Os blogueiros do UOL Fernando Rodrigues e Josias de Souza analisam a
vitória de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na disputa pela presidência da
Câmara. O que acontece a partir de agora? Leia mais
02 fevereiro, 2015
Ressaca no Planalto: segunda-feira de cinzas para Dilma
Publicado em 2 de fev de 2015
Dilma
Rousseff acordou com o gosto amargo da derrota. Eduardo Cunha eleito é
sinônimo de problemas para o governo. Vem aí a CPI da corrupção. A
aposta é de contagem regressiva para o fim da gestão petista.
Testemunhas falam sobre desvios na estatal
Com os depoimentos de delatores e testemunhas que serão prestados à
Justiça Federal nas próximas duas semanas, a força-tarefa da Operação
Lava Jato buscará fortalecer as denúncias contra os executivos de
empreiteiras acusados pela prática de corrupção, cartel e fraudes em
licitações da Petrobras.
Na fase judicial que começa nesta segunda-feira (2), serão ouvidas pelo juiz Sergio Moro testemunhas de acusação indicadas pelo Ministério Público Federal nas ações penais apresentadas contra diretores das construtoras Camargo Corrêa, UTC, OAS, Mendes Junior, Galvão Engenharia, Engevix e Toyo Setal.
Entre os depoentes estão três envolvidos no caso que já assinaram acordos de delação premiada: o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e os executivos ligados à Toyo Setal Julio Camargo e Augusto Ribeiro Mendonça Neto.
Eles serão convocados a detalhar qual o grau de envolvimento de cada um
dos réus nos crimes contra a Petrobras apontados nas suas colaborações
premiadas.
Também foi convocada a depor a geóloga Venina Velosa Fonseca, funcionária da Petrobras que afirmou às autoridades ter avisado a atual presidente da estatal Graça Foster sobre as irregularidades na petrolífera.
Fonseca trabalhou como gerente de Abastecimento à época em que Paulo Roberto Costa chefiava a área, e terá oportunidade de aprofundar suas afirmações sobre os delitos cometidos na Petrobras.
Também testemunharão ex-prestadores de serviços do doleiro Alberto
Youssef , como o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa e Meire Poza,
que conheceram o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro por dentro e
já ajudaram os investigadores a entender partes da engrenagem
criminosa.
Novidades no caso poderão surgir dos testemunhos de funcionários da Petrobras e das construtoras que também foram convocados a depor na maratona de audiências, que vai até o dia 13.
A fase de depoimentos de testemunhas de acusação é importante, uma vez que nas audiências o juiz da causa, os procuradores do Ministério Público e advogados dos réus podem fazer perguntas aos depoentes, o que permite esclarecer fatos alegados em juízo tanto pela Procuradoria como pelas defesas.
Os testemunhos prestados nessa etapa também conferem maior força às declarações feitas anteriormente nas delações e nos inquéritos, das quais podem participar policiais, procuradores e advogados. Há casos em que depoentes mudam suas versões dos fatos quando falam diretamente ao juiz da causa, sob o argumento de que antes sofreram coações de autoridades que os interrogaram.
FOLHA
Na fase judicial que começa nesta segunda-feira (2), serão ouvidas pelo juiz Sergio Moro testemunhas de acusação indicadas pelo Ministério Público Federal nas ações penais apresentadas contra diretores das construtoras Camargo Corrêa, UTC, OAS, Mendes Junior, Galvão Engenharia, Engevix e Toyo Setal.
Entre os depoentes estão três envolvidos no caso que já assinaram acordos de delação premiada: o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e os executivos ligados à Toyo Setal Julio Camargo e Augusto Ribeiro Mendonça Neto.
Reprodução | ||
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Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente da diretoria de Abastecimento |
Também foi convocada a depor a geóloga Venina Velosa Fonseca, funcionária da Petrobras que afirmou às autoridades ter avisado a atual presidente da estatal Graça Foster sobre as irregularidades na petrolífera.
