02 fevereiro, 2015

Opinião: Cunha vai espetar governo e obrigar Dilma a negociar

Os blogueiros do UOL Fernando Rodrigues e Josias de Souza analisam a vitória de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na disputa pela presidência da Câmara. O que acontece a partir de agora? Leia mais
 
 

Ressaca no Planalto: segunda-feira de cinzas para Dilma

Publicado em 2 de fev de 2015
Dilma Rousseff acordou com o gosto amargo da derrota. Eduardo Cunha eleito é sinônimo de problemas para o governo. Vem aí a CPI da corrupção. A aposta é de contagem regressiva para o fim da gestão petista.


Testemunhas falam sobre desvios na estatal

Com os depoimentos de delatores e testemunhas que serão prestados à Justiça Federal nas próximas duas semanas, a força-tarefa da Operação Lava Jato buscará fortalecer as denúncias contra os executivos de empreiteiras acusados pela prática de corrupção, cartel e fraudes em licitações da Petrobras.
Na fase judicial que começa nesta segunda-feira (2), serão ouvidas pelo juiz Sergio Moro testemunhas de acusação indicadas pelo Ministério Público Federal nas ações penais apresentadas contra diretores das construtoras Camargo Corrêa, UTC, OAS, Mendes Junior, Galvão Engenharia, Engevix e Toyo Setal.
Entre os depoentes estão três envolvidos no caso que já assinaram acordos de delação premiada: o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e os executivos ligados à Toyo Setal Julio Camargo e Augusto Ribeiro Mendonça Neto.

Reprodução
Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente da diretoria de Abastecimento
Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente da diretoria de Abastecimento
Eles serão convocados a detalhar qual o grau de envolvimento de cada um dos réus nos crimes contra a Petrobras apontados nas suas colaborações premiadas.
Também foi convocada a depor a geóloga Venina Velosa Fonseca, funcionária da Petrobras que afirmou às autoridades ter avisado a atual presidente da estatal Graça Foster sobre as irregularidades na petrolífera.
Fonseca trabalhou como gerente de Abastecimento à época em que Paulo Roberto Costa chefiava a área, e terá oportunidade de aprofundar suas afirmações sobre os delitos cometidos na Petrobras.

Alan Marques - 8.out.2014/Folhapress
A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, durante audiência na CPI mista da Petrobras
A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, durante audiência na CPI mista da Petrobras
Também testemunharão ex-prestadores de serviços do doleiro Alberto Youssef , como o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa e Meire Poza, que conheceram o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro por dentro e já ajudaram os investigadores a entender partes da engrenagem criminosa.
Novidades no caso poderão surgir dos testemunhos de funcionários da Petrobras e das construtoras que também foram convocados a depor na maratona de audiências, que vai até o dia 13.
A fase de depoimentos de testemunhas de acusação é importante, uma vez que nas audiências o juiz da causa, os procuradores do Ministério Público e advogados dos réus podem fazer perguntas aos depoentes, o que permite esclarecer fatos alegados em juízo tanto pela Procuradoria como pelas defesas.
Os testemunhos prestados nessa etapa também conferem maior força às declarações feitas anteriormente nas delações e nos inquéritos, das quais podem participar policiais, procuradores e advogados. Há casos em que depoentes mudam suas versões dos fatos quando falam diretamente ao juiz da causa, sob o argumento de que antes sofreram coações de autoridades que os interrogaram.

FOLHA

PT fica sem cadeira na Mesa da Câmara

Maior bancada da Câmara, o PT sai enfraquecido da disputa pelo comando da Casa após tentar impor uma derrota ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desafeto do Palácio do Planalto. 

Os petistas ficaram sem representantes nos outros dez cargos da Mesa Diretora e sem direito a escolher as três principais comissões. 

A última vez em que o PT ficou sem cadeira na Mesa foi entre 2005 e 2007, na gestão Aldo Rebelo (PC do B-SP), mas ele era aliado dos petistas. 

A nova ausência foi motivada pela estratégia para atrair aliados para a candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP), loteando os cargos de direção. A sigla entregou as três vagas do bloco de apoio ao petista para PSD, PR e Pros. 


Sergio Lima/Folhapress
Candidato petista à presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia discursa na tribuna
Candidato petista à presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia discursa na tribuna

Os cargos na Mesa dão visibilidade aos partidos e aos deputados que ocupam as vagas, pois tratam de questões como reajustes de benefícios para os congressistas. 

