Operação foi batizada de Cobra e cumpre três mandados de prisão temporária e 11 de busca e apreensão.
O ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine foi
preso na 42ª fase da Operação Lava Jato deflagrada pela Polícia Federal
(PF) na manhã desta quinta-feira (27) no Distrito Federal, Pernambuco,
Rio de Janeiro e São Paulo. Bendine foi preso em Sorocaba.
Um representante de Bendine – o publicitário André Gustavo Vieira da Silva – também é um dos alvos de prisão.
A atual fase foi batizada de Cobra e cumpre três mandados de prisão
temporária e 11 de busca e apreensão. A prisão temporária tem prazo de
cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo ou convertida para
preventiva, que é quando o investigado não tem prazo para deixar a
prisão.
Segundo depoimento de delação feito por Marcelo Odebrecht e Fernando
Reis, Bendine solicitou e recebeu R$ 3 milhões para auxiliar a
empreiteira em negócios com a Petrobras. Conforme os delatores, o
dinheiro foi pago em espécie através de um intermediário.
A nova fase também mira operadores financeiros suspeitos de
operacionalizarem o recebimento dos R$ 3 milhões. Aparentemente, de
acordo com a PF, estes pagamentos somente foram interrompidos com a
prisão de Marcelo Odebrecht.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), há evidências indicando
que, numa primeira oportunidade, um pedido de propina no valor de R$ 17
milhões foi realizado por Aldemir Bedine à época em que era presidente
do Banco do Brasil, para viabilizar a rolagem de dívida de um
financiamento da Odebrecht AgroIndustrial.
"Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, executivos da Odebrecht que
celebraram acordo de colaboração premiada com o Ministério Público,
teriam negado o pedido de solicitação de propina porque entenderam que
Bendine não tinha capacidade de influenciar no contrato de financiamento
do Banco do Brasil", disseram os procuradores.
Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Investigações
Em 2015, Bendine era braço direito da então presidente Dilma Rousseff. E
deixou o banco com a missão de acabar com a corrupção na petroleira,
alvo da Lava Jato. Mas, segundo os delatores, ele já cobrava propina no
Banco do Brasil, e continuou cobrando na Petrobras.
O pedido de propina, segundo os delatores, foi feito em 2014, quando
Aldemir Bendine era presidente do Banco do Brasil. Na delação de
Fernando Reis, o ex-executivo da Odebrecht conta que foi procurado por
um representante de Bendine, o publicitário André Gustavo Vieira da
Silva, com uma queixa sobre o ministro da Fazenda Guido Mantega.
O nome da operação
O nome da operação é uma referência ao codinome dado ao principal
investigado nas tabelas de pagamentos de propinas apreendidas no chamado
Setor de Operações Estruturadas da Odrebrecht durante a 23ª fase da
operação.
Penúltima fase
A 41ª fase da operação foi batizada de "Poço Seco", em maio deste ano.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o ex-gerente da
Petrobras Pedro Augusto Cortes Xavier Bastos e o ex-banqueiro José
Augusto Ferreira dos Santos, além de outras cinco pessoas são suspeitos
de terem recebido pagamentos ilícitos, entre 2011 e 2014, que
totalizaram mais de US$ 7 milhões.
Em junho, o juiz Sérgio Moro aceitou a denúncia do MPF contra Pedro
Xavier. Ele é réu no processo e responde pelos crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro.
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