Fonseca trabalhou como gerente de Abastecimento à época em que Paulo Roberto Costa chefiava a área, e terá oportunidade de aprofundar suas afirmações sobre os delitos cometidos na Petrobras.
Alan Marques - 8.out.2014/Folhapress | ||
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A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, durante audiência na CPI mista da Petrobras |
Novidades no caso poderão surgir dos testemunhos de funcionários da Petrobras e das construtoras que também foram convocados a depor na maratona de audiências, que vai até o dia 13.
A fase de depoimentos de testemunhas de acusação é importante, uma vez que nas audiências o juiz da causa, os procuradores do Ministério Público e advogados dos réus podem fazer perguntas aos depoentes, o que permite esclarecer fatos alegados em juízo tanto pela Procuradoria como pelas defesas.
Os testemunhos prestados nessa etapa também conferem maior força às declarações feitas anteriormente nas delações e nos inquéritos, das quais podem participar policiais, procuradores e advogados. Há casos em que depoentes mudam suas versões dos fatos quando falam diretamente ao juiz da causa, sob o argumento de que antes sofreram coações de autoridades que os interrogaram.
FOLHA
PT fica sem cadeira na Mesa da Câmara
Maior bancada da Câmara, o PT sai enfraquecido da disputa pelo comando
da Casa após tentar impor uma derrota ao deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), desafeto do Palácio do Planalto.
Os petistas ficaram sem representantes nos outros dez cargos da Mesa
Diretora e sem direito a escolher as três principais comissões.
A última vez em que o PT ficou sem cadeira na Mesa foi entre 2005 e
2007, na gestão Aldo Rebelo (PC do B-SP), mas ele era aliado dos
petistas.
A nova ausência foi motivada pela estratégia para atrair aliados para a
candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP), loteando os cargos de direção.
A sigla entregou as três vagas do bloco de apoio ao petista para PSD,
PR e Pros.
Sergio Lima/Folhapress | ||
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Candidato petista à presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia discursa na tribuna |
Os cargos na Mesa dão visibilidade aos partidos e aos deputados que
ocupam as vagas, pois tratam de questões como reajustes de benefícios
para os congressistas.
Após a derrota, Chinaglia afirmou que o PT pode tentar uma manobra ter uma vaga.
Editoria de Arte/Folhapress |
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Ele disse que houve um acerto informal para que, em caso de derrota, um
aliado ceda a vaga. Regimentalmente, isso só pode ocorrer se um dos três
eleitos renunciar, o que forçaria nova eleição. Futuro líder do PT,
Sibá Machado (AC), descartou. "Já temos problemas demais", afirmou.
O PT também perdeu peso nas comissões. O grupo de Cunha deve ficar com
as comissões de Constituição e de Justiça e Finanças e Tributação, as
principais, além de ter direito a mais uma escolha antes dos outros
partidos.
Nesses colegiados, o presidente também define a pauta de votações,
podendo acelerar ou retardar a discussão de matérias importantes.
Nas comissões são tratados, entre outros, pedidos de convocação de ministros e de explicações do governo.
INVESTIGADOS
O novo comando da Câmara tem dois deputados investigados no STF (Supremo
Tribunal Federal): o vice-presidente Waldir Maranhão (PP-MA) e o
primeiro-secretário, Beto Mansur (PRB-SP).
Maranhão foi flagrado em ligações suspeitas com integrantes do esquema
de lavagem de dinheiro e desvio de recursos de fundos de pensão
investigado na operação Miqueias, da Polícia Federal.
Mansur já foi condenado pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) a pagar indenização de R$ 200 mil por dano moral coletivo.
A punição ocorreu, de acordo com o processo, em razão da constatação de
trabalho escravo e de trabalho infantil em uma fazenda do parlamentar na
cidade de Bonópolis, em Goiás.
Na época, o deputado federal negou que houve trabalho escravo. O caso também é analisado no STF.