Após a derrota, Chinaglia afirmou que o PT pode tentar uma manobra ter uma vaga. 

Editoria de Arte/Folhapress
Ele disse que houve um acerto informal para que, em caso de derrota, um aliado ceda a vaga. Regimentalmente, isso só pode ocorrer se um dos três eleitos renunciar, o que forçaria nova eleição. Futuro líder do PT, Sibá Machado (AC), descartou. "Já temos problemas demais", afirmou. 

O PT também perdeu peso nas comissões. O grupo de Cunha deve ficar com as comissões de Constituição e de Justiça e Finanças e Tributação, as principais, além de ter direito a mais uma escolha antes dos outros partidos. 

Nesses colegiados, o presidente também define a pauta de votações, podendo acelerar ou retardar a discussão de matérias importantes. 

Nas comissões são tratados, entre outros, pedidos de convocação de ministros e de explicações do governo. 

INVESTIGADOS
 
O novo comando da Câmara tem dois deputados investigados no STF (Supremo Tribunal Federal): o vice-presidente Waldir Maranhão (PP-MA) e o primeiro-secretário, Beto Mansur (PRB-SP). 

Maranhão foi flagrado em ligações suspeitas com integrantes do esquema de lavagem de dinheiro e desvio de recursos de fundos de pensão investigado na operação Miqueias, da Polícia Federal. 

Mansur já foi condenado pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) a pagar indenização de R$ 200 mil por dano moral coletivo. 

A punição ocorreu, de acordo com o processo, em razão da constatação de trabalho escravo e de trabalho infantil em uma fazenda do parlamentar na cidade de Bonópolis, em Goiás. 

Na época, o deputado federal negou que houve trabalho escravo. O caso também é analisado no STF.



Dilma e PT viram alvo em festa de Cunha com baixo clero

“Foi um fracasso retumbante do time do Freddie Mercury e do Pepe Legal”, dizia aos risos um cacique do PMDB na mansão do Lago Sul, em Brasília, que recebeu a festa da vitória de Eduardo Cunha (RJ) na eleição para a presidência da Câmara. O esporte preferido dos peemedebistas na noite de domingo (1) foi fazer piada com a articulação política de Dilma Rousseff.

Os alvos eram os dois principais ministros da cozinha do Palácio do Planalto, que trabalharam pela candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP) –segundo colocado, com quase metade dos votos de Cunha. Aloizio Mercadante (Casa Civil) era Freddie Mercury, vocalista bigodudo da banda Queen. Pepe Vargas (Relações Institucionais) virou Pepe Legal, desenho animado que estrelava um cavalo atrapalhado, que às vezes atirava no próprio pé.

O novo presidente da Câmara foi saudado por colegas de legenda e outros aliados, mas Michel Temer (PMDB) não apareceu. “Achamos que não era o momento”, disse um amigo do vice-presidente, em referência à rusga entre Cunha e o poder Executivo.

Mas cinco dirigentes de partidos estiveram por lá, quase todos pequenos. Os maiores caciques eram Marcos Pereira, do PRB de 21 deputados e do Ministério do Esporte, e Pastor Everaldo, comandante dos 12 parlamentares do PSC. Coincidência ou não, ambos são líderes evangélicos –assim como Cunha.

Everaldo se sentou em uma mesa perto da família de Cunha. No fundo do salão, estavam Levy Fidelix (PRTB), Daniel Tourinho (PTC) e Renata Abreu (PTN). As três siglas têm, juntas, sete deputados na Câmara.

Enquanto circulava, o presidente da Câmara dedicou um bom tempo às queixas dos partidos nanicos. Copo de uísque na mão direita, Levy Fidelix vociferava contra o também diminuto PT do B, o ausente Luis Tibé.

“Ele é traíra! Queria f… a gente, vá pra China! A gente queria fazer um grupo para apoiar o Eduardo e ele tentou vender a gente pro governo em troca de carguinho!”, reclamava o ex-presidenciável.

Fidelix carregava no bolso do paletó um documento que provava que ele havia tentado aderir à candidatura de Cunha. O presidente do PRTB quer formar um bloco com outros partidos nanicos e conquistar o comando de uma comissão da Câmara.

