Raquel Cunha - 31.out.2016/Folhapress
A advogada Rosângela Wolff Moro, mulher do juiz Sergio Moro, em evento em São Paulo |
A advogada Rosângela Wolff Moro, mulher do juiz Sergio Moro, disse à
revista "Cláudia" que foi às lágrimas ao ver o marido ser homenageado
nos protestos contra a corrupção pelo país, e que foi ali que "a ficha
caiu".
"Pensei: 'Nossa, tenho em casa uma das engrenagens que está mudando o
país'", disse. "A população quer ver o Brasil se livrar da crise e
voltar a crescer. Eu também. Quando a multidão gritou: 'Moooooooro!',
postei: '#Emocionada'", afirmou.
A revista feminina fez um ensaio fotográfico com a advogada de 42 anos
—agora, defensora de Moro na reclamação que o ex-presidente Lula moveu
contra ele.
Ao longo da entrevista, ela rebateu a crítica de que o magistrado, à frente da Operação Lava Jato, seja um "juiz-estrela".
"Alguns o personificam como herói. Em casa não tem isso", disse. "Ele
está apenas cumprindo seu trabalho [...] e incentivou outros magistrados
a mostrar que o Judiciário pode ser forte."
Dizendo-se "desconfortável" de início com a exposição da família depois
da investigação, ela afirmou que, com o tempo, entendeu que a operação
era "muito maior que ela" e que não conseguiria se dissociar do tema.
Para ela, ninguém é obrigado a concordar com a operação e "críticas
ajudam a crescer".
Mas reclamou de determinados comentários —como os que criticam as postagens que ela faz numa página do Facebook, "Eu MORO com ele", em homenagem ao marido.
"Qualquer coisa que diga respeito a ele passou a chamar a atenção",
afirmou. "Quando vamos a uma festa, é para chamar a atenção? Para sair
na coluna social? Devemos então nos privar de fazer o que pretendemos?
Deixaremos de ir a algum evento porque a mídia irá divulgar? Aí, sim, a
Lava Jato passaria a entrar na minha família".
A advogada disse gastar uma hora com a página por dia, parte do tempo
apagando comentários com "ofensas que passam do limite", com a ajuda de
uma amiga.
A foto do juiz aos risos com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), citado em delações da Lava Jato, foi "divulgada de uma maneira infeliz", segundo ela.
A algumas perguntas, como sobre a atuação da ministra Cármen Lúcia no
STF (Supremo Tribunal Federal), planos de um sabático de Moro fora do
país ou ameaças de morte à família, a advogada respondia com "Eu passo".
Ela voltou a negar planos do juiz numa eventual carreira política: "Chance zero. Nasceu para ser juiz".
Defendeu o aborto até o terceiro mês, como autorizou decisão recente do
STF, e direitos iguais para homens e mulheres, mas disse não gostar de
"radicalismo".
"Não concordo com cotas [para mulheres no ministério, por exemplo]. Acredito mais na capacidade técnica para a tarefa", afirmou.
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