Dilma e PT viram alvo em festa de Cunha com baixo clero

Os alvos eram os dois principais ministros da cozinha do Palácio do
Planalto, que trabalharam pela candidatura de Arlindo Chinaglia
(PT-SP) –segundo colocado, com quase metade dos votos de Cunha. Aloizio
Mercadante (Casa Civil) era Freddie Mercury, vocalista bigodudo da
banda Queen. Pepe Vargas (Relações Institucionais) virou Pepe Legal,
desenho animado que estrelava um cavalo atrapalhado, que às vezes
atirava no próprio pé.
O novo presidente da Câmara foi saudado por colegas de legenda e
outros aliados, mas Michel Temer (PMDB) não apareceu. “Achamos que não
era o momento”, disse um amigo do vice-presidente, em referência à rusga
entre Cunha e o poder Executivo.
Mas cinco dirigentes de partidos estiveram por lá, quase todos
pequenos. Os maiores caciques eram Marcos Pereira, do PRB de 21
deputados e do Ministério do Esporte, e Pastor Everaldo, comandante dos
12 parlamentares do PSC. Coincidência ou não, ambos são líderes
evangélicos –assim como Cunha.
Everaldo se sentou em uma mesa perto da família de Cunha. No fundo do
salão, estavam Levy Fidelix (PRTB), Daniel Tourinho (PTC) e Renata
Abreu (PTN). As três siglas têm, juntas, sete deputados na Câmara.
Enquanto circulava, o presidente da Câmara dedicou um bom tempo às
queixas dos partidos nanicos. Copo de uísque na mão direita, Levy
Fidelix vociferava contra o também diminuto PT do B, o ausente Luis
Tibé.
“Ele é traíra! Queria f… a gente, vá pra China! A gente queria fazer
um grupo para apoiar o Eduardo e ele tentou vender a gente pro governo
em troca de carguinho!”, reclamava o ex-presidenciável.
Fidelix carregava no bolso do paletó um documento que provava que ele
havia tentado aderir à candidatura de Cunha. O presidente do PRTB quer
formar um bloco com outros partidos nanicos e conquistar o comando de
uma comissão da Câmara.
No jardim, dois tucanos ficaram a noite toda em silêncio –duas aves
de bico amarelo, presas em uma gaiola. Aécio Neves e
seus correligionários nem chegaram perto da festa, apesar de dirigentes
do PSDB terem comemorado a vitória de Cunha como gol em Copa do Mundo.
“É o início do fim do ciclo do PT”, disparava o deputado Danilo Forte (CE), candidato a líder do PMDB.
“O Pepe achou que era o cozinheiro do Congresso, mas vai ter que
servir cafezinho”, disse outro peemedebista. “A grife do PT não anda
muito vendável na praça”, completou um cacique.
Cunha adotava um ar republicano. “Eu não impus derrota nenhuma ao governo. Foram eles que se derrotaram”, afirmou.
Até o início da madrugada, o presidente dizia não saber se o Palácio
do Planalto havia telefonado para comentar o resultado da eleição.
“Fiquei sem bateria no celular. Não sei se alguém ligou.”
Arlindo Chinaglia o procurou por volta das 22h. Telefonou para o
gabinete, que transferiu a ligação para o celular do motorista de Cunha.
Depois de circular pelo salão por mais de uma hora, o novo
presidente só conseguiu jantar à meia-noite. Dono da festa, não
precisou pegar a fila: por trás da mesa do bufê, pediu que lhe servissem
um pouco de talharim com tiras de filé mignon. “Eu vou tomar um
vinhozinho, mas ali na mesa”, avisou ao garçom, que correu para
providenciar uma taça de tinto.
Nem assim conseguiu jantar em paz. Enquanto comia com a família,
ouvia cochichos de Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-ministro de Lula,
que se sentou na cadeira ao lado e se curvava para falar em seu ouvido.
Cunha foi embora depois de 1h da manhã. Às 10h, teria seu primeiro
compromisso institucional como chefe de poder, ao lado de Ricardo
Lewandowski na abertura do ano judiciário no Supremo Tribunal Federal.