No jardim, dois tucanos ficaram a noite toda em silêncio –duas aves de bico amarelo, presas em uma gaiola. Aécio Neves e seus correligionários nem chegaram perto da festa, apesar de dirigentes do PSDB terem comemorado a vitória de Cunha como gol em Copa do Mundo.
“É o início do fim do ciclo do PT”, disparava o deputado Danilo Forte (CE), candidato a líder do PMDB.

“O Pepe achou que era o cozinheiro do Congresso, mas vai ter que servir cafezinho”, disse outro peemedebista. “A grife do PT não anda muito vendável na praça”, completou um cacique.

Cunha adotava um ar republicano. “Eu não impus derrota nenhuma ao governo. Foram eles que se derrotaram”, afirmou.

Até o início da madrugada, o presidente dizia não saber se o Palácio do Planalto havia telefonado para comentar o resultado da eleição. “Fiquei sem bateria no celular. Não sei se alguém ligou.” Arlindo Chinaglia o procurou por volta das 22h. Telefonou para o gabinete, que transferiu a ligação para o celular do motorista de Cunha.

Depois de circular pelo salão por mais de uma hora, o novo presidente só conseguiu jantar à meia-noite. Dono da festa, não precisou pegar a fila: por trás da mesa do bufê, pediu que lhe servissem um pouco de talharim com tiras de filé mignon. “Eu vou tomar um vinhozinho, mas ali na mesa”, avisou ao garçom, que correu para providenciar uma taça de tinto.

Nem assim conseguiu jantar em paz. Enquanto comia com a família, ouvia cochichos de Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-ministro de Lula, que se sentou na cadeira ao lado e se curvava para falar em seu ouvido.

Cunha foi embora depois de 1h da manhã. Às 10h, teria seu primeiro compromisso institucional como chefe de poder, ao lado de Ricardo Lewandowski na abertura do ano judiciário no Supremo Tribunal Federal.


 Tô começando a gostar dessa "dança"

Análise: Dilma terá Casa ressentida e desafeto com série de desafios

A humilhação sofrida pelo governo na eleição da Câmara não poderia ser maior. 


Derrota em primeiro turno com o terceiro colocado nos calcanhares de Arlindo Chinaglia, traição aberta de aliados e, cereja do bolo, ausência do PT na composição da Mesa da Casa. Uma rejeição além da esperada pelo mais pessimista dos governistas. 


Agora, o governo que temia ver uma Câmara tocada por um Eduardo Cunha em modo solerte terá de lidar com uma Casa ressentida com o Planalto e um presidente com sangue nos olhos.


Foi o custo da estratégia gestada na Casa Civil de Aloizio Mercadante e operada pelo aparelho da Democracia Socialista instalado na articulação política do Planalto. 


O governo optou pelo tudo ou nada contra Eduardo Cunha, um desafeto pessoal da presidente. Ganhou em troca mais dificuldade para tocar sua agenda legislativa em ano de duro ajuste fiscal. 


E pior: o risco de ouvir a palavra impeachment a cada momento de agravamento de uma das várias crises que rondam Dilma Rousseff. 


Não é o caso de subestimar as armas que o governo tem para conter cenários mais trágicos. Emendas parlamentares, cargos, todo o arsenal fisiológico está aí para uso. Só ficou mais caro –e arriscado. 


Por fim, se certamente está irritado com a campanha violenta do Planalto contra sua candidatura, Eduardo Cunha não é um carbonário. 


Está cacifado para impor seu ritmo de trabalho, o que é apontado por adversários como algo perigoso para o país, mas tenderá a compor com o governo para exercer seu poder com tranquilidade. 


Cunha terá desafios. Deverá dialogar com o PT e com uma oposição mais ativa (a votação de Júlio Delgado foi significativa), mas principalmente com a nova base encarnada nas forças aglutinadas por Gilberto Kassab. 


Alivia também para o governo saber que Renan Calheiros suou frio, mas permaneceu na cadeira no Senado, servindo de contraponto a iniciativas incômodas da Câmara. Seguirá assim, exceto que venha a ser abatido pela Operação Lava Jato.

Editoria de Arte/Folhapress

FOLHA



01 fevereiro, 2015

Em seu primeiro discurso, Cunha já anuncia projeto incômodo ao Planalto


Congresso Nacional


Em seu primeiro discurso como presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) já anunciou que colocará em votação, assim que possível, o projeto que obriga o governo federal a liberar verbas para as emendas que os congressistas fazem ao Orçamento. 

