30 março, 2014

Barbosa repudia matéria da revista 'Época': grave desvio de ética jornalística

 O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, enviou carta à revista Época repudiando a publicação da matéria com o título "Não serei candidato a presidente", divulgada na edição nº 823. Segundo Barbosa, a matéria traz em si um grave desvio de ética jornalística, com artifícios e subterfúgios utilizados pelo repórter, que solicitou à Secretaria de Comunicação do STF para ser recebido pelo ministro, apenas para cumprimentos e apresentação.

"Fora o condenável método de abordagem, o texto é repleto de erros factuais, construções imaginárias e preconceituosas, além de sérias acusações contra a minha pessoa", diz a carta enviada por Barbosa à revista.

Confira a carta na íntegra:

Sr. Diretor de Redação,

A matéria "Não serei candidato a presidente" divulgada na edição nº 823 dessa revista traz em si um grave desvio da ética jornalística. Refiro-me a artifícios e subterfúgios utilizados pelo repórter, que solicitou à Secretaria de Comunicação Social do Supremo Tribunal Federal para ser recebido por mim apenas para cumprimentos e apresentação. Recebi-o por pouco mais de dez minutos e com ele não conversei nada além de trivialidades, já que o objetivo estabelecido, de comum acordo, não era a concessão de uma entrevista. Era uma visita de cunho institucional do Diretor da Sucursal de Brasília da Revista Época. Fora o condenável método de abordagem, o texto é repleto de erros factuais, construções imaginárias e preconceituosas, além de sérias acusações contra a minha pessoa.

A matéria é quase toda construída em torno de um crasso erro factual. O texto afirma que conheci o ministro Celso de Mello na década de 90, e que este último teria escrito o prefácio do meu livro "Ação Afirmativa e princípio Constitucional da Igualdade". Conheci o ministro Celso de Mello em 2003, ano em que ingressei no STF. Não é dele o prefácio da obra que publiquei em 2001, mas sim do já falecido professor de direito internacional Celso Duvivier de Albuquerque Melo,que de fato conheci nos anos 90 e foi meu colega no Departamento de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Mais grave, porém, é a acusação de que teria manipulado uma votação,impedindo deliberadamente que um ministro do STF se manifestasse. O objetivo seria submeter o ministro a pressões da "mídia" e de "populares". Isso não é verdade. Ofensiva para qualquer cidadão, a afirmação ganha contornos ainda mais graves quando associada ao Chefe do Poder Judiciário. Portanto, antes de publicar informação dessa natureza, o repórter tinha a obrigação de tentar ouvir-me sobre o assunto, o que pouparia a revista de publicar informação incorreta sobre minha atuação à frente da Corte.

No campo pessoal, as inverdades narradas na matéria são ainda mais ofensivas e revelam total desconhecimento sobre a minha biografia. Minha mãe nunca foi faxineira. Ela sempre trabalhou no lar, tendo se dedicado especialmente ao cuidado e à educação dos filhos. O texto,que me classifica como taciturno, áspero, grosseiro, não apresenta fundamentos para essas afirmações que, além de deselegantes, refletem apenas a visão distorcida e preconceituosa do repórter. O autor da matéria não apresenta elementos que sustentem os adjetivos gratuitos que utiliza.

Também desrespeitosa é a menção aos meus problemas de saúde. Ao afirmar que a dor causou "angústia e raiva", o jornalista traçou um perfil psicológico sem apresentar os elementos que lhe permitiram avaliar o impacto de um problema de saúde em uma pessoa com a qual ele nunca havia sequer conversado.

Outra falha do texto é a referência à teoria do "domínio do fato". Em nenhum momento a teoria foi evocada por mim para justificar a condenação dos réus no julgamento da Ação Penal 470. Basta uma rápida leitura do meu voto para verificar esse fato.

Finalmente, não tenho definição com relação ao momento de minha saída do Supremo e de minha aposentadoria. Muito menos está definido o que farei depois dessa data, embora a matéria tenha afirmado - sem que o jornalista tenha sequer tentado entrevistar-me sobre o tema - que irei dedicar-me ao combate ao racismo. Triste exemplo de jornalismo especulativo e de má-fé.

Joaquim Barbosa

Presidente do Supremo Tribunal Federal



3 comentários:

  1. EU SE FOSSE O MINISTRO JOAQUIM BARBOSA ; APRESENTARIA UMA REPRESENTAÇÃO OU UM PROCESSO CONTRA O DESRESPEITOSO E "SAFADO REPÓRTER" E A REFERIDA REVISTA POR CALÚNIA ; DIFAMAÇÃO E INJÚRIA . E O NOBRE MINISTRO TERIA COMO GANHA A QUESTÃO APRESENTADA INDEVIDAMENTE PELO REPÓRTER ABELHUDO . INCOMPETENTE E MALDOSO . QUE IRRESPONSABILIDADE . A CREDITO QUE A REVISTA SE NÃO FOR LEVIANA EXPURGARÁ O TAL REPORTER E QUEM NÃO RELEU O QUE ELE REPÓRTER TERIA ESCRITO . QUE BAIXARIA .!!!!!

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  2. Acredito que Sua Excelencia saiba melhor do que ninguém que caminhos tomar para que o malfeitor seja punido e o Ministro obtenha as reparações devidas pelos diversos danos sofridos. E vejo, presente a vítima do feroz ataque, que ninguém nesta republiqueta de bananas -- como sempre diz o caro Heleno Nobre, este "bananão" -- escapa da sanha desses midiáticos malévolos.

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  3. O reporter que fez a reportagem era da Veja, o Diego Escosteguy. Em 15 minutos de conversa ele montou uma história completamente mentirosa. Como a vitima foi o Joaquim Barbosa, publicaram sua reclamação imediatamente. É assim que manipulam os fatos no Brasil. Esse é um exemplo de que o famoso PIG existe e agem impunemente. Já deixei de ler jornais, revistas, radio e tv. Se assisto, não acredito, e a verdade procuro na internet. Bom post, colega.
    José Mario Austregesilo

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