Tô começando a gostar dessa "dança"
Análise: Dilma terá Casa ressentida e desafeto com série de desafios
A humilhação sofrida pelo governo na eleição da Câmara não poderia ser maior.
Derrota em primeiro turno com o terceiro colocado nos calcanhares de
Arlindo Chinaglia, traição aberta de aliados e, cereja do bolo, ausência
do PT na composição da Mesa da Casa. Uma rejeição além da esperada pelo
mais pessimista dos governistas.
Agora, o governo que temia ver uma Câmara tocada por um Eduardo Cunha em
modo solerte terá de lidar com uma Casa ressentida com o Planalto e um
presidente com sangue nos olhos.
Foi o custo da estratégia gestada na Casa Civil de Aloizio Mercadante e
operada pelo aparelho da Democracia Socialista instalado na articulação
política do Planalto.
O governo optou pelo tudo ou nada contra Eduardo Cunha, um desafeto
pessoal da presidente. Ganhou em troca mais dificuldade para tocar sua
agenda legislativa em ano de duro ajuste fiscal.
E pior: o risco de ouvir a palavra impeachment a cada momento de agravamento de uma das várias crises que rondam Dilma Rousseff.
Não é o caso de subestimar as armas que o governo tem para conter
cenários mais trágicos. Emendas parlamentares, cargos, todo o arsenal
fisiológico está aí para uso. Só ficou mais caro –e arriscado.
Por fim, se certamente está irritado com a campanha violenta do Planalto
contra sua candidatura, Eduardo Cunha não é um carbonário.
Está cacifado para impor seu ritmo de trabalho, o que é apontado por
adversários como algo perigoso para o país, mas tenderá a compor com o
governo para exercer seu poder com tranquilidade.
Cunha terá desafios. Deverá dialogar com o PT e com uma oposição mais
ativa (a votação de Júlio Delgado foi significativa), mas principalmente
com a nova base encarnada nas forças aglutinadas por Gilberto Kassab.
Alivia também para o governo saber que Renan Calheiros suou frio, mas
permaneceu na cadeira no Senado, servindo de contraponto a iniciativas
incômodas da Câmara. Seguirá assim, exceto que venha a ser abatido pela
Operação Lava Jato.
Editoria de Arte/Folhapress | |
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FOLHA
01 fevereiro, 2015
Em seu primeiro discurso, Cunha já anuncia projeto incômodo ao Planalto
Congresso Nacional
Em seu primeiro discurso como presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) já anunciou que colocará em votação, assim que
possível, o projeto que obriga o governo federal a liberar verbas para
as emendas que os congressistas fazem ao Orçamento.
Eleito na noite deste domingo (1) por 267 votos contra 136 do petista
Arlindo Chinaglia (SP), Cunha é mal visto pelo Palácio do Planalto, que
tentou nas últimas semanas derrubar a sua candidatura.
A proposta de emenda à Constituição chamada de "orçamento impositivo" ainda precisa de ser votada em segundo turno pela Câmara.
Em sua fala após a vitória, que foi comemorada com fogos de artifício na
Esplanada dos Ministérios, Cunha manifestou incômodo pela interferência
do governo federal na disputa.
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
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Eduardo Cunha (PMDB-RJ), novo presidente da Câmara, na sessão que abriu a Legislatura |
"Assistimos à tentativa de interferência do governo, mas o parlamento,
por sua independência, sabe reagir. E ele soube reagir pelo voto",
afirmou. Ele ressaltou, entretanto, que não haverá sequelas na relação.
"Nunca, em nenhum momento, disse que faria uma gestão de oposição",
discursou.
Nas últimas semanas, o governo mobilizou ministros em favor de
Chinaglia, o que incluiu promessas de cargos e ameaças de retaliação em
casos de traição.
Mas a operação fracassou, já que Chinaglia obteve menos votos do que o
total de deputados que compunham os partidos que o apoiavam
oficialmente. Enquanto essas siglas somam 160 cadeiras, Chinaglia teve
apenas 136 votos.
