo se colocou como interlocutor da
Presidência na estatal e disse que iria resolver os problemas
financeiros de empresas envolvidas na Lava Jato.
Moro entendeu que há "indícios suficientes de autoria e materialidade" e, por isso, aceitou a denúncia.
Segundo a acusação, os pagamentos da propina foram feitos em três
parcelas de R$ 1 milhão, em espécie, em junho e julho de 2015 –por meio
do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
A pena do executivo, caso seja condenado, pode chegar a 25 anos de prisão.
Também viraram réus os irmãos André Gustavo Vieira da Silva e Antônio
Carlos Vieira da Silva Jr., acusados de serem operadores de Bendine, os
executivos Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, e o doleiro Álvaro Galliez
Novis, que teria atuado no pagamento dos R$ 3 milhões.
OUTRO LADO
O advogado de Aldemir Bendine, Pierpaolo Bottini, afirmou que a atuação
do ex-presidente na Petrobras "pautou-se pela legalidade", e que não
houve benefício à Odebrecht nem a qualquer outra empresa no período em
que ele esteve à frente da estatal.
A defesa tem sustentado que, desde o início das investigações, Bendine
forneceu dados fiscais e bancários e "se colocou à disposição, (...)
demonstrando a licitude de suas atividades". Segundo o defensor, quando
esteve à frente da Petrobras, o executivo "intensificou política de
ampla e irrestrita colaboração e interação com as autoridades".
Já o advogado Ademar Rigueira Neto, que defende os irmãos André Gustavo
Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Jr., sustenta que seus
clientes realizaram serviços para a Odebrecht, e por isso receberam o
valor de R$ 3 milhões em consultoria, para ajudar na liberação de um
recurso junto ao Banco do Brasil.
"O dinheiro foi pago em espécie e pelo setor de operações estruturadas a
pedido da empresa", disse Rigueira. O defensor afirmou que a denúncia
não traz nenhum fato novo e que irá apresentar a defesa no processo.
A defesa de Álvaro Novis informou que ele não era doleiro e que atuou
apenas na entrega de valores, a pedido da Odebrecht. "Álvaro não sabe de
onde o dinheiro vinha e nem para quem era entregue", informou em nota o
escritório Mestieri Advogados, que defende Novis.
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