Eleito na noite deste domingo (1) por 267 votos contra 136 do petista Arlindo Chinaglia (SP), Cunha é mal visto pelo Palácio do Planalto, que tentou nas últimas semanas derrubar a sua candidatura. 

A proposta de emenda à Constituição chamada de "orçamento impositivo" ainda precisa de ser votada em segundo turno pela Câmara. 

Em sua fala após a vitória, que foi comemorada com fogos de artifício na Esplanada dos Ministérios, Cunha manifestou incômodo pela interferência do governo federal na disputa. 


Pedro Ladeira/Folhapress
Sessão plenária para eleição do presidente da Câmara dos Deputados. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi eleito no primeiro turno
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), novo presidente da Câmara, na sessão que abriu a Legislatura 

"Assistimos à tentativa de interferência do governo, mas o parlamento, por sua independência, sabe reagir. E ele soube reagir pelo voto", afirmou. Ele ressaltou, entretanto, que não haverá sequelas na relação. "Nunca, em nenhum momento, disse que faria uma gestão de oposição", discursou. 

Nas últimas semanas, o governo mobilizou ministros em favor de Chinaglia, o que incluiu promessas de cargos e ameaças de retaliação em casos de traição. 

Mas a operação fracassou, já que Chinaglia obteve menos votos do que o total de deputados que compunham os partidos que o apoiavam oficialmente. Enquanto essas siglas somam 160 cadeiras, Chinaglia teve apenas 136 votos. 

Ainda em sua fala, Cunha prometeu priorizar a reforma política e o pacto federativo, sem entrar em detalhes. O peemedebista, que substitui o colega de partido Henrique Eduardo Alves (RN), já se declarou favorável a uma nova CPI para investigar o escândalo da Petrobras. 

 

Eduardo Cunha ganhou 49 votos com traições; Arlindo Chinaglia perdeu 44


Pedro Ladeira/Folhapress
Eduardo Cunha comemora vitória em 1º turno na eleição para presidente da Câmara

O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), eleito neste domingo (1º.fev.2015) presidente da Câmara dos Deputados, em 1º turno, foi largamente beneficiado por traições de partidos que integram a base governista.

Cunha tinha o apoio oficial de 218 deputados, do PMDB, PP, PTB, DEM, PRB, SD, PSC, PHS, PTN, PMN, PRP, PEN, PSDC e PRTB. Nas urnas, encaçapou 49 votos a mais e recebeu o apoio de 267 deputados. O peemedebista obteve 10 votos a mais do que precisava para vencer em 1º turno.

Arlindo Chinaglia (PT-SP), candidato do governo, enfrentou o amargor da outra ponta da traição. Tinha o apoio oficial de 180 deputados, do PT, PR, PSD, PDT, PROS e PC do B. Acabou com 136, 44 votos a menos do que esperava.

Cunha já havia dito que seria beneficiado pelo voto secreto na eleição para presidente da Câmara.

Na tabela abaixo, os apoios oficiais de cada candidato e o resultado final da votação:

tabela3

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), apoiado por PSB, PSDB, PPS e PV, teve votação próxima da esperada. Foi escolhido por 100 deputados, 6 a menos do que a sua bancada oficial.

O candidato do PSOL, Chico Alencar (PSOL), teve 8 votos, 3 a mais do que a bancada de 5 deputados de seu partido.

O PDT perdeu, por 3 minutos, o prazo regimental para registrar seu apoio à candidatura de Chinaglia, mas o líder do partido na Câmara, André Figueiredo (CE), afirmou ao Blog que a posição oficial da legenda era de apoio ao petista.

O blog do Fernando Rodrigues  está no  

Fernando Rodrigues: Derrota na Câmara é demonstração de amadorismo do PT

O blogueiro do UOL Fernando Rodrigues diz que a eleição em primeiro turno do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para presidir a Câmara representa uma "demonstração de tremendo amadorismo do PT". Assista à análise e leia mais sobre a eleição na Câmara em UOL Notícias.

Josias: Vitória de Cunha é vexame para início do segundo mandato de Dilma

O blogueiro do UOL Josias de Souza avalia que a vitória do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na disputa pela presidência da Câmara desce à crônica política de Brasília como um dos maiores vexames que um presidente da República já sofreu em início de mandato. Leia mais

Planalto sofre derrota e vê Câmara parar na mão de aliado incômodo




O governo Dilma Rousseff sofreu uma derrota histórica na noite deste domingo (1º) com a eleição em primeiro turno do peemedebista Eduardo Cunha (RJ), 56, para a presidência da Câmara dos Deputados. 