Ainda em sua fala, Cunha prometeu priorizar a reforma política e o pacto
federativo, sem entrar em detalhes. O peemedebista, que substitui o
colega de partido Henrique Eduardo Alves (RN), já se declarou favorável a
uma nova CPI para investigar o escândalo da Petrobras.
Eduardo Cunha ganhou 49 votos com traições; Arlindo Chinaglia perdeu 44
O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), eleito neste domingo
(1º.fev.2015) presidente da Câmara dos Deputados, em 1º turno, foi
largamente beneficiado por traições de partidos que integram a base
governista.
Cunha tinha o apoio oficial de 218 deputados, do PMDB,
PP, PTB, DEM, PRB, SD, PSC, PHS, PTN, PMN, PRP, PEN, PSDC e PRTB. Nas
urnas, encaçapou 49 votos a mais e recebeu o apoio de 267 deputados. O
peemedebista obteve 10 votos a mais do que precisava para vencer em 1º
turno.
Arlindo Chinaglia (PT-SP), candidato do governo, enfrentou o
amargor da outra ponta da traição. Tinha o apoio oficial de 180
deputados, do PT, PR, PSD, PDT, PROS e PC do B. Acabou com 136, 44 votos
a menos do que esperava.
Cunha já havia dito que seria beneficiado pelo voto secreto na eleição para presidente da Câmara.
Na tabela abaixo, os apoios oficiais de cada candidato e o resultado final da votação:

O
deputado Júlio Delgado (PSB-MG), apoiado por PSB, PSDB, PPS e PV, teve
votação próxima da esperada. Foi escolhido por 100 deputados, 6 a menos
do que a sua bancada oficial.
O candidato do PSOL, Chico Alencar (PSOL), teve 8 votos, 3 a mais do que a bancada de 5 deputados de seu partido.
O
PDT perdeu, por 3 minutos, o prazo regimental para registrar seu apoio à
candidatura de Chinaglia, mas o líder do partido na Câmara, André
Figueiredo (CE), afirmou ao Blog que a posição oficial da legenda era de
apoio ao petista.
O blog do Fernando Rodrigues está no
Fernando Rodrigues: Derrota na Câmara é demonstração de amadorismo do PT
O blogueiro do UOL Fernando Rodrigues diz que a eleição em primeiro
turno do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para presidir a Câmara
representa uma "demonstração de tremendo amadorismo do PT". Assista à
análise e leia mais sobre a eleição na Câmara em UOL Notícias.
Josias: Vitória de Cunha é vexame para início do segundo mandato de Dilma
O blogueiro do UOL Josias de Souza avalia que a vitória do deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na disputa pela presidência da Câmara desce à
crônica política de Brasília como um dos maiores vexames que um
presidente da República já sofreu em início de mandato. Leia mais
Planalto sofre derrota e vê Câmara parar na mão de aliado incômodo
O governo Dilma Rousseff sofreu uma derrota histórica na noite deste
domingo (1º) com a eleição em primeiro turno do peemedebista Eduardo
Cunha (RJ), 56, para a presidência da Câmara dos Deputados.
Considerado um aliado pouco confiável, já que liderou rebelião no
Legislativo contra Dilma em 2014, Cunha bateu o petista Arlindo
Chinaglia (SP), nome bancado pelo Planalto, por 267 votos contra 136.
Horas antes da votação, petistas e integrantes do Palácio do Planalto já
haviam "jogado a toalha" e buscavam culpados pelo vexame. O resultado
deste domingo explicita o racha na base do governo e expõe a presidente à
realidade de que não tem controle sobre sua base de apoio, já que não
evitou o fracasso nem com a mobilização em massa de ministros nos
últimos dias.
Outros 100 deputados votaram em Júlio Delgado (PSB-MG) e 8, em Chico Alencar (PSOL-RJ). Houve dois votos em branco.
