Os seis investimentos que viraram alvo da Operação Greenfield,
da Polícia Federal, que investiga supostos desvios nos maiores fundos
de pensão, têm, para os investigadores, um elo em comum: o economista
Humberto Grault Viana.
Segundo a PF, Grault era o diretor responsável pelos investimentos da
Funcef (dos funcionários da Caixa) e considerado pivô de um suposto esquema de corrupção que reproduziu nos fundos os desvios verificados na Petrobras.
Preso temporariamente desde setembro, Grault e diretores dos outros fundos em conluio, dizem investigadores, em empresas que tiveram seus valores de mercado superestimados.
Foi o que aconteceu com o FIP Multiner, um dos alvos da PF. Criado em
2008, o fundo era administrado pela Vitória Asset, que pertencia ao dono
da Multiner –empresa que pretendia construir pequenas centrais
hidrelétricas e parques eólicos. Para atrair recursos dos fundos de
pensão, foi criado o FIP Multiner.
Naquele momento, Grault comandava a Vitória Asset.
Inicialmente, a Multiner foi avaliada em R$ 2,1 bilhões, mas após o
investimento verificou-se que valia R$ 800 milhões. Isso gerou ganhos
indevidos para a Vitória Asset e para o dono do empreendimento, José
Augusto Ferreira dos Santos, ex-dono do Banco BVA, também investigado na
Operação Lava Jato.
O projeto não avançou, a empresa teve dificuldades e foi vendida em
2012. Hoje o novo dono, grupo Bolognesi, tenta salvar a companhia e
recuperar as perdas para os fundos, que tiveram de colocar mais dinheiro
no negócio.
Na investigação, verificou-se que a Multiner pagou R$ 171 milhões em
comissões para intermediários venderem papéis emitidos por ela para os
fundos. Alguns, como o Petros (dos funcionários da Petrobras), já eram
cotistas.
Suspeita-se que parte das comissões foi desviada e pode ter ido a campanhas do PT.
Ao menos R$ 6,3 milhões foram pagos para a OS Assessoria, que pertence a
José Carlos Bumlai e seus filhos. Amigo de Lula, Bumlai é alvo da Lava
Jato por ter sido "ponte" entre o petista e empresários.
Em 2011, Grault se transferiu para a Funcef. Pessoas próximas afirmam
que ele não queria o cargo, mas sofreu pressão de João Vaccari Neto,
ex-tesoureiro do PT.
Antes de presidir a gestora do BVA, o economista passou pela Petros por
indicação do petista Wagner Pinheiro, então presidente do fundo.
Até o início de agosto deste ano, Grault continuava como diretor
responsável pelos investimentos da Funcef. Pessoas próximas afirmam que
sua saída, no início de agosto, foi um pedido pessoal.
Naquele momento, uma força-tarefa já investigava as decisões tomadas por
Grault e demais diretores da Funcef, Petros e Previ (fundo dos
funcionários da Caixa).
Os procuradores queriam mais explicações sobre os estudos que levaram à
aprovação de investimentos como o FIP Global Equity, o FIP Enseada, FIP
OAS Empreendimentos, a Invepar e a Norte Energia, consórcio que constrói
a usina de Belo Monte. Esses investimentos resultaram em perdas e
acabaram exigindo mais recursos dos fundos de pensão. Agora, eles estão
na mira da PF.
OUTRO LADO
Grault disse estar surpreso por ter sido considerado pivô de um suposto
esquema. "Em nenhum momento me perguntaram [na PF] sobre isso", disse.
Segundo ele, sua função na Funcef era de gerente. "Nunca fui diretor,
como está no relatório [da CPI dos fundos de pensão e da PF]".
Ele negou veementemente ter sido indicado por Vaccari para assumir o cargo no fundo de pensão.
Grault deu depoimento à PF e disse que vai colaborar com as
investigações. Ele negou irregularidades nas decisões de investimentos.
A advogada de Bumlai, Daniela Medriolar, disse que desconhece a investigação dos fundos de pensão e não iria comentar.
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FOLHA
Leopoldina Correa,
ResponderExcluirParabéns pelas suas publicações sobre as operações da Lava-Jato.
E principalmente sobre a Operação Greenfield.
Independentemente de qualquer problema que tenhamos tido no passado aprecio imensamente sua garra, tenacidade, dedicação e esforço para nos manter informados.
Parabéns.
Adaí Rosembak