Considerado um aliado pouco confiável, já que liderou rebelião no Legislativo contra Dilma em 2014, Cunha bateu o petista Arlindo Chinaglia (SP), nome bancado pelo Planalto, por 267 votos contra 136. 


Horas antes da votação, petistas e integrantes do Palácio do Planalto já haviam "jogado a toalha" e buscavam culpados pelo vexame. O resultado deste domingo explicita o racha na base do governo e expõe a presidente à realidade de que não tem controle sobre sua base de apoio, já que não evitou o fracasso nem com a mobilização em massa de ministros nos últimos dias. 


Outros 100 deputados votaram em Júlio Delgado (PSB-MG) e 8, em Chico Alencar (PSOL-RJ). Houve dois votos em branco. 


A votação foi secreta. Entre apoiadores de Cunha e de Chinaglia houve consenso de que PR, PSD e PDT lideraram as traições de governistas em prol da candidatura do peemedebista.

Apesar de adotar um discurso de que não fará uma gestão de oposição ao governo, Cunha emerge neste domingo como uma das principais dores de cabeça para o Planalto, já que tem poderes, entre outros, para dar seguimentos a CPIs incômodas para o governo e até a eventual processo de impeachment contra a presidente da República. 


O peemedebista já declarou, por exemplo, que irá apoiar a instalação de uma nova CPI para apurar o escândalo de corrupção na Petrobras.



"Buscaremos a altivez e a independência do parlamento, independência essa que não quer dizer oposição, mas que também não quer dizer submissão. (...) Não há possibilidade de que eu vá exercer uma gestão de oposição, mas também ninguém vai me ver se curvar ou ser submisso a qualquer coisa que não seja a vontade da maioria desta Casa", afirmou Cunha em seu discurso antes da votação. 


O cenário governista se agrava mais pelo fato de o Planalto ter mobilizado ministros e aliados nas últimas semanas para tentar dinamitar a candidatura de Cunha, o que possivelmente acarretará em sequelas na relação. 


Em seu discurso no plenário da Câmara, o novo presidente da Câmara sublinhou esse mal estar. Disse que foi tratado não como adversário, mas como inimigo pelo PT. Ele defendeu ainda que não haja hegemonia de um partido no comando do Executivo e do Legislativo. "É bom para a sociedade e para o parlamento que esse poder seja distribuído." 


A última vez em que o governo sofreu derrota semelhante na Câmara foi na surpreendente eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência da Casa, em 2005, na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, o deputado do PP acabou se beneficiando de um racha dentro do próprio PT, que lançou dois candidatos. 


ROUPA SUJA
 

Cunha conseguiu reunir em torno de si o apoio oficial de partidos que somam 218 deputados. Chinaglia formalizou um bloco com apenas 160 cadeiras.

Parte do PT aponta o dedo para o novo ministro das Relações Institucionais de Dilma, o deputado Pepe Vargas (RS), que teria deixado muito explícita a intervenção do governo pró-Chinaglia. 


Outros reclamavam do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), que chamou pra si a responsabilidade de avalizar indicados para cargos federais, o que irritou partidos aliados.

Uma avaliação, porém, era quase unânime: a falta de interlocução de Dilma com congressistas e as ameaças de retaliação do governo como forma de buscar votos para Chinaglia contribuíram para o clima de insatisfação dos partidos com o Planalto. 


Um dos exemplos de desacerto ficou evidente neste domingo. Tendo declarado apoio a Chinaglia, o PDT acabou ficando de fora do bloco petista porque não entregou no prazo as assinaturas suficientes. Dentro do PT, porém, a avaliação geral é a de que não houve um mero descuido burocrático, mas sim uma ação pensada para fortalecer a candidatura de Cunha. 


Petistas afirmam que o partido do ex-governador Leonel Brizola (1922-1924) negociou com o PMDB nos bastidores a defecção com a promessa de assumir a Comissão de Trabalho da Câmara na gestão de Cunha. 


LAVA JATO
 

Iniciando seu quarto mandato na Câmara dos Deputados, Cunha exercerá o mandato na presidência da Câmara até janeiro de 2017, sucedendo o também peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN). 