A votação foi secreta. Entre apoiadores de Cunha e de Chinaglia houve
consenso de que PR, PSD e PDT lideraram as traições de governistas em
prol da candidatura do peemedebista.
Apesar de adotar um discurso de que não fará uma gestão de oposição ao
governo, Cunha emerge neste domingo como uma das principais dores de
cabeça para o Planalto, já que tem poderes, entre outros, para dar
seguimentos a CPIs incômodas para o governo e até a eventual processo de
impeachment contra a presidente da República.
O peemedebista já declarou, por exemplo, que irá apoiar a instalação de
uma nova CPI para apurar o escândalo de corrupção na Petrobras.

"Buscaremos a altivez e a independência do parlamento, independência
essa que não quer dizer oposição, mas que também não quer dizer
submissão. (...) Não há possibilidade de que eu vá exercer uma gestão de
oposição, mas também ninguém vai me ver se curvar ou ser submisso a
qualquer coisa que não seja a vontade da maioria desta Casa", afirmou
Cunha em seu discurso antes da votação.
O cenário governista se agrava mais pelo fato de o Planalto ter
mobilizado ministros e aliados nas últimas semanas para tentar dinamitar
a candidatura de Cunha, o que possivelmente acarretará em sequelas na
relação.
Em seu discurso no plenário da Câmara, o novo presidente da Câmara
sublinhou esse mal estar. Disse que foi tratado não como adversário, mas
como inimigo pelo PT. Ele defendeu ainda que não haja hegemonia de um
partido no comando do Executivo e do Legislativo. "É bom para a
sociedade e para o parlamento que esse poder seja distribuído."
A última vez em que o governo sofreu derrota semelhante na Câmara foi na
surpreendente eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência
da Casa, em 2005, na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, o
deputado do PP acabou se beneficiando de um racha dentro do próprio PT,
que lançou dois candidatos.
ROUPA SUJA
Cunha conseguiu reunir em torno de si o apoio oficial de partidos que
somam 218 deputados. Chinaglia formalizou um bloco com apenas 160
cadeiras.
Parte do PT aponta o dedo para o novo ministro das Relações
Institucionais de Dilma, o deputado Pepe Vargas (RS), que teria deixado
muito explícita a intervenção do governo pró-Chinaglia.
Outros reclamavam do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), que
chamou pra si a responsabilidade de avalizar indicados para cargos
federais, o que irritou partidos aliados.
Uma avaliação, porém, era quase unânime: a falta de interlocução de
Dilma com congressistas e as ameaças de retaliação do governo como forma
de buscar votos para Chinaglia contribuíram para o clima de
insatisfação dos partidos com o Planalto.
Um dos exemplos de desacerto ficou evidente neste domingo. Tendo
declarado apoio a Chinaglia, o PDT acabou ficando de fora do bloco
petista porque não entregou no prazo as assinaturas suficientes. Dentro
do PT, porém, a avaliação geral é a de que não houve um mero descuido
burocrático, mas sim uma ação pensada para fortalecer a candidatura de
Cunha.
Petistas afirmam que o partido do ex-governador Leonel Brizola
(1922-1924) negociou com o PMDB nos bastidores a defecção com a promessa
de assumir a Comissão de Trabalho da Câmara na gestão de Cunha.
LAVA JATO
Iniciando seu quarto mandato na Câmara dos Deputados, Cunha exercerá o
mandato na presidência da Câmara até janeiro de 2017, sucedendo o também
peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN).
O novo presidente da Câmara deverá ser alvo de inquérito no Supremo
Tribunal Federal no caso da Operação Lava Jato, que apura o esquema de
corrupção na Petrobras. O pedido, conforme a Folha revelou, partirá da Procuradoria-Geral da República. O peemedebista nega qualquer relação com o caso.
Anti-candidato da disputa, Chico Alencar foi o único a citar a Lava Jato
em sua fala. Parodiando o Manifesto Comunista, ele lembrou que as
investigações, que devem envolver congressistas, são o "espectro" que
ronda o Congresso.
Até que enfim, uma boa notícia>
Eduardo Cunha é eleito presidente da Câmara dos Deputados
Desafeto do Palácio do Planalto, o deputado federal Eduardo Cunha foi
eleito presidente da Câmara dos Deputados na tarde deste domingo (1).
Ele teve o voto de 267 dos 513 deputados e derrotou os outros três
concorrentes: Arlindo Chinaglia (PT-SP), que teve 136 votos, Júlio
Delgado (PSB-MG), que teve 100 votos, e Chico Alencar (PSOL-RJ), que
teve 8. Conhecido por suas críticas ao governo, a vitória de Cunha era
temida por integrantes do Planalto.
A candidatura de Eduardo Cunha à presidência da Câmara dos Deputados
foi uma das mais conturbadas entre as quatro concorrentes ao cargo.
Apesar de pertencer à base que ajudou a eleger a presidente Dilma
Rousseff (PT) em 2014, Eduardo Cunha não poupou críticas ao governo e à
forma como o Planalto se relaciona com a Câmara dos Deputados.
Entre as declarações polêmicas de Cunha ao longo da disputa, uma das
primeiras foi sua análise sobre o comportamento da bancada do PMDB em
relação ao governo. Segundo ele, a bancada do PMDB não seria uma aliada automática do Palácio do Planalto.
Depois de oficializar sua candidatura, ele partiu para o ataque e
criticou duramente a gestão do seu principal adversário, o petista
Arlindo Chinaglia. Segundo Cunha,a gestão de Chinaglia como presidente
da Câmara, entre 2007 e 2009, foi "medíocre".
Cunha também mirou no governo e nas supostas interferências que o
Palácio do Planalto fez a favor de Chinaglia. Em tom de ameaça, Cunha
chegou a dizer que se o governo interferisse contra a candidatura do
PMDB, as "sequelas seriam graves".
Independentemente das polêmicas, a eleição de Cunha à presidência da Câmara coroa a trajetória do ex-líder do PMDB na Casa.
Eduardo Cunha é economista formado pela Universidade Cândido Mendes e
radialista. Foi presidente da Telerj (antiga estatal de telefonia do Rio
de Janeiro) entre 1991 e 1993. Em 1999, foi subsecretário da Cehab
(Companhia Estadual de Habitação) em 1999 e titular da pasta entre 1999 e
2000.
Em 2000, Cunha se licenciou do cargo após denúncias de irregularidades
supostamente cometidas por ele virem à tona. Em dezembro, o STJ
arquivou, por prescrição de prazo, o processo por improbidade
administrativa e superfaturamento.
Em 2002, foi eleito deputado federal, cargo para o qual foi reeleito em
2006, 2010 e 2014. Em 2014, foi o terceiro deputado federal mais bem
votado do Rio de Janeiro, com 232.708 votos, ficando atrás apenas de
Clarissa Garotinho (PR-RJ) e Jair Bolsonaro (PP-RJ).
Nos próximos meses, Cunha deverá passar por uma importante "prova de
fogo". A PGR (Procuradoria Geral da República) deverá enviar ao STF
(Supremo Tribunal Federal) a ação penal contra políticos envolvidos no
esquema de desvio de recursos da Petrobras investigados pela operação
Lava Jato.
Em janeiro, reportagens indicavam que, segundo depoimento do policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, preso durante a operação Lava Jato, Cunha teria recebido propina oriunda do esquema.
Dias depois, os advogados do doleiro Alberto Youssef, apontado como
operador do esquema e a quem Jayme seria ligado, afirmaram que Youssef e Cunha não tinham qualquer relacionamento. Cunha alegou que as reportagens eram uma tentativa de fragilizar sua candidatura.
As principais promessas de campanha de Eduardo Cunha durante sua
candidatura são: construir mais um prédio anexo ao Congresso para
acomodar deputados e assessores, implementar o orçamento impositivo e
equiparar os salários dos parlamentares aos dos ministros do STF.
Derrota significativa para o maldito PT
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