O novo presidente da Câmara deverá ser alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal no caso da Operação Lava Jato, que apura o esquema de corrupção na Petrobras. O pedido, conforme a Folha revelou, partirá da Procuradoria-Geral da República. O peemedebista nega qualquer relação com o caso. 

Anti-candidato da disputa, Chico Alencar foi o único a citar a Lava Jato em sua fala. Parodiando o Manifesto Comunista, ele lembrou que as investigações, que devem envolver congressistas, são o "espectro" que ronda o Congresso. 


Até que enfim, uma boa notícia>

Eduardo Cunha é eleito presidente da Câmara dos Deputados

Desafeto do Palácio do Planalto, o deputado federal Eduardo Cunha foi eleito presidente da Câmara dos Deputados na tarde deste domingo (1). Ele teve o voto de 267 dos 513 deputados e derrotou os outros três concorrentes: Arlindo Chinaglia (PT-SP), que teve 136 votos, Júlio Delgado (PSB-MG), que teve 100 votos, e Chico Alencar (PSOL-RJ), que teve 8. Conhecido por suas críticas ao governo, a vitória de Cunha era temida por integrantes do Planalto.

A candidatura de Eduardo Cunha à presidência da Câmara dos Deputados foi uma das mais conturbadas entre as quatro concorrentes ao cargo. Apesar de pertencer à base que ajudou a eleger a presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014, Eduardo Cunha não poupou críticas ao governo e à forma como o Planalto se relaciona com a Câmara dos Deputados.

Entre as declarações polêmicas de Cunha ao longo da disputa, uma das primeiras foi sua análise sobre o comportamento da bancada do PMDB em relação ao governo. Segundo ele, a bancada do PMDB não seria uma aliada automática do Palácio do Planalto.

Depois de oficializar sua candidatura, ele partiu para o ataque e criticou duramente a gestão do seu principal adversário, o petista Arlindo Chinaglia. Segundo Cunha,a gestão de Chinaglia como presidente da Câmara, entre 2007 e 2009, foi "medíocre"

Cunha também mirou no governo e nas supostas interferências que o Palácio do Planalto fez a favor de Chinaglia. Em tom de ameaça, Cunha chegou a dizer que se o governo interferisse contra a candidatura do PMDB, as "sequelas seriam graves"

Independentemente das polêmicas, a eleição de Cunha à presidência da Câmara coroa a trajetória do ex-líder do PMDB na Casa.

Eduardo Cunha é economista formado pela Universidade Cândido Mendes e radialista. Foi presidente da Telerj (antiga estatal de telefonia do Rio de Janeiro) entre 1991 e 1993. Em 1999, foi subsecretário da Cehab (Companhia Estadual de Habitação) em 1999 e titular da pasta entre 1999 e 2000.

Em 2000, Cunha se licenciou do cargo após denúncias de irregularidades supostamente cometidas por ele virem à tona. Em dezembro, o STJ arquivou, por prescrição de prazo, o processo por improbidade administrativa e superfaturamento.

Em 2002, foi eleito deputado federal, cargo para o qual foi reeleito em 2006, 2010 e 2014. Em 2014, foi o terceiro deputado federal mais bem votado do Rio de Janeiro, com 232.708 votos, ficando atrás apenas de Clarissa Garotinho (PR-RJ) e Jair Bolsonaro (PP-RJ).

Nos próximos meses, Cunha deverá passar por uma importante "prova de fogo". A PGR (Procuradoria Geral da República) deverá enviar ao STF (Supremo Tribunal Federal) a ação penal contra políticos envolvidos no esquema de desvio de recursos da Petrobras investigados pela operação Lava Jato.

Em janeiro, reportagens indicavam que, segundo depoimento do policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, preso durante a operação Lava Jato, Cunha teria recebido propina oriunda do esquema. 

Dias depois, os advogados do doleiro Alberto Youssef, apontado como operador do esquema e a quem Jayme seria ligado, afirmaram que Youssef e Cunha não tinham qualquer relacionamento. Cunha alegou que as reportagens eram uma tentativa de fragilizar sua candidatura. 

As principais promessas de campanha de Eduardo Cunha durante sua candidatura são: construir mais um prédio anexo ao Congresso para acomodar deputados e assessores, implementar o orçamento impositivo e equiparar os salários dos parlamentares aos dos ministros do STF.


Derrota significativa para o maldito PT 
  Alan Marques/Folhapress
Por enquanto já está de bom tamanho!!!